Há
muitos e muitos anos vivia um casal de velhinhos numa distante
vila rural. O casal era muito pobre, porém, trabalhador,
honesto e muito sincero.
Certo dia
o velhinho e a velhinha foram catar lenha na montanha. Lá
eles encontraram um pobre coelho preso numa armadilha. Penalizados,
libertaram o bichinho daquele cruel sofrimento.
Alguns dias
depois, uma jovem vestida de quimono branco visitou a casa do
casal.
-Desculpe-me
por incomodá-los com meus problemas, mas acontece que perdi
meus pais e a casa onde morava em um incêndio. Agora não
tenho para onde ir. Por favor me ajudem permitindo que eu more
com vocês. Eu trabalharei bastante em troca de comida e
moradia, suplicou a jovem visitante.
-Você
pode permanecer aqui quanto tempo desejar. Mas devo avisá-la
que somos pobre e temos pouco arroz a lhe oferecer, disse o ancião.
A jovem ficou
muito agradecida e passou a morar na cabana dos velhinhos como
filha adotiva. Ela era muito trabalhadeira e ajudava o velhinho
na plantação de arroz, na colheita de lenha e a
velhinha na cozinha, arrumava a casa e lavava as roupas no riacho.
Com a preciosa colaboração da mocinha, a vida do
casal melhorou bastante, porém, havia uma grande falta
de comida na casa.
Certa noite
enquanto os três apreciavam a lua cheia, a mocinha disse
ao casal:
-Preciso confessar
a vocês que sou um coelho encantado. Sou aquela que vocês
salvaram a vida na montanha, livertando-me daquela armadilha.
Diante do casal atônito a mocinha foi contando: Para dizer
a verdade eu vim da lua para encontrar com meus amigos da terra.
Num momento do descuido fiquei presa na armadilha. Depois de libertada
por vocês senti que era meu dever e honra ajudá-los
de alguma maneira e retribuir a bondade com que me trataram. Por
isso tomei uma forma humana para realizar meu objetivo.
-Apesar dos
meus esforços em ajudar vocês a aliviarem um pouco
do penoso trabalho diário, descobri que é impossível
eu mudar a vida de vocês e resolver o problema da pobreza
e alimentação que tanto falta nesta casa. Ficarei
muito feliz se conseguir amenizar a fome de vocês nem que
seja por tempo determinado.
-Por favor,
comam-me! Dizendo a mocinha que havia voltado para sua forma original
de coelho, saltou para dentro um tacho cheio de água fervendo.
O casal tentou
retirar o coelho da panela, mas era tarde demais. O vapor que
saiu do tacho foi subindo em direção da lua. E para
surpresa do casal, viu-se no meio do vapor o rosto sorridente
e feliz do coelho.
Depois dessa
ocorrência, sugiu na lua uma mancha que representa a silhueta
de um coelho socando o pilão para fazer o moti (bolinho
de arroz glutinoso).
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