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Arquivo
NippoBrasil - Edição 259 - 26 maio a 1 de junho
de 2004
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Sashimi
- Segunda parte
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(Foto:
Arquivo/NB)
Os
atores principais do sashimi: o atum e o pargo
Hoje,
quando falamos de sashimi, logo nos lembramos dos filés
vermelhos do atum, ou o toro (considerada a parte mais nobre do
atum). Entretanto, durante muito tempo, no Japão, esta
carne não era tão apreciada assim. Isso porque a
carne do atum é extremamente sensível e, ao ser
congelada, logo escurece, tornando-se desagradável aos
olhos. Somente após o aperfeiçoamento das técnicas
de congelamento do peixe é que foi possível congelá-lo
sem alterar a cor vermelha original. Mesmo com estes avanços,
até o final da Era Edo (1600~1867), a carne de atum não
era servida às pessoas mais importantes do Japão,
nem em ocasiões festivas. Somente no início da Era
Showa (1925~1989), o toro começou a ser apreciado e após
a 2ª Guerra Mundial é que ela passou a ser considerada
de primeira qualidade, como a conhecemos atualmente.
Ao
lado do atum, aparece o pargo (tai, em japonês), que é
um peixe de carne branca. Esta carne consegue conciliar o sabor
e a beleza de sua cor e, por isso, é apreciada pelos japoneses.
É comum servir o pargo em festas. Na língua japonesa,
pode-se até fazer trocadilhos com a palavra tai. Diz-se
que, em ocasiões medetai (festivas), serve-se o tai (pargo).
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E
o salmão?
O salmão surgiu como substituto do toro (parte
nobre do atum), que atualmente é considerado um artigo
de luxo. Por ser uma carne tão nutritiva quanto a
do atum, sua apreciação e aceitação
é crescente. No entanto, o salmão pescado no Japão
não é ideal para ser consumido cru, devido à
presença do parasita anisakiasis, assim, até há
pouco tempo, o sashimi de salmão não era servido
nos restaurantes.
Atualmente,
com a importação do salmão proveniente da
Noruega, do Canadá, do Chile e da Austrália, que
não contém tal parasita, e também com o avanço
dos métodos de congelamento da carne do peixe que
matam o parasita , os japoneses aprenderam a saboreá-lo
como sashimi.
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Fugu
(baiacu)
O baiacu é um peixe que infla quando agredido e era utilizado
como alimento apenas no Japão. Até o início
da Era Meiji (1868-1912), o consumo do baiacu era proibido - ele
tem um veneno chamado tetrodontoxina que, ao ser ingerido, pode
levar à morte. No ano 21 da Era Meiji (1889), em uma de
suas visitas a Shimonoseki (Yamaguchi), foi oferecido ao então
primeiro-ministro, Hirobumi Ito, o baiacu, por falta de um outro
peixe que completasse o cardápio.
O primeiro-ministro,
impressionado com o sabor do baiacu, decidiu liberar o seu consumo.
Entretanto, somente os cozinheiros licenciados podem prepará-lo,
pois a toxina está presente no ovário, no fígado,
no intestino e na pele do peixe; com a retirada destes, o baiacu
é inofensivo. Atualmente, os cozinheiros licenciados têm
colocado no mercado o baiacu já limpo em filés,
tornando possível prepará-lo como sashimi (denominado
fugusashi) ou nabemono (denominado fuguchiri, caldeirada) por
qualquer um.
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Você
sabia?
Fuguchouchin
A pele e a cabeça do baiacu são aproveitadas
para criar uma lanterna chamada fuguchouchin.
Baiacus
criados em cativeiro estão livres da tetrodontoxina.
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As
facas ou hocho, em japonês
Bastante
detalhistas, os japoneses dão grande importância
para as facas, que são extremamente afiadas. Elas variam
de comprimento e largura, dependendo de sua finalidade. Normalmente,
a faca usada para cortar o sashimi é denominada yanagi-ba,
cuja lâmina mede de 26 a 28 cm e tem formato pontiagudo,
que lembra uma folha de salgueiro (yanagi, em japonês).
Existe também a faca chamada de tako-biki, que tem as mesmas
medidas, porém tem formato retangular e lâmina mais
fina. A primeira foi desenvolvida e predomina na região
de Kansai (Osaka, Quioto etc.), enquanto a segunda tem suas raízes
em Kanto (região de Tóquio e proximidades). Outros
utensílios indispensáveis para se preparar o sashimi
são o deba (faca para abrir e destrinchar o peixe), a pinça
para retirar as espinhas, o descamador e o moribashi (par de palitos
para pegar as fatias de peixe e montar o prato).
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