Assim
que a mulher saiu andando pela rua, o comerciante chamou seu amigo:
- Vamos atrás dessa raposa!
Nisso,
percebeu que seu amigo estava aterrorizado e tremendo de medo.
- O que foi? Parece que viu um fantasma.
- Exatamente,
aquela é a mulher que faleceu na minha cidade no começo
do mês.
- O quê!? Então não é uma raposa e
sim um fantasma!? Bem que eu estava achando-a muito pálida...e,
pensando bem, o único lugar próximo daqui em que
existe a árvore momiji é no cemitério.
- Isso
é muito misterioso. Para que um fantasma vem buscar melado?
- Vamos perguntar ao monge. Quem sabe ele tem uma explicação.
Os
dois amigos foram até o templo e contaram a história
para o monge local. Os três resolveram, então, ir
até o pé de momiji no cemitério. Lá
chegando, realmente existia uma sepultura nova com a inscrição
do nome da mulher que havia morrido na cidade vizinha.
- Vamos
orar para que a alma dela descanse em paz - disse o monge ajoelhando-se
diante do túmulo, e os três começaram a rezar.
Nesse exato momento ouviram o choro de uma criança. Apesar
de arrepiados de susto e de medo, procuraram perto do túmulo
de onde vinha o choro.
Havia
um cesto com um bebê dentro. Ao lado da criança,
um bilhete e uma tigela. O comerciante imediatamente reconheceu
a tigela como sendo aquela que a mulher levava todas as noites
para comprar melado.
O monge
levantou o tyotin (lanterna) e leu o bilhete.
- Uma mulher abandonou o filho porque está em péssima
condição financeira e não tem como criá-lo.
Meu Deus, pela data esta criança foi abandonada há
uma semana. Como terá sobrevivido até hoje?
Olhando
para a tigela vazia os três entenderam a resposta.
- Acho que o instinto materno é algo que sobrevive à
morte física disse o monge. Mesmo morta, essa bondosa
mulher ajudou o bebê a sobreviver, trazendo melado todos
os dias para a criança.
Comovidos pela bondade do fantasma, os três rezaram para
que a alma dela pudesse descansar em paz. O monge prometeu diante
do túmulo que cuidaria da criança no templo.
O comerciante
disse ao monge que, se precisasse de melado, poderia ir buscar
quanto quisesse. A partir desse dia o fantasma da mulher não
apareceu mais para comprar mizuame.
Fim.
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