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Arquivo NippoBrasil - Edição 080 - 23 a 29 de novembro de 2000
 
A Serpente Encantada - Parte 1
A Lenda da Origem da Cobra Cega e do soar dos sinos nas montanhas japonesas

Adaptação livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)

Dizem os japoneses que nem sempre a cobra cega foi cega. Antigamente ela tinha olhos e enxergava muito bem. Mas tudo começou há muitos e muitos anos, antes mesmo dos sinos das montanhas passarem a ser tocados, todos os dias, ao amanhecer e ao entardecer no Japão. Havia naquele tempo, um jovem lenhador de nome Kihei. Ele era muito solitário, pois desde que seus pais morreram vivia sozinho numa pobre choupana no meio da floresta. Semanalmente ia até a aldeia mais próxima entregar as lenhas pedidas pelos moradores e aproveitava para comprar alguns mantimentos para sua sobrevivência.

Certa tarde de inverno, após um dia de duro trabalho, quando voltava para casa carregando um fardo de lenha nas costas, numa paisagem coberta de neve, ouviu um gemido entre os arbusto e parou para ver o que era. Empurrando as folhas para os lados, o lenhador deparou com uma linda donzela desmaiada. Kihei levou um grande susto ao ver seus longos cabelos enroscados nos galhos e tratou de ajudá-la, tirando-a apressadamente do local, pois ela já estava quase congelando naquela posição. Tomou-a em seus braços e carregou-a correndo entre as grandes árvores até chegar em sua casa.

O lenhador deitou a moça cuidadosamente no tablado, acendeu o fogo para esquentá-la, ferveu a água e limpou a testa dela que ainda conservava uns flocos de neve. Kihei preparou também um chá de ervas medicinais e serviu à ela fazendo de tudo para reanimá-la. Aos poucos a donzela foi recuperando os sentidos, mas continuou pálida e enfraquecida. Mesmo assim ela olhou para ele e esboçou um sorriso de agradecimento. O jovem ficou muito feliz em ver que ela estava melhor. Cobriu-a com uma colcha e disse com voz sussurrante:

- Descanse bastante, vai se sentir bem melhor amanhã.
No dia seguinte, Kihei, levantou mais cedo que de costume, pois estava preocupado com a saúde da moça desconhecida. Ficou surpreendido ao constatar que ela já estava de pé fazendo faxina por toda casa.

- Puxa, nem parece a minha casa! Tudo está limpo, sem bagunças nem poeiras!
A moça olhou para ele, ajoelhou-se e agradeceu abaixando a cabeça:
-Graças a você estou viva. Se você não passasse por lá naquele momento, com certeza a esta hora, eu estaria sem vida e congelada. Muito obrigada mesmo.
-Ora, não exagere, o que fiz qualquer pessoa faria.

Pouco depois ela preparou o almoço e os dois comeram sentados em torno de uma mesinha baixa. Kihei estava muito feliz. Pela primeira vez desde que sua mãe falecera há quase 7 anos, comia uma refeição preparada por outra pessoa. A presença da jovem deixava o lenhador ao mesmo tempo feliz e envergonhado. Nenhuma garota jamais tinha entrado naquela solitária cabana no meio da floresta. Os olhos dos jovens se cruzavam à todo momento e um sorriso feliz brotava nos lábios dos dois.
Kihei estava curioso para saber tudo a respeito dela e fez várias perguntas ao mesmo tempo.
- Qual é o seu nome? Onde você mora? Para onde estava indo?

O sorriso se apagou dos lábios da donzela que baixando os olhos ficou quieta. O lenhador percebeu por algum motivo que ela não podia responder suas perguntas. A julgar pela beleza, talvez fosse princesa de um castelo derrotado na guerra e precisava manter em sigilo sua identidade para não ser descoberta pelos soldados inimigos.

- Ora não fique chateada. Não precisa responder. Perguntei por perguntar. Só peço que volte a sorrir, pois você tem o sorriso mais lindo que já vi.
Os dois se deram muito bem e ela foi ficando na casa de Kihei cuidando de todos os afazeres domésticos. Kihei estava completamente apaixonado por ela e pediu-a em casamento. A moça concordou com a condição de que ele jamais perguntasse nada a seu respeito.

Os dias que se seguiram foi de muita felicidade para o casal. A floresta que até há poucos dias parecia triste e solitária para Kihei, como por encanto se transformou num paraíso. Eles corriam pela mata apanhando frutos silvestres, subindo em árvores e nadando nos riachos. Eles se tornaram inseparáveis, ela o ajudava a cortar e carregar a lenha e em todos os trabalhos que ele precisasse executar. Ela realmente era muito trabalhadeira, dormia muito pouco e mesmo quando Kihei estava descansando, ela continuava fazendo os serviços do lar.

O tempo passou e um dia ela confidenciou ao marido que estava grávida. Kihei ficou muito contente. Uma criança viria para completar a felicidade daquele lar no meio da floresta. Meses depois, próximo da data prevista para o nascimento do bebê, ela fez um pedido estranho.
- Quero dar a luz no depósito de lenha. Peço que levante paredes bem fechadas para deixar o local escuro.

Como havia prometido não questionar nada à respeito dela, Kihei atendeu prontamente o pedido e fechou o depósito da melhor maneira possível. Sete dias depois, ela disse:

- O momento está bem próximo, quero ter a criança sozinha, prometa que não irá ao depósito, nem que seja apenas para dar uma espiadinha.

Kihei achou estranhíssimo o pedido dela, porém prometeu que não iria ver, pois amava-a demais para contrariar seus desejos. Assim ela se internou no depósito.

Continua...

 
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