RELIGIÃO - As novas seitas budistas criadas na Era Kamakura
não exigiam prática rigorosa
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A
Era Kamakura, liderada por samurais, caracterizou-se pelo surgimento
de novas tendências religiosas e pelas intensa busca de
apoio espiritual, levando o budismo até o povo. Até
a Era Heian (794~1192), essa forma de religião era praticada
quase que exclusivamente pelos nobres. Com a popularização
da crença budista, entretanto, surgiram várias seitas
denominadas Novo Budismo de Kamakura.
O aparecimento
de novas seitas foi impulsionado pela idéia de fim do mundo
(mappô shisô) que se espalhou em fins da Era Heian,
provocada pela instabilidade social conseqüência
da guerra entre os clã Taira e Minamoto , a miséria
e as calamidades.
Os
monges Eisai (1141~1215) e Douguen (1200~1253) estudaram na China
(Dinastia Sung) a seita Zen, que prega a meditação
para atingir o nirvana e, quando voltaram ao Japão, fundaram
respectivamente as seitas Rinzai-shû e Sôtô-shû.
Shinran
(1173~1262), discípulo do monge Hônen (1133~1212),
fundou a seita Jôdo-shinshû e, na época do
ataque dos mongóis, o monge Nichiren (1222~1282) fundou
a seita Nichiren-shû, que pregava a salvação
da alma e do país.
Todas
essas novas seitas têm em comum a simplicidade e a ausência
de prática ascética rigorosa, tornando possível
a qualquer pessoa o seu exercício para encontrar a salvação
da alma humana.
A
seita Zen
Rinzai-shû,
facção da seita Zen, tinha características
esotéricas, e seus monges eram vistos mais como uma espécie
de curandeiros.
A difusão
da genuína seita Zen foi promovida entre os samurais com
a vinda do monge chinês Rankei Dôryu, em 1247. Ele
pregava o ensinamento do zen-budismo chinês seguindo à
risca os seus preceitos, conquistando muitos fiéis entre
os samurais, que tinham em comum a filosofia de vida austera e
despojada de luxo.
A seita
Zen na China tinha o respaldo da classe alta, tendo um conteúdo
bastante elevado e de influência confuciana. Assim, mesmo
no Japão, a seita Zen encontrou adeptos entre os samurais
da classe alta.
A
seita Jôdo (Terra Pura)
A seita
Jôdo, que começou a se difundir entre o povo a partir
de fins da Era Heian, adquiriu novo alento na Era Kamakura. Diferindo
da seita Zen, que exige uma disciplina rigorosíssima, aos
fiéis da seita Jôdo, bastava ter uma crença
incondicional em Buda e rezar com todo o fervor para obter a salvação.
O monge
Shinran, fundador da seita Jôdo-shinshû, pregava a
salvação de todos, seja malfeitores seja prostitutas.
Provavelmente esse tipo de pregação conquistou também
os samurais que viviam entre a vida e a morte. Esses guerreiros
precisavam do ensinamento da seita Zen para se disciplinar, mas
também precisavam acreditar que conseguiriam a salvação
da alma após a sua morte. Assim, nos templos da seita Jôdo
existentes em Kamakura, observam-se as influências da seita
Zen; e nos de seita Zen, as influências da seita Jôdo.
A
seita Nichiren-shû
O monge
Nichiren, filho de um pescador de Awa (atual província
de Tokushima, Ilha de Shikoku), estudou o budismo em Hieizan,
Quioto, e mudou-se para Kamakura a fim de divulgar o ensinamento
da sutra de Hokekyô, o budismo Mahayana. Ele criticava duramente
o ensinamento da seita Jôdo, que pregava apenas a oração,
profetizando a invasão do Japão por uma nação
estrangeira e a revolta desta. Essa profecia acabou se concretizando
com a tentativa da invasão mongol e a revolta de Hôjo
Tokiura. Porém, por causa das críticas ao xogunato
e a outras seitas, Nichiren foi exilado para Izu e, mesmo após
a anistia e a volta para Kamakura, continuou com suas críticas,
sendo novamente exilado, dessa feita, para a Ilha de Sado. Após
sua segunda anistia, dedicou-se à educação
de seus discípulos no Templo Kuon, no Monte Minobu, província
de Yamanashi.
A seita
Nichiren-shû é a única que leva o nome do
seu fundador, demonstrando quanto ele era venerado por seus seguidores.
Até hoje, os fiéis fazem romaria ao Monte Minobu,
onde se encontra o seu túmulo, fato raro também
na história do Japão.
O
grande Buda de Kamakura
O gigantesco
Buda de Kamakura, o segundo maior do Japão, feito de bronze
com 11,5 m de altura, é envolto em muitos mistérios.
Supõe-se que tenha sido construído por volta de
1252 por um escultor da linhagem de Unkei, grande escultor da
Era Kamakura. Comparado ao grande Buda do Templo Tôdai-ji
(cidade de Nara), o maior do Japão, ele possui feição
mais suave e sua postura mais curvada causa a impressão
de estar ouvindo atentamente as orações dos seus
fiéis.
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