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NippoBrasil
Chama-se
Era Heian o período que se inicia em 794, com a mudança
da capital para a cidade de Heian (atual Quioto), até 1185,
quando Yoritomo, chefe do clã Minamoto, instala-se em Kamakura
(atual província de Kanagawa). Ao todo, foram praticamente
400 anos nos quais a nobreza reinou com requinte e glamour.
GUARDAS - Os arqueiros eram responsáveis pelo policiamento
do Palácio Imperial
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Política
No final da Era Nara (710~794), para tentar fugir da vida miserável,
os camponeses procuraram refúgio nos latifúndios
dos nobres, em grandes templos e em clãs regionais, ou
abandonaram suas terras e optaram por uma vida sem rumo. Os latifúndios
eram chamados de shôen e surgiram como resultado da flexibilização
das leis que norteavam o sistema político de ritsuryô.
Os
shôen originaram-se do aumento da população
e da conseqüente falta de terreno para distribuição
entre os habitantes. Para solucionar a falta de terras públicas
produtivas, a corte abrandou as leis do ritsuryô e permitiu
a privatização dos terrenos para exploração,
expedindo a lei que isentava o pagamento de impostos sobre os
terrenos recém-explorados. Assim, templos xintoístas
e budistas, clãs regionais e nobres foram ampliando cada
vez mais os seus shôen, tendo à disposição
maior número de mão-de-obra e de utensílios
agrícolas. Entre os pequenos proprietários, alguns
optaram por doar suas terras para grandes senhores de shôen,
a fim de se tornarem funcionários públicos e administradores
dos latifúndios.
Com
dificuldades, os camponeses venderam suas terras aos nobres, aos
templos e aos grandes clãs, transformando-se em arrendatários.
Assim, buscavam livrar-se do pesado imposto, que passou a ser
responsabilidade do senhor do shôen, cabendo aos arrendatários
o pagamento de um pequeno tributo fundiário anual ao senhor
das terras. Isso diminuiu o arrecadamento de impostos e afetou
o cofre público. A corte cobrava impostos sobre as terras,
e não sobre a pessoa física. Entretanto, a falta
de autoridade dos kokushi (espécie de governador) estimulou
os senhores de terras a encontrarem formas de impedir a entrada
daqueles em suas propriedades, agindo à revelia do governo
ao não pagarem impostos e exercerem o direito de policiamento
dentro dos shôen. Os senhores de terras ficavam em Quioto,
enquanto seus administradores tomavam conta dos shôen. Recebendo
treinamento voltado para o combate militar, esses administradores
organizavam-se em grupos chefiados por herdeiros de famílias
nobres, que, mais tarde, dariam origem à classe dos samurais.
Economia
Além da economia monetária, em fins dos séculos
X e XI, a agricultura teve o impulso do desenvolvimento tecnológico.
Os utensílios de ferro, anteriormente exclusivos de nobres
e senhores de terras, foram popularizados, chegando aos camponeses.
Bois e cavalos passaram a ser utilizados na agricultura e, como
fertilizante, iniciou-se o emprego do adubo animal, além
do capim e das cinzas. Tudo isso aumentou a produção
das colheitas. As atividades madeireira e pesqueira também
foram intensificadas nesse período.
A
ascensão da família Fujiwara
Descendente de Nakatomi-no-Kamatari (posteriormente Fujiwara-no-Kamatari),
que contribuiu para a consolidação da Reforma de
Taika, a família Fujiwara ampliou o seu poder político
respaldada pela fortuna proveniente de seu imenso shôen.
Fujiwara-no-Michinaga (966~1027) conseguiu a façanha de
casar suas cinco filhas com imperadores. Na qualidade de parente
afim, ele tornou-se regente do neto (sesshô) e, após
o crescimento do imperador, tornou-se plenipotenciário
(kanpaku). Assim, foi introduzido o sistema de governo com participação
indireta do imperador.
Extinção
de kentô-shi (missão a Tang)
UDAJIN - Sugawara-no- Michizane, considerado até
hoje deus dos estudos e da sabedoria
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Com
o enfraquecimento político da dinastia reinante na China,
as missões a Tang foram suspensas. A chegada constante
de navios carregados de mercadorias todos os anos ao Japão
permitia a absorção de novos conhecimentos por meio
dos mercadores. Assim, o fim das missões representava também
economia de gastos e riscos. A extinção de kentô-shi
partiu de Sugawara-no-Michizane (845~903), conhecido até
hoje como o deus dos estudos e da sabedoria. Michizane foi um
estudioso que chegou ao grau máximo da hierarquia, ou seja,
udajin (primeiro-ministro). O comércio com a China voltaria
a intensificar-se cinqüenta anos depois, já na dinastia
Sung.
Sugawara-no-Michizane
tornou-se vítima de uma conspiração da poderosa
família Fujiwara e foi deportado para a comarca do norte
da ilha de Kyushu, o forte de Dazai (atual província de
Fukuoka), onde faleceu. Posteriormente, espalhou-se a crença
de que sua alma, injustiçada em vida, trouxe doenças
à capital, forçando a criação de muitos
templos xintoístas, a fim de acalmar sua suposta fúria
e deter a praga. Ainda hoje, muitos estudantes fazem romaria a
esses templos para pedir a graça de Michizane e obter bons
resultados nos estudos.
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Enquanto
isso, no mundo
800
Explosão do Monte Fuji (O Monte Fuji iniciou o seu
processo de formação há dez mil anos, aproximadamente).
800
Carlos Magno, rei dos francos, é coroado Imperador
do Ocidente (Sacro Império Romano 800 a 814)
813
A ciência se desenvolve na Arábia. Principalmente
os estudos dos números, da medicina, da astronomia e da
filosofia.
830
O conceito do zero e do sistema decimal passa a ser usado
pelos filósofos árabes.
845
Imperador Wu-Sung, da Dinastia Tang, proíbe o budismo
em toda a China, perseguindo fiéis por meio de uma medida
adotada para evitar a redução no recolhimento dos
impostos, que estava causando um rombo no cofre público.
Para não pagar impostos, o povo refugiou-se em templos
budistas e muitos se tornaram monges. Essa medida foi adotada
devido ao conflito com o taoísmo. Foram fechados 4.600
templos e 260 mil monges abandonaram suas funções.
862
Cria-se o primeiro Estado Russo.
1054
A Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa Grega
se separam.
1099
Os primeiros cruzados invadem Jerusalém. Para recuperar
a Terra Santa, islamitas morrem em um grande massacre.
1179
O papado reconhece o reino de Afonso I, de Portugal.
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