Você
sabia?
No Brasil, diz-se que São Jorge habita a lua.
No Japão, diz-se que nela há um coelho socando
o arroz no pilão, para preparar o moti.
Costuma-se preparar o moti nos dias 28 e 30, pois o dia 29 (nijuuku),
pelo som da palavra, é associado ao sofrimento (ku).
Os instrumentos utilizados no preparo do moti, o usu (pilão)
e o kine (a mão de almofariz), eram considerados sagrados.
Nas casas das famílias camponesas, esses objetos eram
colocados junto à coluna principal, no espaço
de chão de terra batida chamado doma. Quando se construía
uma nova casa, esses eram os primeiros objetos colocados em
seu interior e, em caso de incêndio, os primeiros a serem
retirados.
Kagamimochi
A forma de arranjar esses dois motis, um grande e um pequeno,
arredondados e achatados, difere de região para região.
O mais comum é colocá-lo sobre o sanpoo (pintura
retratando os três elementos sagrados do budismo: o Buda,
as sutras e o bonzo), ou sobre uma bandeja coberta com o hooshogami
(um sofisticado papel japonês), ou sobre o hanshi (papel
usado para a caligrafia artística, medindo cerca de 24
cm x 34 cm), com folhas de samambaia, folhas de yuzuri (planta
típica da Ásia) que simboliza a continuidade
da sorte familiar , e a alga konbu, que remete à
palavra yorokobu: alegrar-se. Os dois kagamimochi são
sobrepostos e, no alto, coloca-se a laranja daidai (Citrus auratium),
que é associada à palavra homófona daidai,
cujo significado é de geração em
geração, no intuito de desejar a continuidade
da linhagem. Há ainda arranjos luxuosos que fazem uso
de lagostas, lulas e leques, que simbolizam a expansão.
O
formato arredondado do kagamimochi representa o espírito
das divindades e corresponde também ao formato do espelho,
que, na Antiguidade, era um objeto valioso e estimado pelo fato
de refletir a verdade. O kagamimochi deve ser montado antes
do dia 30 de dezembro. Quando é feito apenas no dia 31,
recebe o nome de ichiyakazari (decoração de uma
noite), sendo considerado de mau agouro.