Quando
mestre Shamon da seita Zenchi chegou ao templo Kofukuji, a partir
do lago Sarusawa, por uma ampla escadaria edificada no ano 669,
a região estava branca de flores de cerejeiras ornamentais
da espécie Yaezakura. Enquanto admirava a floração,
um discípulo praticante de meditação Zenchi
aproximou-se muito desanimado e confidenciou:
- Mestre,
estou triste. Por mais que me esforce não consigo me concentrar
durante a meditação. Quando ajoelho, minhas pernas
começam a formigar, minha mente se distrai e fico bocejando
de sono. É terrível, pois minha vontade é
fazer uma bela meditação.
- Não se preocupe, isso vai passar disse Shamon,
apreciando as flores.
Poucos
dias depois, o discípulo chegou animado à sala de
refeições e disse:
- Mestre, o senhor tinha razão. Minha fase improdutiva
passou! Agora me sinto ótimo durante a meditação.
Fico sereno, relaxado, mas não sinto sono. Estou praticando
uma meditação maravilhosa!
- Não
se preocupe, isso vai passar disse Shamon calmamente apreciando
as cerejeiras.
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Koi nobori
No
dia 5 do mês 5 é costume no Japão, principalmente
nas casas onde existem meninos, empinar uma flâmula em forma
de carpa chamado koi nobori em um comprido mastro de bambu. Como
no mosteiro do Monte En moravam vários kobozu (aprendizes
de monge), o abade resolveu também empinar koi nobori em
homenagem aos noviços.
Vendo
as carpas nadando ao sabor do vento, um discípulo
comentou:
- O vento está se movendo com boa velocidade.
Outro noviço que estava ao seu lado comentou:
- Que nada, é a flâmula que se move rapidamente.
Mestre Shamon, que estava junto com os meninos apreciando as flâmulas,
disse:
- Nem uma coisa nem outra, é nossa mente que se move.
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