Havia
um pintor japonês que era apaixonado por bambus porém
não conseguiu retratá-los satisfatoriamente. Um
dia foi a um templo zen em Kyoto procurar conselho de um mestre
e este lhe disse:
-Se
queres pintar um bambu, torna te também um bambu.
O pintor
pensou, pensou e não conseguiu entender o que o mestre
zen quis dizer com aquelas palavras. Como achou que era antiético
voltar ao templo para perguntar o significado da frase, resolveu
visitar um mosteiro da Zenchi-kyo (seita Zenchi) também
em Kyoto. Lá chegando o pintor foi recebido pelo mago Shamon
e perguntou a este, o significado da frase: Se queres pintar
um bambu, torna te também um bambu.
O mago
respondeu contando a seguinte história.
-Certa
ocasião, um bêbado caiu acidentalmente nas terríveis
corredeiras de um rio que levava a uma alta e perigosa cascata.
Ninguém jamais tinha sobrevivido às correntezas
daquele violento rio. Completamente embriagado o homem boiava
sem saber direito o que estava acontecendo. Pelas margens as pessoas
que viram o acidente, corriam acompanhando o corpo sendo arrastado,
e tentavam chamar atenção do bêbado para alertá-lo
do perigo que havia adiante. Mas, milagrosamente, ele saiu são
e salvo, quando a própria correnteza o despejou na margem
em uma curva do rio.
- As
pessoas que testemunharam o trágico ocorrido e um final
feliz, não entenderam como o homem tinha conseguido safar
de um perigo mortal, sem sequer lutar para se salvar. Na verdade
o homem se acomodou a água, não tentou lutar contra
ela. Sem pensar, sem racionalizar, ele permitiu que a água
o envolvesse. Mergulhando na correnteza, conseguiu sair dela.
Assim foi como conseguiu sobreviver. Do mesmo modo, se queres
pintar um bambu, torna-te também um bambu. Não
lute com a tinta e o papel, deixe fluir.
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