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Arquivo NippoBrasil - Edição 204 - 30 de abril a 6 de maio de 2003
 
A mão e a ira - Parte Final
Lenda da Província de Okinawa

Adaptação livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)

 

Na primeira parte desta lenda, um pescador chamado Midon, da aldeia de Otoman em Okinawa, adoeceu e ficou muito tempo sem trabalhar. Para seu sustento e da mãe, emprestou dinheiro do samurai Kodama Sozaemon. O pescador pensava que em dois meses voltaria à pesca e poderia pagar o empréstimo e seu alto juros. Porém decorrido o prazo, Midon não havia recuperado a saúde. O samurai concordou em prorrogar o prazo por mais dois meses, mas no dia marcado o pescador ainda não havia conseguido o dinheiro e por isso se escondeu. O samurai percorreu toda aldeia e acabou encontrando-o escondido nos rochedos. Kodama Sozaemon estava furioso e não aceitava as desculpas do pescador. Quando ele ergueu sua espada visando cortar o pescoço do pobre homem soou uma voz do fundo da caverna que falava em dialeto Okinawa, incompreensível para o samurai.

- Midon, o que disse a voz?
-Tenho certeza de que era a voz de um deus. Ela disse: “Se sentir a ira, recolha o punho, se o punho avançar, reprima a ira”.

-Está bem, por hoje passa. Não estou me sentindo bem. Hoje vou me embora. Mas amanhã me traga o dinheiro à minha casa, está entendido? Se mentir desta vez, não o deixarei vivo, está ouvindo, Midon?
Kodama foi embora. Agradecido, Midon curvou-se reverentemente em direção ao fundo da caverna e agradeceu a intervenção da divindade.

No dia seguinte o pescador bateu à porta de várias famílias e conseguiu reunir emprestado a quantia correspondente ao pagamento e se dirigiu, ainda com medo, à mansão de Kodama. O comerciante não estava mais lá. Havia embarcado num navio para Satsuma.

Durante a viagem, o comerciante parou em duas ou três ilhas para tratar de negócios, chegando à sua casa de Satsuma, na noite do terceiro dia.

Considerando o avançado da hora e não querendo acordar o pessoal da casa, entrou pelos fundos. Na alcova havia luz. Ao olhar para o leito da mulher, Kodama quase não acreditou no que via. Ao lado da esposa deitada, aparecia a cabeça de um homem. Transtornado, o mercador ergueu a espada, para dar um golpe fatal. Nesse instante, ecoou nos ouvidos do samurai a voz da caverna de Itoman: “Se surgir a ira recolha o punho; se o punho avançar, reprima a ira!”

Nesse momento o homem que estava dormindo ao lado de sua mulher levantou e disse:
-Oh, é você filho, voltastes tão tarde da noite.
Era sua mãe usando uma peruca de homem.

-Sabendo que você está ausente, pode haver alguém que tente invadir a casa. Por isso, sempre que você viaja, coloco esta peruca de homem e venho dormir no seu quarto.
Suando frio o samurai pensou: Se aquela voz não ecoasse nos meus ouvidos, eu teria com certeza assassinado minha mãe e minha mulher. Kodama agradeceu de coração à divina providência.

Um ano depois completamente recuperado, Midon, que trabalhou intensa e incansavelmente, reuniu o dinheiro e juros da dívida e se preparava para viajar a Satsuma. Nesse dia, Kodama veio visitá-lo.

Além do empréstimo e juros, o pescador queria entregar mais dinheiro ao comerciante, em sinal de gratidão, pois o socorrera em hora de dificuldades. Colocando o braço no ombro de Midon, o samurai declarou:

- Graças à voz da caverna ouvida naquela ocasião, não matei minha mãe e minha mulher. Hoje vim aqui para expressar meus agradecimentos a você. Sua dívida está quitada. Quero que esse dinheiro fique com você.
- Não posso aceitar, é um absurdo!
- Nada disso, aceite-o por favor.

A discussão entre os dois parecia não ter fim. Para solucionar o impasse, Kodama propôs:
- Então, que acha deixarmos esse dinheiro no fundo da caverna em sinal de nossa gratidão?
E colocaram o dinheiro no interior da caverna.

Anos depois, os habitantes de Itoman construiram um templo, no alto da rocha da caverna dedicado ao seu deus tutelar, dando lhe o nome de Hakugin-dô (Templo da Prata Branca).
Como as palavras da caverna equivalem ao princípio do karatê, segundo o qual jamais se deve atacar primeiro, Hakugin-dô é também o deus da arte do karatê.

Fim!

 
Adaptação livre de Claudio Seto
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