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Arquivo NippoBrasil - Edição 322 - 17 a 23 de agosto de 2005
 
• Era Meiji – parte 4
Trabalho e sociedade
Técnicas industriais e conhecimentos trazidos do Ocidente alavancaram a sociedade, mas tiveram um preço caro para os japoneses


OPRESSÃO - Operárias japonesas trabalhavam em regime de confinamento

 

Arquivo Jornal NippoBrasil

Visando ao mesmo poder das potências como Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, o governo Meiji contraiu uma grande dívida junto a esses países, introduziu suas tecnologias nas indústrias de base, como a siderúrgica e a têxtil, concentrando esforços na implantação de ferrovias, redes de comunicações e de transporte.

Os estrangeiros
Para transferir a tecnologia – nas áreas de cunhagem de moeda, construção e arquitetura, ferrovia e construção naval – e o conhecimento humanístico do Ocidente, no início da Era Meiji, inúmeros estrangeiros contratados com altos salários foram recebidos pelo Japão. Conhecidos como oyatoi gaikokujin, eles recebiam remunerações equivalentes à do primeiro-ministro e à dos demais ministros de estado.

Ao longo da Era Meiji (1868-1912), foram recebidos mais de 3 mil estrangeiros. Entre os anos 6 e 8 (1873 a 1875), o índice anual chegou a 500 estrangeiros. As figuras mais conhecidas dessa época são: nas belas artes, Ernest Francisco Fenollosa e Antonio Fontanesi; na zoologia, Edward Sylvester Morse; na medicina, Erwin von Balz; e na educação, William Smith Clark.

Na segunda metade da Era Meiji, predominou o ideal do wakon yoosai (espírito japonês e habilidade ocidental), segundo o qual a introdução da tecnologia e do conhecimento ocidentais deveriam ser feitas por pessoas com embasamento confucionista. Ou seja, o país deveria assimilar a arte, o conhecimento e a técnica do Ocidente, mantendo a moral oriental, aprofundando os ensinamentos de Confúcio.

A trágica história das operárias da fábrica de fiação de Tomioka
Os principais problemas enfrentados no estabelecimento da gigantesca fábrica de fiação na cidade de Tomioka, província de Gunma, eram o tijolo e o cimento. Como era impossível importar grandes quantidades de tijolos, utilizou-se a técnica de produção de telhas japonesas para substituí-los. Como na época não havia cimento, ele foi substituído por argamassa.

As molduras de ferro das janelas dependiam das importações. Para operar as máquinas de fiação, de fabricação francesa, foram contratadas mais de 300 operárias. Dizem que, no início, em sua maioria, elas eram filhas de famílias de guerreiros da Era Edo (1603-1867).

Na Era Meiji, a exportação de linhas de seda crua representava um terço do valor do comércio internacional. Por esta razão, nas fábricas de fiação de seda de várias partes, meninas de aproximadamente 13 anos constituíam sua força de trabalho, selecionadas com base num contrato de cinco a oito anos.

Para as famílias dos agricultores, era uma importante fonte de renda em espécie. Porém, duras jornadas de 12 a 14 horas, baixos salários, falta de higiene nos alojamentos e alimentação precária levaram ao adoecimento de muitas operárias. Dizem que, para impedir sua fuga, colocavam-se grades de ferro nas janelas dos quartos.

Aquelas mais produtivas, que em um ano conseguiam ganhar cem ienes (valor da época), compravam um tan de terras (um tan equivale a 991,7 m2, aproximadamente 10 alqueires) para suas famílias. Segundo registros do livro de não-ficção Nomugui toogue (Desfiladeiro Nomugui), as operárias atravessavam este desfiladeiro de 1.672 m, localizado em Hida (atual província de Gifu), percorrendo um caminho de 140 km até a fábrica em Suwa, província de Nagano. Quando retornavam para suas casas no final do ano, esse caminho íngreme se cobria de neve e muitas moças morriam.

Shozo Tanaka (1841-1913) e a primeira questão ambiental do Japão
O caso da poluição da mina de cobre de Ashio, no município de Kamitsuga, na província de Tochigi, refere-se à contaminação da nascente do Rio Watarase pelos resíduos da mina, afetando a pesca local. A mina de Ashio era explorada desde o início do século 17, mas seu desenvolvimento acelerou-se somente em 1877, com a administração do grupo empresarial Furukawa.


TANAKA - O primeiro a questionar a contaminação da mina de Ashio

Porém, a partir do ano seguinte, passaram a ocorrer enchentes – decorrentes dos desmatamentos realizados para o refino de cobre, que passou a dificultar o escoamento da água – que faziam com que os resíduos escorressem para o rio, matando os peixes, que passaram a cobrir sua superfície. Em 1880, foi decretada a proibição da pesca no Rio Watarase pelo governo da província de Tochigi.

Em 1891, o senador Shozo Tanaka, eleito pela província de Tochigi (na época apenas os contribuintes na faixa acima de 15 ienes anuais tinham direitos eleitorais e políticos), questionou pela primeira vez no Parlamento Imperial o caso da contaminação da mina de Ashio. Em 1897, cerca de 2 mil agricultores afetados pela poluição do rio foram a Tóquio para efetuar uma petição. O governo fez com que o grupo Furukawa realizasse obras para eliminar a poluição, mas os danos não diminuíram. Em fevereiro de 1900, houve um conflito entre a polícia e milhares de vítimas a caminho de Tóquio para requerer a petição.

Irado com o episódio, Shozo Tanaka renunciou ao cargo de parlamentar e entregou uma petição sobre o caso ao imperador. Tanaka foi tratado como louco, porém, sua atitude fez com que a opinião pública e os meios de comunicação da época pedissem ao governo sua rápida resolução.

Quando faleceu, em 1913, os pertences de Shozo Tanaka eram apenas um chapéu de sugue (junça, planta ciperácea) e uma sacola contendo a Constituição japonesa, a Bíblia e seu diário. Nascido numa família rica, ele doou toda a sua fortuna para o combate da questão ambiental do local. Além disso, deixou a marca de sua liderança e pioneirismo em movimentos pela democratização e publicação de jornais locais.

Os problemas ambientais continuaram, por exemplo, com a doença de Minamata, na década de 1970, e outras, causadas pela incapacidade de solução do binômio desenvolvimento econômico e preservação ambiental. Tornou-se evidente que as raízes desses problemas se encontram na política do governo Meiji, de construir uma nação rica e poderosa. Porém, existem atualmente tendências de avanço em políticas de preservação ambiental em escala global, como o acordo para o controle de emissão de CO2.

 
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