Adaptação
livre de Claudio Seto
(Texto e desenhos: Claudio Seto)
Conforme
o Horóscopo Zenchi, também chamado de Horóscopo
Japonês da Zenchikyô (Seita Zenchi), o ano que vem,
2001, será o Ano da Nobre Serpente. Consta que em tempos
passados a serpente e a rã sendo moradoras do charco eram
amigas inseparáveis. Acontece que nessa época a
serpente tinha quatro patas e a rã nenhuma. Para se locomover
a rã rastejava sobre a barriga como faz hoje a serpente.
A serpente vaidosa passava o dia todo se mirando no espelho dágua
e deixava o trabalho de apanhar os insetos para a coitada da rã.
Apesar
de amigas, as pessoas gostavam mais da rã porque apanhando
os insetos, elas se viam livres de picadas e pestes. Por outro
lado, todos desconfiavam da manhosa serpente que nada fazia além
de embelezar sua escama.
Por
sentir-se rejeitada a serpente começou a morder os homens
e os animais, às vezes com botes fatais. Apesar de ter
sido convidada pela divindade Ama no Wakahiko para receber o título
de Nobre Animal Signo das mãos de Zenchi no Mikoto, e pedido
para que parasse de morder as pessoas, a obstinada serpente continuou.
Como castigo, Wakahiko cortou as quatro patas dela e deu para
a rã.
Ferida
em sua vaidade, a serpente sentiu-se envergonhada pelo modo que
vinha agindo e mudou seu modo de ser na tentativa de se redimir.
Passou a ajudar seu primo, o dragão, a controlar as chuvas
e fez um testamento doando seu corpo para os homens fazerem medicamento
depois da sua morte. Reconhecendo seu esforço, o Deus Zenchi
atribuiu um lugar na Roda do Destino dos Signos, logo atrás
do dragão, sendo outorgada com o título de Nobre
Serpente.
Apesar
de tudo, a serpente continuou a odiar a rã por ter ficado
com suas patas. Ainda hoje ela continua tentando devorar as rãs.
A
lenda do Nobre Dragão Signo
No
Horóscopo Zenchi, também conhecido como Horóscopo
Japonês este ano de 2000 é o ano regido pelo
Dragão. Conta a lenda que o Dragão era um animal
ambicioso e queria tirar o trono do Tigre, que no Oriente é
o rei dos animais. Isso provocou homéricas lutas entre
os dois, que durou muitos e muitos anos, sem que nenhum saísse
vitorioso. Como os demais animais não conseguiam dormir,
devido a barulheira que esses dois faziam na eterna briga, pediram
ao deus Zenchi no Mikoto para intervir na briga e fazer um julgamento
dos dois. Ao saber disso, o Dragão ficou muito preocupado
pensando que seu aspecto não era suficientemente impressionante
para ser nomeado rei.
Nessa
época o Dragão ainda não tinha chifre, e
quem tinha era o Galo. Então um mukade (lacraia, espécie
de centopéia) sugeriu ao Dragão que emprestasse
o chifre do Galo para ficar com o aspecto mais feroz. Em princípio
o Galo recusou-se a fazer o empréstimo, mas como a centopéia
endossou a honestidade do Dragão, o Galo que era muito
amigo da centopéia concordou com o pedido.
No
dia do julgamento, Zenchi no Mikoto desceu ao Monte Fuji em seu
Cavalo Alado e encontrou o Tigre e o Dragão com aspectos
terríveis, fazendo poses ferozes e mostrando as garras.
Cada um queria mostrar que era o mais valente e temido entre os
animais. A divindade Zenchi sem titubear nomeou o Tigre, rei da
terra, e o Dragão, rei da água. Como o Tigre já
havia sido escolhido para ser animal-signo, deu a mesma prerrogativa
ao Dragão.
O Dragão
ficou muito feliz com sua nomeação a rei e a animal-signo
e concluiu que não poderia devolver o chifre pois com ele
se apresentou na frente do deus Zenchi no Mikoto. E o chifre era
uma espécie de coroa de sua nobre posição
de monarca da água. O Galo ficou furioso e foi procurar
a centopéia endossante do Dragão. Esta se escondeu
debaixo da terra pois não tinha como se desculpar. Dizem
que ainda hoje, os galos adoram comer centopéias, e seu
canto na verdade é seu grito de protesto ao Dragão.
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