No
tempo do Japão mitológico, havia no fundo do mar
um famoso palácio conhecido como Ryugyu, o Palácio
do Dragão. O senhor desse maravilhoso local era Shiyozushi
no Kami, o deus das Águas e do Mar. Sua bela filha se chamava
Toyotama Hime, a princesa Alma Luxuriante.
Um
dia a linda princesa ficou muito doente e os melhores remédios
do fundo do mar não conseguiam curá-la. O Senhor
do Mar ficou muito preocupado pois sua filha estava ficando cada
vez mais fraca. Então ele reuniu vários peixes e
os encarregou de conseguir um remédio que pudesse devolver
a saúde da sua filha.
Os peixes convocaram todos os habitantes do fundo do mar para
uma reunião e pediram a sugestão deles.
Todos
ficaram pensativos mas ninguém soube responder, pois se
um kami (deus) não sabem como salvar sua filha, muito menos
eles. Como a reunião não acabava nunca, um enorme
polvo de cabeça lisinha, com pressa, disse:
-Quando
estive na superfície da terra pela última vez, ouvi
alguns seres humanos dizendo que fígado de macaco é
um excelente remédio para qualquer mal.
-Sr. Polvo, a sua enorme careca dá de entender que você
é uma criatura inteligente. Vamos acreditar no que está
dizendo - disse o peixe que coordenava a assembléia.
- Então
precisamos encontrar um macaco com urgência, para salvar
Toyotama Hime. Disse o camarão.
-Mas onde encontrar essa criatura, perguntou a estrela do mar.
-Ora nas ilhas do Mar de Seto existem muitos macacos. Basta alguém
ir lá e capturar um deles. Sugeriu a lula.
-Nós
peixes não podemos ir porque não temos pernas para
andar no mato.
-Nós ostras e caracóis também não
temos pernas.
-Idem - disse o cavalo marinho e sugeriu que fosse o caranguejo
que tem seis pernas.
-Nesse
caso é melhor ir o polvo que tem oito pernas. Disse o caranguejo.
-Eu só tenho oito pernas, mas a água-viva esta cheia
delas. Disse o polvo tirando o corpo fora.
-Apoiado
respondeu a lula.
Assim a assembléia dos habitantes do fundo do mar decidiu
que seria a dona Água-viva a escolhida para a nobre missão.
A dona
Água-viva ficou muito orgulhosa de ser a escolhida, mas
como tinha muitas dúvidas a respeito do macaco perguntou:
-Afinal
como é um macaco? Eu nunca vi esse bicho.
-Ora é fácil de reconhecê-lo. O macaco do
Japão tem cara e bunda vermelha. Está sempre em
galhos de árvores comendo castanha ou caqui. Explicou a
tartaruga.
Como
os peixes perceberam que a dona Água-viva jamais conseguiria
pegar um macaco, embora tivesse tantas pernas instruíram-na
no sentido de que ela enganasse o símio e o trouxesse ao
palácio.
A idéia
era pegar o macaco por uma das suas fraquezas: a gula. Ela teria
de convidá-lo para um banquete no Palácio do Dragão,
dizendo que está cheio de castanhas e caqui.
Assim
a desengonçada dona Água-viva partiu para a superfície
a procura de uma ilha com macacos. Chegando na praia, avistou
uma árvore e se aproximou cuidadosamente. Num dos galhos
viu um animal de cara e traseiro vermelho e não teve dúvidas
quanto a sua identidade. Assim que ela se aproximou da árvore
o macaco muito curioso foi logo perguntando:
-Hei
que bicho é você ? Nunca vi nada igual, de onde apareceu?
-Sou a Água-viva, moro no Palácio do Dragão,
onde existe o maior pomar frutífero do mundo. Lá
está cheio de castanheiras e caquizeiros. Árvores
que estão o ano inteiro carregado de frutos. O detalhe
importante é que esses frutos têm sabor especial,
são muitíssimos deliciosos.
O macaco
demonstrou grande interesse no assunto e desceu da árvore.
-Puxa deve ser muito bonito esse lugar.
-Se você quiser conhecer será meu convidado e eu
o levarei até lá.
-Assim sendo, eu topo com prazer. Vou nas suas costas porque não
sei nadar...
Continua...
|