No
início do Período de Edo (1615-1868), com a unificação
do Japão, iniciava-se finalmente uma época de paz,
após 100 anos de guerra contínua entre feudos.
No
pequeno feudo de Shimosa, os lavradores se sentiram aliviados,
pois terminada as sucessivas batalhas, acreditavam que os impostos
elevados à pretexto da manutenção do exército
e compra de materiais bélicos, finalmente baixariam. Passado
o tempo, como isso não aconteceu, em 1655, os lavradores
de 200 aldeias se reuniram e elegeram um delegado para representá-los.
Sogorô, um lavrador de meia idade, chefe da aldeia de Sakura
(hoje prefeitura de Chiba) foi o indicado para apresentar petição
ao daimyo (senhor feudal) local, Hotta Masanobu (1629-1677), solicitando
a diminuição de impostos excessivos.
O apelo
foi rejeitado pelo jovem senhor. Sogorô resolveu dar então
um passo sem precedentes na história do cooperativismo
rural japonês e viajou até Edo para expor o caso
ao então shogun, Tokugawa Iemitsu, o ditador militar do
Japão.
Isto
teve como resultado o desmascarar do nobre avarento daimyo Masanobu,
que se viu obrigado a cancelar os impostos. Furioso por ter perdido
o seu domínio sobre esse assunto, que passou a ser controlado
pelo shogunato Tokugawa, Masanobu acusou Sogorô de conspiração
e traição por estar praticando o cristianismo
que estava proibido pelo governo Tokugawa desde 1639.
A ira
do daimyo recaiu sobre a família do líder rural.
Os três filhos foram decapitados na sua presença,
Sogorô e sua mulher foram crucificados. Porém, antes
de morrer, diante da multidão que veio assistir sua execução,
Sogorô jurou em voz alta que seu espírito haveria
de exigir vingança pela injustiça cometida à
sua família.
Desde
então, aparições fantasmagóricas começaram
a assombrar o castelo do daimyo. Ocorreram mortes trágicas
dos soldados que forjaram falsas provas de cristão imputados
à Sogorô. Depois, os soldados que participaram da
execução de seus filhos e os da crucificação
de sua mulher também tiveram morte misteriosa O pânico
tomou conta do castelo. As noites tornaram-se horríveis
para Masanobu que deparava a todo instante com o fantasma de Sogorô.
Já não conseguia dormir e estava enlouquecendo.
Nessa época sua mulher e o filho também morreram.
Houve uma paranóia geral no feudo, todos diziam ter visto
a aparição de Sogorô e o medo tomou conta
de tudo. Completamente louco, o damyo Hotta Masanobu perdeu seus
domínios e foi banido para Tokushima.
Mesmo
assim não cessou a aparição de Sogorô
pelos corredores do castelo. Enfim construíram um santuário
e começaram a rezar para apaziguamento do espírito
vingador, que então, finalmente, deixou de assombrar a
localidade. FIM
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