Certa
ocasião, um homem de 70 anos, muito doente, chamou sua
irmã viúva e o filho dela para virem morar com ele.
Como estava com idade avançada, pretendia deixar a propriedade
de herança para o sobrinho. Até mudar-se para a
casa do tio, o rapaz pouco sabia sobre a vida dele, pois o homem
vivia sozinho e não era acostumado a visitar a casa de
parentes.
Um dia, quando
o rapaz estava sentado ao lado do leito do tio, doente, fazendo-lhe
companhia, viu uma enorme borboleta branca entrar no quarto. A
borboleta voou em círculo e pousou no travesseiro do tio,
que estava deitado.
Como pousou
calmamente, o sobrinho pensou em deixar o inseto ali mesmo. Mas,
preocupado que o bicho pudesse assustar o tio, que estava dormindo,
assoprou em direção do bicho para que voasse de
volta para fora da casa. A borboleta levantou vôo e ficou
circulando a roupa de cama do tio. De repente, saiu voando para
fora da janela.
O menino achou
a borboleta um pouco diferente e resolveu segui-la. Como o tio
estava dormindo, não haveria mal algum deixá-lo
sozinho por algum tempo. A borboleta branca voou em direção
do cemitério, que ficava do outro lado da rua e próximo
da casa.
Foi diretamente
para uma tumba e, então, desapareceu misteriosamente. O
jovem procurou, mas não viu mais nada. Teve a impressão
de que a borboleta iria pousar na tumba com o nome Akiko, quando
a perdeu de vista. Resolveu, então, voltar para casa.
O menino ausentou-se
somente por alguns minutos, mas, nesse intervalo, seu tio havia
falecido.
Depois do
enterro, conversando com a mãe, ele contou sobre a visita
da borboleta pouco antes da morte do tio. Porém, nada disse
sobre sua perseguição ao cemitério para não
ser ralhado por ter deixado o tio enfermo sozinho. Quando lamentava
que pouco sabia sobre seu recém-falecido tio, a mãe
lhe contou que o irmão, quando jovem tinha uma noiva que
amava muito. Porém, dias antes da data marcada para o casamento,
a noiva faleceu vítima de uma doença. Ele, então,
comprou uma casa próxima do cemitério onde ela estava
enterrada para poder zelar sua sepultura. Assim, durante 50 anos,
tinha cuidado da tumba, limpando, colocando flores e rezando diariamente
para Akiko.
Assustado,
o menino contou à mãe que a borboleta tinha desaparecido
exatamente no túmulo com a inscrição Akiko.
A mãe,
então, ficou satisfeita, dizendo que seu irmão teve
uma morte feliz. Certamente, o espírito de Akiko tomou
forma de borboleta e veio buscar o espírito do homem que
durante toda vida a amou.
Na crendice
popular japonesa, muitas vezes a borboleta branca é vista
como alma de uma pessoa falecida.
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