Na
época em que Kyoto ainda era capital do Japão, um
samurai perdeu o emprego devido à queda do clã a
que servia. Então, partiu para outra província à
procura de trabalho, abandonando a esposa em Kyoto. Na ocasião,
ele achou que seria melhor assim, pois poderia começar
uma vida completamente nova.
No
novo emprego, com o passar do tempo, foi ocupando cargos importantes
e casou-se com uma jovem e rica herdeira. Porém, anos depois
percebeu que, apesar de ter se tornado muito rico, não
era feliz, porque não amava a nova esposa tanto quanto
tinha amado a primeira.
Não
suportando mais o sufoco no peito, causado pela saudade, resolveu
procurar pela primeira esposa para pedir desculpas e tentar a
reconciliação.
Assim,
pela segunda vez, abandonou a mulher e voltou para Kyoto. Lá
chegando, foi procurar a velha casa, onde havia morado há
muito tempo. Para sua surpresa, na casa encontrou a primeira mulher
que, apesar dos anos, não havia envelhecido nem um pouco.
Era como se ela estivesse sempre lá, à espera de
sua volta.
Ele
implorou perdão, sendo aceito pela mulher imediatamente,
que não queria falar do passado, mas viver o momento presente,
pois para ela havia terminado uma longa espera.
O reencontro
foi maravilhoso. Os dois se amaram no mesmo quarto, como nos velhos
tempos de recém-casados. Na manhã seguinte, o samurai
despertou feliz e levou um grande susto ao ver que estava deitado
ao lado de um empoeirado esqueleto.
Perguntando
pela vizinhança, ele descobriu que sua primeira mulher
havia falecido depois de alguns meses que ele a abandonara.
Para
não cometer o mesmo erro duas vezes, na tentativa de remediar
a situação, ainda que em parte, voltou para a outra
cidade. Lá, descobriu que sua casa havia sido vendida.
O corretor de imóveis lhe informou que sua segunda mulher
vendeu a casa e desapareceu misteriosamente.
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