Há muitos e muitos anos havia um casal idoso numa pequena
aldeia montanhosa no Japão.
Certa
ocasião o velhinho foi montanha à dentro para catar
lenhas. Sua bondosa companheira preparou uma caixinha de bento
(lanche) para ele comer durante o trabalho.
Depois
de juntar vários galhos caídos e cortar em tamanho
bom para carregar, o ancião sentiu fome e resolveu fazer
seu lanche. Depois de encher a barriga sentiu uma leve sonolência
e acabou dormindo no gramado. Nisso soprou um vento e a farinha
de soja que estava na caixa de lanche voou para a cara do ancião,
que sem perceber continuou dormindo.
Pouco
depois passou por lá um bando de macacos. Vendo a cara
branca de homem, um dos macacos disse:
- Vejam
é uma estátua. Vamos levar para nossa morada e reverenciá-lo
como uma divindade.
- Boa idéia disse o outro.
Assim
os macacos carregaram a estátua cruzando um
grande vale sobre uma tora em direção de onde moravam.
No caminho o velho despertou mas vendo que podia estar em perigo,
continuou fingindo estar adormecido.
No
alto da montanha os macacos colocaram a estatua de pé em
cima de uma grande árvore e ofereceram frutos, flores,
arroz, peixes e até dinheiro que eles tinham achado. Foi
muito divertido para os macacos que imitavam os seres humanos
rezando e fazendo oferendas.
Quando
a noite chegou e os macacos dormiram, o velho apanhou todas as
oferendas dados a ele e retornou feliz para casa.
A notícia
da grande sorte que teve o ancião foi muito bem recebida
na aldeia. Um outro homem velho que morava na vizinhança
ficou sabendo da história. Na manhã seguinte, levado
pela ganância passou farinha na cara e foi para a montanha
e fingiu estar dormindo no gramado.
Diversos
macacos chegaram ao local e encontraram a estátua
no local onde tinham a encontrado no dia anterior.
-Vamos
levar para nossa morada e reverenciá-lo mostrando nossa
hospitalidade.
-De acordo, concordaram os outros macacos.
Colocaram
a estátua nas costas e saíram carregando
na maior euforia. Quando atravessavam o grande vale, sobre um
grande tronco que servia de ponte, o velho ganancioso, não
conseguindo resistir a palhaçada dos macacos começou
a rir.
- Isso
não é uma estátua! É um velho humano.
- Joguem fora, isso não vale pra nada.
O velho
foi jogado precipício abaixo. Se não fosse um rio
que corria no fundo do vale teria se espatifado nas pedras. Mesmo
assim quase morre afogado. Dias depois conseguiu retornar a aldeia
todo arrebentado. A lição vivida foi um santo remédio
para curar sua ganância.
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