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Quando
Yoshimitsu, o terceiro xogum do clã Ashikaga, instalou-se
em Quioto, no início da Era Muromachi, o Japão conheceu
relativa paz e prosperidade, quebrados pela Revolta de Onin, que
promoveu o surgimento dos sengoku daimiôs, literalmente,
os senhores feudais dos países em guerra, que conquistaram
o poder através da força, levando o Japão
a mais de cem anos de intermináveis batalhas.
A
Revolta de Onin (1467~1477)
A sucessão ao trono de xogum (supremo comandante dos samurais)
foi o motivo da Revolta de Onin. Hino Tomiko (1440~1496), esposa
do oitavo xogum, Ashikaga Yoshimasa (1436~1490), queria que seu
filho Yoshihisa (1465~1489) fosse o ocupante do trono. Para isso,
ela pediu ajuda ao shugo daimiô (comandante de segurança
nacional) Yamana Mochitoyo, mais tarde, monge Sôzen (1404~1473).
No
entanto, Yoshimasa já havia designado seu irmão
Yoshimi (1439~1491) como seu sucessor, já que seu filho
primogênito havia falecido ainda criança, e o casal
não tinha filhos há mais de dez anos. Porém,
logo após Yoshimi ser designado sucessor, Tomiko engravidou
e deu à luz um menino. Yoshimasa pediu ajuda a Hosokawa
Katsumoto (1430~1473) até então kanrei (espécie
de primeiro-ministro) para manter seu irmão como
sucessor. Este conflito serviu como pretexto para que os dois
grandes senhores feudais medissem forças pela conquista
de maiores poderes.
O saldo
da Revolta de Onin paraQuioto foi péssimo, pois a cidade
ficou em cinzas. Os dois líderes, Sôzen e Katsumoto,
morreram por motivo de doença. Hino Tomiko, porém,
enriqueceu durante a guerra, emprestando dinheiro aos senhores
feudais mediante cobrança de juros. Além disso,
a vontade da esposa de Yoshimasa prevaleceu, e seu filho Yoshihisa
tornou-se o nono xogum do clã Ashikaga.
Hino
Tomiko (1440~1496)
Filha de nobres, Tomiko casou-se com o xogum Ashikaga Yoshimasa
aos 16 anos. Yoshimasa, então com 21 anos, já tinha
várias concubinas e filhos.
Tomiko
é conhecida como uma das vilãs da história
do Japão, por ter causado a Revolta de Onin, fato que levou
o arquipélago a uma guerra de mais de cem anos, até
a unificação do país, conseguida por Oda
Nobunaga e Toyotomi Hideyoshi. A esposa de Yoshimasa não
só foi uma das principais responsáveis pelo incidente
de Onin, como também praticou agiotagem com daimiôs
que vinham a Quioto participar da revolta, e criou o imposto de
trânsito para pessoas e produtos que entravam na capital.
O imposto, uma medida abusiva, foi abandonado após a rebelião
de camponeses, transportadores e comerciantes.
Apesar
de sua fama e de suas atitudes polêmicas, Tomiko foi uma
mulher forte e culta, que com sua fortuna sustentou a arte que
floresceu nessa era e que perdura até os dias atuais. Embora
tenha tido participação marcante no cenário
político japonês, como mulher, Tomiko foi muito infeliz.
Seu casamento não foi bem-sucedido e também não
teve sorte com os filhos. Seu primogênito faleceu ainda
criança; o segundo filho, Yoshihisa, não foi bom
nem como filho nem como político, mesmo com todos os esforços
que Tomiko empreendeu para torná-lo xogum; o terceiro filho,
a quem ela amou e depositou grandes esperanças, faleceu
aos 16 anos. Mesmo Yoshihisa, com quem Tomiko não tinha
boas relações, faleceu aos 25 anos.
Aos
56 anos, Tomiko faleceu, seis anos após a morte de seu
marido Yoshimasa, e depois de participar da sucessão do
décimo xogum, Yoshiki, filho de Yoshimi.
Sengoku-jidai
A era dos países em guerra (1467~1573)
Enquanto os senhores feudais (shugo daimiô) lutavam em Quioto,
seus vassalos, que ficaram nos seus feudos, usurparam o poder,
dando início a uma guerra entre os mais fortes para tentar
a conquista do domínio do Japão suplantando seus
superiores, ou traindo os amigos e parentes para adquirir mais
poder e terras. Esses novos ascendentes eram chamados de sengoku
daimiôs. Eles construíam castelos no alto da montanha,
onde poderiam ter boa visibilidade em caso de ataque inimigo,
mas normalmente moravam em casarões construídos
na parte plana, no sopé da montanha, em torno do qual surgiram
cidades.
Dentre
esses sengoku daimiô, destaca-se Oda Nobunaga de Owari (província
de Aichi), um grande e frio estrategista, que destruiu um a um
os seus inimigos, chegando ao cúmulo de mandar incendiar
o Templo Enryaku-ji, por seus monges terem desobedecido às
suas ordens.
Em
1573, Nobunaga expulsou o décimo quinto xogum, Ashikaga
Yoshiaki (1537~1597), de Quioto, encerrando dessa forma a Era
Muromachi.
A
chegada dos portugueses ao Japão
Os países da península ibérica, Portugal
e Espanha, viviam uma época de grande expansão marítima,
com o navegador português Vasco da Gama chegando à
India em 1498, contornando o continente africano; Cristóvão
Colombo descobrindo a América em 1492, financiado pela
Espanha; e o navegador português Fernão de Magalhães
chegando ao Oriente atravessando o Oceano Atlântico, contornando
a América do Sul e atravessando o estreito que hoje leva
o seu nome, para atingir o Oceano Pacífico. Por fim, Pedro
Álvares Cabral descobriu o Brasil em 1500.
Quarenta
e três anos após o descobrimento do Brasil, em 1543,
os portugueses chegaram à Ilha de Tane-ga-shima, ao sul
da Ilha de Kyushu, levados pela tempestade. Eles foram os primeiros
ocidentais que os japoneses conheceram. Nessa ocasião,
os ocidentais transmitiram conhecimentos sobre armas de fogo como
a espingarda aos japoneses. Como o arquipélago estava em
guerra, esse novo recurso propagou-se rapidamente pelo país.
Com o tempo, a espingarda passou a ser fabricada nas cidades de
Sakai (província de Osaka) e Kunitomo (província
de Shiga), pois os custos para sua importação eram
muito altos.
Coincidentemente,
em 1549, no mesmo ano em que o jesuíta Manuel da Nóbrega
chegou à Bahia, o também jesuíta Francisco
Xavier chegou em Kagoshima, Ilha de Kyushu, para difundir o cristianismo.
Muitos outros religiosos chegaram ao Japão, conseguindo
converter até mesmo alguns daimiôs ao cristianismo.
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