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A
partir de meados do século XVI, após o fim da Revolta
de Onin, os principais senhores feudais, ou seja, os daimiôs,
tentaram ampliar os seus poderes travando guerras sangrentas.
Dentre esses daimiôs, destaca-se a figura de Oda Nobunaga.
Nobunaga
derrotou os daimiôs das redondezas e, chegando em Quioto,
aniquilou o xogunato de Muromachi, em 1573. Em seguida, ele construiu
um magnífico castelo em Azuchi (província de Shiga),
próximo de Quioto, e iniciou a obra de unificação
do país, destruindo um a um seus inimigos. Entretanto,
antes de concluir essa tarefa, Nobunaga foi traído por
seu vassalo Akechi Mitsuhide e morreu no Templo Honnô-ji,
em Quioto.
Quando
a morte de Nobunaga foi comunicada a seu fiel vassalo Hashiba
Hideyoshi (posteriormente Toyotomi Hideyoshi), com um golpe de
mestre ele derrotou o traidor Mitsuhide, tornando-se o herdeiro
da obra de unificação do país.
Hideyoshi,
então, construiu um gigantesco castelo em Osaka, o Osaka-jô,
e, em 1590, alcançou a tão sonhada unificação
do país, derrotando o clã Hôjô. Ele
não deu início a um novo xogunato, mas tornou-se
um kanpaku (plenipotenciário) para governar o país.
O período
de aproximadamente 30 anos nos quais esses dois grandes estrategistas
unificaram o Japão é conhecido como Era Azuchi-Momoyama,
cujos nomes foram tirados dos castelos construídos respectivamente
por Oda Nobunaga e Toytomi Hideyoshi (Momoyama-jô, situado
no bairro de Fushimi, em Quioto).
Oda
Nobunaga (1534~1582)
Nobunaga era um dos 19 filhos de Oda Nobuhide, senhor feudal de
quatro aldeias de Owari (província de Nagóia). Aos
16 anos, casou-se com a filha de Saitô Dôsan, senhor
feudal de Mino (atual província de Gifu), em uma aliança
de conveniência promovida por seu pai para evitar os conflitos
em terras fronteiriças dos dois feudos. Mais tarde, seu
sogro, Saitô Dôsan, foi assassinado por seu próprio
filho, Tatsuoki. Como represália, Nobunaga expulsou Tatsuoki
do castelo.
Com
a destruição do xogunato Muromachi e a instalação
no castelo de Azuchi, Nobunaga tomou uma série de medidas:
Aboliu o sistema de sekisho (posto de fiscalização
das estradas), permitindo livre acesso de trânsito.
Tentou desenvolver a indústria e o comércio, isentando
os impostos dos que mantinham atividades nas circunvizinhanças
do castelo.
Protegeu o cristianismo.
Introduziu a arma de fogo em suas batalhas, combatendo com furor
seus inimigos.
Acabou com a soberania da cidade comercial de Sakai.
Incendiou o Templo Enryaku-ji, por seus monges terem desobedecido
às suas ordens.
Combateu as rebeliões da região norte e nordeste.
Destruiu o poderoso clã Takeda, de Kai (atual província
de Yamanashi).
Traição
de Akechi Mitsuhide (1528~1582)
Existem algumas versões sobre o motivo pelo qual Mitsuhide
traiu o seu senhor. Uma delas é a de que ele delatou o
ataque que Nobunaga planejava a Takeda Katsuyori e, com medo de
ser descoberto, atacou-o antes que fosse morto.
Outra
versão conta que Mitsuhide teria sido envergonhado na presença
de muitos por Nobunaga, que o teria repreendido duramente por
sua falha na recepção a Tokugawa Ieyasu, fato que
teria motivado Mitsuhide a voltar-se contra o seu senhor.
Entretanto,
Mitsuhide deve ter sido motivado à traição
pela imprudência do próprio Nobunaga, que teria se
alojado no Templo Honnô-ji com pouquíssimo séquito,
quando seus vassalos fiéis estavam em terras distantes,
combatendo forças revoltosas. Vendo uma ótima chance
para tornar-se o novo governante do país, Mitsuhide teria
atacado Nobunaga com a tropa recrutada para combater o clã
Môri, da região de Chûgoku, a mando de seu
senhor. Conseguindo encurralar Nobunaga, Mitsuhide teria incendiado
o templo e levado-o ao suicídio.
Há
também os que dizem que a crença de Nobunaga de
que a doutrina budista seria nociva para a modernização
do país teria motivado a alma dos monges por ele assassinados
a incorporar em Mitsuhide, levando-o a cometer um ato tão
insano.
Toyotomi
Hideyoshi (1537~1598)
Pouco se sabe sobre sua verdadeira origem e suspeita-se de que
muitos dos episódios contados na literatura a seu respeito
sejam falsos. Muitos podem ter sido criados pelo próprio
Hideyoshi, cujo pai foi um simples soldado de Oda Nobuhide, mas
tornou-se camponês ao voltar ferido à sua terra natal.
Hideyoshi
tornou-se empregado de Nobunaga, começando como guarda-calçados
(zôri tori). Com sua astúcia e simpatia inata, foi
conquistando a confiança de seu senhor, participando de
várias batalhas e passando a comandar as tropas, vencendo
muitos confrontos até chegar a ser senhor de um castelo,
aos 37 anos.
Hideyoshi
foi comunicado da morte de Nobunaga na distante região
de Chûgoku, onde estava em guerra contra o clã Môri.
Usando de toda a sua astúcia, fez um acordo de paz com
o clã e voltou o mais depressa que pôde com sua tropa.
Depois de derrubar Mitsuhide, Hideyoshi tornou-se sucessor de
Nobunaga na tarefa de unificação do Japão.
Para
controlar melhor os camponeses e suas terras, Hideyoshi estabeleceu
um padrão de medidas, unificando inclusive o tamanho da
caixinha de madeira para medir o arroz (masu). Mandou medir todos
os arrozais, verificar a qualidade do solo, registrar todas as
informações e redistribuiu as terras cobrando tributo
conforme sua capacidade de produção (koku-daka).
Com
a medida de uma terra para um lavrador, no sistema de shôen
(latifúndio), em que havia muitos sócios
dividindo os lucros das colheitas, os poucos latifúndios
que ainda sobreviviam desapareceram, ficando os camponeses sob
o controle de um senhor feudal. Esta medida ficou conhecida como
taikô kenchi.
Hideyoshi
ainda realizou o katana-gari, ou seja, confiscou e proibiu o porte
de armas pelos camponeses e monges. Não satisfeito em controlar
apenas o Japão, Hideyoshi tentou derrubar a dinastia Ming,
da China, e por duas vezes enviou tropas para a Coréia,
que ficava no meio do caminho para a China. No entanto, o povo
coreano resistiu bravamente a esta invasão e deixou as
tropas enviadas por Hideyoshi em desvantagem cada vez maior. Somando
a isso o falecimento de Hideyoshi, em 1598, os soldados japoneses
retiraram-se da Coréia. Esse envio de tropas para o exterior
desfalcou o cofre do país e constituiu-se em um dos motivos
que levou à queda de Toyotomi.
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