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ESCRITA - Fonogramas hiragana e katakana foram criados a
partir do kanji
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Por que surgiram os fonogramas hiragana e katakana?
Os japoneses não conheciam a escrita até ter os
primeiros contatos com a cultura chinesa, por volta do século
V. À medida que os japoneses foram dominando a escrita
(kanji ou ideogramas), a língua e a literatura chinesas,
eles começaram a sentir as limitações de
se adotar essas formas de comunicação de um outro
povo. Assim, para atender à necessidade de expressar livremente
os sentimentos do povo japonês por escrito, foram criados
os fonogramas hiragana e katakana, elaborados a partir do kanji.
Origem
de Manyôgana
Durante
muito tempo, os japoneses liam os kanji à moda chinesa
e tentavam entender o significado de cada letra, já que
os kanji são ideogramas, ou seja, a transcrição
da idéia e não do som, como é o caso da maioria
das letras existentes. Pouco a pouco, os japoneses passaram a
escolher a palavra adequada para cada kanji e lê-lo à
moda japonesa. Por exemplo, o kanji que significa inverno é
,
sendo a leitura chinesa dong; porém, como em
japonês inverno se diz fuyu, o kanji
passou a ser lido fuyu também.
À
medida que as palavras japonesas também foram filtradas
e unificadas, os japoneses tiveram a idéia de transcrevê-las
aproveitando apenas o som, ou seja, a sua leitura, desprezando
a idéia ou o significado do kanji. Por exemplo, hana
(flor )
passou a se escrever também ,
já que
tem a leitura ha e ,
a leitura na. Esses ideogramas (kanji) empregados
apenas como fonogramas receberam o nome de manyôgana,
já que foram utilizados na transcrição dos
poemas japoneses reunidos na antologia intitulada Manyôshu.
Criação
do hiragana
A caligrafia
empregada deixou de ser letras de traços retos e definidos,
adotando o estilo cursivo, o chamado sôsho-tai, criado na
China. Porém, no Japão, o estilo foi adquirindo
características próprias, simplificando
de tal forma os kanji a ponto de ficarem bem diferentes das letras
originais. Desse estilo cursivo simplificado, nasceu
o hiragana. Assim, o hiragana é um conjunto de letras mais
curvilíneas.
Criação
do katakana
Assim
como o hiragana, o katakana também foi criado a partir
dos kanji, mas possui características diferentes. O katakana
surgiu como sinais gráficos para auxiliar na leitura de
textos chineses, ou ainda, para serem inseridos nos poemas ou
textos em estilo chinês, a fim de facilitar sua leitura
e compreensão. Essas letras complementares
ofereceram aos japoneses uma maior expressividade, já que
podiam escrever com maior desenvoltura até diferenças
delicadas e nuanças dos sentimentos.
O katakana
foi criado com base em uma parte dos kanji, por isso seus traços
são mais retos e rígidos.
O uso
tanto do hiragana como do katakana consolidou-se no início
do século X, em meados da Era Heian, e são empregados
até os dias de hoje, concomitantemente com os kanji.
A
literatura em kana = literatura da nobreza
Após
a criação dos fonogramas kana, a literatura entre
os nobres conheceu o seu apogeu, constituindo a era áurea
dos waka poemas japoneses. Esses poemas que enaltecem a
natureza, as diferentes facetas das quatro estações
e os elementos da natureza foram criados graças à
existência dos kana. O modo de expressão dos poemas
contribuiu muito na formação da consciência
estética dos japoneses. Nos palácios do imperador
e dos nobres, as reuniões para compor e apreciar os poemas
tornaram-se cada vez mais freqüentes, deixando de ser apenas
um simples passatempo das mulheres. Saber compor poemas tornou-se
um importante requisito para manter um convívio social
entre os nobres da corte. A falta de interesse pela política
ocorreu na mesma proporção em que se ampliou o círculo
literário da nobreza.
Obras
clássicas
O Tosa
nikki (Diário de Tosa) foi escrito por volta do ano 934,
por Ki-no-Tsurayuki e incentivou muitas mulheres a escreverem
diários, estimulando a criação de muitas
literaturas do gênero.
Genji-Monogatari
(Contos de Genji), escrito por Murasaki-Shikibu, por volta do
ano 1001, é conhecido como uma obra literária clássica
de maior volume. Descreve a elegante e requintada vida da corte,
os sentimentos do personagem principal, Hikaru Genji, em relação
às mulheres com quem se envolve e as intrigas pelo poder.
Não se trata de uma simples ficção, mas se
observa a preocupação de descrever os usos e costumes,
assim como os pensamentos da Era Heian.
Makura-no-sôshi
é uma crônica escrita por Sei-Shônagon sobre
a vida na corte, que descreve de forma vivaz, com sensibilidade
aguçada e com genialidade, os hábitos do cotidiano
da corte.
Kokin
Waka-shû é uma antologia de 20 volumes que reúne
1.100 poemas compilada por ordem imperial (chokusen-shû),
datada do ano de 905.
Rivalidade
entre duas literatas
Tanto
a autora de Genji-Monogatari, Murasaki-Shikibu, como a de Makura-no-sôshi,
Sei-Shônagon, pertenciam à classe média da
nobreza e serviram à família imperial na mesma época.
Foram duas mulheres que lideraram as tertúlias realizadas
na corte. Sei-Shônagon possuía gênio forte,
fazendo questão de exibir o seu talento. Murasaki-Shikibu,
uma mulher mais recatada e retraída, escreveu críticas
severas em relação a essa atitude exibicionista
de Sei-Shônagon em seu diário.
Por
serem os poemas a forma de literatura mais valorizada na Era Heian,
as obras dessas duas mulheres, mesmo conquistando muitos leitores,
ficaram relegadas a um segundo plano, encaradas como um passatempo
de mulheres da corte. Ainda assim, a literatura da Era Heian floresceu
graças às grandes mulheres.
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