Há
muitos e muitos anos, no Japão, vivia um casal de velhinhos
no sopé de uma montanha. Por serem pobres, raramente os
velhinhos iam até a cidade fazer compras ou tomar banho
em onsen (termas de água quente). O velhinho tinha uma
pequena horta e cultivava verduras para o consumo do casal, e
a velhinha cuidava dos afazeres domésticos.
Um
dia, quando o velhinho se embrenhou na mata para apanhar lenhas,
ouviu um ruído diferente entre as árvores. Espiou
em silêncio detrás de uma árvore e viu dois
ratos lutando sumô.
Foram
várias rodadas, e o rato maior jogava sempre o rato menor
para fora do ringue circular. Observando atentamente o rato menor,
o velhinho reconheceu que era o ratinho que vivia em sua casa.
Assim que voltou para sua morada, o velhinho contou o que tinha
assistido.
Então são ratos sumotori (lutadores de sumô)?
perguntou a velhinha.
Não, o rato grande e forte parece ser um choja nezumi
(rato milionário), e o fracote é o rato que vive
em nossa casa respondeu o velhinho.
Sinto-me culpada. O ratinho comendo migalhas de uma casa de pobre
só pode ser fraco mesmo observou a velhinha.
Então vamos socar o que nos resta do arroz glutinoso (motigome)
e fazer moti (bolinho de arroz) para ele ficar forte!
Boa idéia!

Assim,
lavaram o arroz glutinoso no primeiro dia do ano novo, cozinharam-no
e colocaram-no para pilar. O velhinho batia com um pilão
em forma de enorme martelo, enquanto a velhinha virava habilmente
a massa de arroz socado para não grudar na cova do almofariz.
Depois que a massa ficou bastante glutinosa, a velhinha foi tirando
pedaços e girando na palma da mão. Fez vários
bolinhos e os colocou numa bandeja comprida de madeira.
Ratinho de casa, coma bastante moti e adquira força para
derrotar o rato grandão dizendo isso, o velhinho
colocou a bandeja no cantinho da casa, perto de um buraco na parede.
Foi
um verdadeiro banquete para o ratinho, que comeu a noite inteira
e só parou para descansar para a luta.
Durante
o dia, no meio da mata, as lutas desenrolaram-se da seguinte maneira:
No
primeiro round, o rato grande empurrou o pequeno para fora do
ringue circular. No segundo, o rato pequeno jogou o grande para
fora do ringue.
No
terceiro round, o rato grande levantou o pequeno e o arremessou
para fora do círculo.
No
quarto round, o rato pequeno empurrou o grandão para fora
do ringue. Assistindo à luta escondido, o velhinho sorriu
satisfeito.
Com
o empate no sumô, o rato milionário perguntou ao
rato pequeno:
Como foi que você adquiriu tanta força de
um dia para outro?
Ah, eu comi bastante moti, feitos carinhosamente por meu mestre
e sua esposa respondeu o pequeno.
Eu gostaria de comer esses bolinhos de arroz na sua casa.
Meu mestre é muito pobre, mas, se você trouxer dinheiro
para ele comprar o arroz, acho que ele vai fazer para você
também.
Quando o velho chegou em casa, a velha perguntou:
Como foi a luta de sumô hoje?
Ah, foi ótima, o nosso ratinho está tão
forte quanto o grandão.
Fico feliz! Foi bom ajudá-lo fazendo bolinhos de
arroz.
Bem, ouvi o ratão dizendo que gostaria de provar nosso
moti.
Só sobrou um pouquinho de arroz para comermos nesse
ano novo, pois o que socamos ontem nós demos para o ratinho.
Podemos ficar sem; vamos socar para os ratos.
Nessa noite, o rato grande veio visitar o rato pequeno trazendo
um saco grande nas costas.
Esses bolinhos de arroz glutinosos foram feitos pelo meu mestre
e sua amável esposa. Por favor, sirva-se.
Oh! Realmente são deliciosos. Eu nunca comi bolinhos tão
gostosos. Dizem os japoneses que bolinhos feitos com carinho dão
muita sorte para quem os come.
Os
dois ratinhos comeram e comeram até ficarem com a barriga
estufada, como os lutadores de sumô. A velhinha bondosa
costurou uma tanga vermelha para cada um usar na luta.
Na
manhã seguinte, quando o casal acordou, encontrou um saco
cheio de dinheiro no armário. Os velhinhos tiveram um início
de ano muito feliz fazendo compras na cidade e tomando banho diariamente
nas termas de água quente.
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