(Fotos:
Aliança Cultural Brasil-Japão | Arquivo NB)
Para
os japoneses, os protagonistas das festas de ano-novo (oshougatsu),
a celebração mais importante do ano, são:
o moti, o saquê, o ozouni (sopa de legumes com moti) e o
osechi ryouri (iguarias típicas de ano-novo). Os altares
domésticos xintoístas (kamidana) e budistas (butsudan),
assim como o tokonoma (espaço considerado sagrado das salas
e dos quartos japoneses) são ornamentados com o kagamimochi
(literalmente, moti em formato de espelho redondo).
Desde
tempos antigos, os japoneses, historicamente um povo agrícola,
tinham o costume de rogar às divindades boas colheitas
de seus principais cereais (gokoku houjou): arroz, trigo, soja,
painço, sorgo e milhete, no início de cada ano.
Estes rituais se firmaram como tradição na Era Muromachi,
no século XIV e, posteriormente, seu significado foi ampliado,
remetendo ao desejo de felicidade da família, da sociedade
e da nação.
A
história do moti
Foi
comprovado que as técnicas de cultivo de arroz foram introduzidas
no Japão já na Era Yayoi (300 a.C.300 d.C.).
Segundo a obra Kojiki (Registro de fatos antigos), da Era Nara,
século VIII, ofertava-se o kagamimochi no santuário
xintoísta de Ise. O kagamimochi também é
mencionado nos famosos Contos de Genji (Genji Monogatari), da
Era Heian (7941185). Os antigos japoneses, que acreditavam
que o fato de comer moti unia os espíritos dos cereais
e dos homens, utilizavam-no em diversos rituais e celebrações
ao longo do ano.
Para
preparar o moti, utiliza-se o motigome (arroz para moti, arroz
glutinoso) e, para o arroz comum, utiliza-se o uruchi (arroz não
glutinoso). Ambos têm 76% de amido em sua composição,
mas 100 g de moti contêm 235 kcal, enquanto a mesma quantidade
de arroz contém 148 kcal. Pelo seu alto índice calórico
e pela fácil digestão, sendo rapidamente absorvido
pelo organismo, diz-se que é recomendável que atletas
consumam o moti antes de competições.
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Você
sabia?
Os
principais tipos de moti
Existem
diversos tipos de moti consumidos ao longo do ano, segundo as
estações. Na primavera e no verão, temos:
sakuramochi, kashiwamochi, ohagi, kusamochi e hishimochi.
Sakuramochi
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Ohagi
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Sakuramochi bolinhos finos de arroz recheados
com uma pasta doce de feijão azuki (an), envoltos em
folhas de cerejeira conservadas em salmoura.
Kashiwamochi moti recheado com an envolto em folhas
de carvalho, consumidos no Dia das Crianças, em maio.
Kusamochi moti misturado com artemísia.
Pode ser coberto com kinako ou açúcar mascavo.
Hishimochi moti com formato de losango nas cores
vermelho, branco e verde, consumido no Festival das Bonecas
(Hinamatsuri).
Ohagi bolinhos de arroz cobertos com an, kinako
(farinha de soja torrada) ou gergelim, assim chamados por lembrarem
a delicadeza da flor de lespedeza (hagi)
No outono e no inverno, temos: tsukimi dango, botamochi, kagamimochi
e o ozouni.
Tsukimi dango bolinhos redondos de arroz glutinoso,
cozidos na água ou no vapor, servidos durante o tsukimi
(celebração ao luar em que se admira a beleza
da lua).
Botamochi doce semelhante ao ohagi, porém
maior. Recebe este nome por lembrar a peônia (botan, em
japonês).
Kagamimochi moti de ano-novo em formato de espelho
arredondado, no qual a peça menor é colocada sobre
a maior.
Ozouni Sopa de ano-novo. Feita com caldo mais
leve ou missoshiru acrescido de moti, verduras e algum tipo
de carne.
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