Uma
antiga lenda da província de Okinawa conta que, certa ocasião,
o deus Estrela Polar e a deusa Cruzeiro do Sul resolveram trazer
vida para a terra. Então, quando a deusa Cruzeiro do Sul
estava pronta para dar à luz, ela perguntou ao deus Poderoso
do Céu onde poderia ter seus bebês.
O deus
Poderoso do Céu olhou para a terra e avistou uma pequena
ilha chamada Taketomi-jima, onde existia, ao sul, um belo mar
de coral. Então, ele disse à deusa Cruzeiro do Sul:
Vá ao lado sul de Taketomi-jima, pois lá
existe uma praia com águas mornas e ondas mansas, isso
será muito bom para seus bebês.
Assim,
a deusa Cruzeiro do Sul desceu da Alta Planície Celeste
e dirigiu-se à ilha, conforme sugerira o deus Poderoso
do Céu. Lá chegando, deu à luz a várias
estrelinhas cintilantes. A deusa estava muito feliz, pois realmente
aquela praia tinha a água morna e uma temperatura perfeita
para que suas filhas pudessem passar os primeiros anos de suas
vidas.
Assim que crescerem, elas subirão a Alta Planície
Celeste para se encontrar comigo e viveremos cintilantes no céu.
Disse a deusa retornando ao seu lugar.
Entretanto,
o deus Sete Dragões do Mar ficou irritado, porque a deusa
Cruzeiro do Sul não lhe pediu permissão e usou a
praia para parir seus filhos. Ele então chamou uma das
suas serviçais, a dona Serpente Gigante, e ordenou:
Não admito que ninguém dê à luz em
meu oceano sem minha permissão. Vá e devore todos
os bebês que encontrar na região sul da ilha.
A dona
Serpente Gigante, obediente à ordem de seu amo, engoliu
todos os bebês da deusa Cruzeiro do Sul com sua enorme bocarra,
matando-os todos. Em seguida, cuspiu seus corpos.
As
estrelinhas mortas flutuaram no mar até alcançarem
uma praia chamada Higashi Misaki, no lado leste da ilha Taketomi.
As estrelinhas, empurradas pelas ondas, pararam na praia e ficaram
com o corpo salpicado de areia. Nessa localidade, havia um santuário
onde vivia a semideusa Amável. Quando encontrou as estrelinhas
sem vida, Amável sentiu muita pena delas e levou-as para
o santuário.
- Oh!
Pobres estrelinhas, vou colocá-las no incensório.
Assim, quando os aldeões vierem me trazer oferendas durante
o festival e queimarem os incensos, suas almas poderão
subir ao céu junto à fumaça. Lá, na
Alta Planície Celeste, poderão reencontrar sua mãe.
Conforme
a semideusa Amável planejou, quando chegou o dia do festival,
os aldeões queimaram muitos incensos e as almas dos bebês-estrelas
subiram ao céu levadas pelas fumaças.
Esta
é a origem lendária da estrela-do-mar. Em Taketomi-jima,
apesar de séculos terem se passado, ainda hoje é
possível encontrar estrelas-do-mar com corpos salpicados
de areia nas belas praias que ficam ao sul da ilha de Okinawa.
Elas são conhecidas como Hoshi-suna (estrelas de areias),
nome que nasceu em referência a esta lenda.
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