
YORITOMO - Vencedor da Batalha de Dan-no-Ura foi o precursor
da Era Kamakura
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Após
a vitória de Minamoto-no-Yoritomo (11471199) na Batalha
de Dan-no-Ura que pôs fim à Era Heian ,
Yoritomo impôs o reconhecimento dos cargos de shugo (comandante
de segurança nacional instalada em cada nação)
e de jitô (administrador de shôen e cobrador de impostos),
dando início à nova era dos samurais, ou seja, ao
xogunato de Kamakura. O sistema de xogunato sobreviveu ao longo
do tempo, até a restauração Meiji, em 1868.
Os
vassalos de Minamoto-no-Yoritomo eram chamados de gokenin, indivíduos
que tiveram reconhecidas as terras herdadas há várias
gerações como propriedade particular, ou aqueles
que receberam terras. Os vassalos beneficiados dessa forma passavam
a dever fidelidade e serviços a Yoritomo. Foi assim que
começou a era feudal japonesa, com Yoritomo nomeando seus
principais gokenin para shugo e jitô, a fim de ficar com
o controle das terras públicas e dos shôen (latifúndios),
aumentando seu poder político. Em Kamakura, ele instalou
os três poderes: o militar, denominado samurai-dokoro; o
executivo, responsável pela administração
e pelas finanças, denominado mandokoro; e do judiciário,
denominado monchujo.
Em
1192, Yoritomo recebeu o título máximo dos samurais,
o de seii taishôgun, falecendo sete anos depois, em 1199,
devido à sequela obtida quando caiu de um cavalo. A partir
daí, uma série de assassinatos entre os homens que
se revezavam no poder abriu espaço para a implementação
do regime regencial: o filho primogênito de Yoritomo, Minamoto-no-Yoriie
(11821215), de 18 anos, sucedeu-o no cargo, tornando-se
o segundo xogum. Entretanto, ele foi assassinado por Hôjô
Tokimasa (11381215), sogro de Yoritomo, pai de sua esposa
Masako (11571225). Em 1203, Minamoto-no-Sanetomo (11921219),
segundo filho de Yoritomo, tornou-se o terceiro xogum, mas foi
assassinado por seu sobrinho, filho de Yoriie. Depois disso, outros
xoguns assumiram o poder, mas o controle de fato ficou com o clã
Hôjô e seu séquito, formado por 13 principais
gokenin, com o chefe do executivo detendo o poder. Foi o início
do regime regencial.
A pena
de exílio foi comutada pela primeira vez na História
do Japão em 1221, quando a revolta liderada pelo imperador
Gotoba foi contida; e o imperador, exilado. Bens e propriedades
de nobres e de samurais que apoiaram o imperador Gotoba foram
confiscados, e os gokenin que se destacaram na opressão
da revolta foram nomeados jitô dessas terras confiscadas.
Depois desse episódio, foi criado, em Quioto, na cidade
de Rokuhara, o Rokuhara Tandai, órgão do xogunato
de Kamakura onde funcionavam os três poderes: militar, executivo
e judiciário, para vigiarem a corte e controlarem os samurais
da região oeste.
Criação
do Goseibai Shikimoku
Em
1232, Hôjô Yasutoki (11831242), regente da época,
instituiu o Goseibai Shikimoku, uma lei com 51 cláusulas,
pois as leis vigentes, estabelecidas há mais de 500 anos,
por sua complexidade, não eram compreendidas pelos samurais
que viviam no interior, e isso poderia acarretar algum julgamento
equivocado.
Ataque
mongol

No
século XIII, mais um nome fez história na Ásia:
Gêngis Khan (11671237), líder do povo nômade
da planície mongol, que unificou a Ásia Central.
Seus descendentes deram continuidade ao seu trabalho e foram ampliando
o território dominado. O quinto sucessor do império
mongol, Khublai Khan (12151294), instalou-se em Pequim e
mudou o nome do país para Yuan, depois de aniquilar a dinastia
Sung e de dominar toda a China, estendendo seu império
até a península coreana. Khublai enviou, por diversas
vezes, mensageiros ao Japão, o único país
do Oriente a manter sua independência, com o intuito de
subjugá-lo. Porém, Hôjô Tokimune (12511284),
xogum dessa época, matou o mensageiro, atraindo a ira de
Khublai, que atacou por duas vezes o Japão, em 1274 e 1281.
Na
primeira vez, Khublai Khan desembarcou com sua tropa na Baía
de Hakata, província de Fukuoka, Ilha de Kyushu. O Japão
teve dificuldades para conter os inimigos, porque os samurais
não estavam preparados para um ataque em massa. Outro fator
contra os japoneses eram as armas de fogo da força inimiga,
até então desconhecidas no arquipélago. Entretanto,
um tufão dizimou a frota inimiga, fato que foi encarado
como sorte pelos japoneses. No segundo ataque ao arquipélago,
Khublai levou duas tropas, contudo, o Japão estava melhor
preparado, pois tinham erguido uma muralha de pedra e defenderam-se
bravamente do ataque inimigo. Além disso, mais uma vez
o Japão foi salvo por um tufão e os soldados mongóis
foram tragados pelas altas ondas do mar.
Os
japoneses denominam os tufões que salvaram o Japão
da invasão mongol de kamikaze, ou seja, vento divino, pois
passaram a acreditar que os deuses mandaram o vento forte para
salvar o país. Apesar dessas derrotas, Khublai tinha planos
para atacar novamente o Japão, mas eles não se concretizaram.
De
acordo com estudiosos, essa tentativa de invasão estrangeira
estimulou a consciência nacional entre os japoneses, assim
como o fortalecimento do senso de defesa do país em relação
às nações estrangeiras.
Os
dois ataques mongóis fizeram com que os gokenin, os nobres
e os monges empregassem muito dinheiro e esforço espiritual
para defender os territórios japoneses, e o xogunato de
Kamakura não dispunha de mais terras a serem distribuídas
para aqueles que se destacaram na batalha. Dessa forma, cresceram
as insatisfações e, em 1333, o clã Hôjô
foi destituído por Ashikaga Takauji (13051358), que
era um dos gokenin. Foi o fim o xogunato de Kamakura, que perdurou
durante mais de 150 anos.
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