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Arquivo NippoBrasil - Edição 078 - 9 a 15 de novembro de 2000
 
A lenda dos nobres animais signos - Parte 2

Adaptação livre de Claudio Seto
(
Texto e desenhos: Claudio Seto)

Continuação...

O TIRANO OKIMI
Montados em enormes tubarões, a princesa Toyotama e o príncipe Hoori chegaram a Mizuho no Kuni. Nos três anos de ausência de Hoori muitas coisas aconteceram, entre os quais a morte de seu pai, o rei (Okimi) Hassuseiri no Mikoto (Divindade Espiga Madura). Seu irmão Hohodemi no Mikoto havia assumido o trono passando a governar como um tirano causando um grande descontentamento entre os súditos. A volta do príncipe Hoori foi muito festejado pelo povo, que via nele uma pessoa bondosa e justa.

Hoori entregou o anzol para o irmão que agora era o rei e pediu desculpas pela demora. Hohodemi comunicou a Hoori que metade das terras seriam dele conforme o desejo do pai, antes de morrer. Assim Hoori no Mikoto construiu uma enorme casa e dedicou se a plantação de arroz, contando com a ajuda de alguns súditos que lhe era fiel. Com o tempo verificou-se que a plantação do príncipe Hoori sempre tinha água em abundância enquanto que a plantação do rei Hohoderi vivia seca e quase nada era possível colher.

No ano seguinte, o rei Hohodemi trocou as terras de cultivo de arroz dele pelas terras do príncipe Hoori. Porém o fenômeno continuou; na plantação de Hoori havia água e de Hohodemi, a seca não deixava produzir nada. No outro ano, mais uma vez, Hohodemi trocou as terras de cultivo com o irmão, e o fenômeno voltou a acontecer.

O rei Hoodemi estava muito zangado com inexplicável sucesso do irmão e o fracasso de sua plantação de arroz. No terceiro ano, não suportando ouvir os tambores que festejavam a boa colheita na aldeia de Hoori, resolveu matá-lo. Apesar de dedicar grande parte de seu tempo ao cultivo de arroz, Hoori não perdera o hábito de caçar com seu arco e flecha nas matas próximas à sua aldeia. Certo dia, sabendo que o príncipe saiu para caçar, o rei enviou um grupo de cem soldados com a ordem de eliminá-lo.

No meio da floresta, como bom caçador, Hoori encostou o ouvido esquerdo ao solo e percebeu que grande quantidade de pessoas vinha em sua direção. Então subiu em uma árvore alta e ficou a espera, para descobrir o que estava acontecendo. Ao se aproximarem, Hoori viu que os soldados de seus irmãos, fortemente armados, seguiam suas pegadas guiados pelos melhores cães farejadores da aldeia. Hoori tentou descer apressadamente da árvore porém os cachorros começaram a latir furiosamente e ele foi visto pelos soldados que num piscar de olhos cercaram a árvore.

- Sentimos muito alteza, mas temos ordens para matá-lo. Seu irmão o rei, não está gostando nada do seu sucesso na colheita de arroz. – Dizendo isso, os soldados começaram a atirar flechas na direção do galho onde estava Hoori. Vendo-se impossibilitado de qualquer defesa, o príncipe apertou a “Jóia da Maré Alta” com a mão direita. De repente um estrondo ensurdecedor foi ouvido e o mar avançou em violenta fúria sobre a floresta. Vendo o rápido avanço das águas, os soldados tentaram fugir porém foram arrastados pela forte correnteza que alagou toda mata.

Assim que a água passou levando tudo que via pela frente, Hoori desceu da árvore e foi embora para sua aldeia. No caminho ouviu a voz de seu irmão que pedia por socorro. Correu até a beira do mar e viu Hohodemi que havia seguido a tropa para assistir a morte do irmão, debatendo desesperadamente entre as ondas revoltas. O príncipe então, apertou a “Jóia da Maré Baixa” e as águas se acalmaram como por encanto dando condição de puxar seu irmão para terra firme.

Envergonhado pelo que fizera e comovido pelo gesto do irmão, o rei Hohodemi resolveu ceder o trono ao príncipe e retirar-se para o alto da montanha, onde pretendia fazer meditação para desenvolvimento espiritual e orar pelo bem estar de Mizuho no Kuni (País da espiga de Arroz – hoje Japão).

TOYOTAMA HIME
Nomeado okimi (rei) do “País da Espiga de Arroz”, Hoori reinou com amor, justiça e sabedoria. A técnica da plantação de arroz, bem como o método de armazenagem evoluíram muito naquele período. Para completar sua felicidade, recebeu a comunicação de sua esposa que um herdeiro estava a caminho. Hoori não podia estar mais feliz, o povo estava satisfeito com seu governo, pessoas de países vizinhos traziam peles e artesanatos para trocar com arroz produzido em Mizuho. Agora a linhagem de Amaterassu Omikami, a Augusta Deusa Sol, estava para ter continuidade, com seu filho que estava para nascer.

Quando chegou o dia esperado, a rainha Toyotama disse ao marido que desejava ter o filho sozinha no pavilhão à beira mar e pediu que ele e nem ninguém não fosse ver. Apesar de ter prometido que não iria, com o passar das horas Hoori foi ficando ansioso para ver a cara do filho e ao mesmo tempo preocupado pois algo poderia ter acontecido com sua esposa. Não conseguindo mais se conter correu sorrateiramente ao pavilhão. Hoori chegou no exato momento em que ela, dava a luz ao seu filho, em sua forma natural de tubarão. O rei ficou surpreendido ao descobrir que na verdade, sua esposa era um tubarão encantado e que a quebra da palavra teria desfeito o encanto. Descoberta, Toyotama ficou envergonhada, entregou o filho ao marido e voltou para o Palácio do Dragão, no fundo do mar.

Mesmo voltando a viver no esplendoroso palácio do Rei do Mar, Toyotama continuou apaixonada pelo marido, e enviou-lhe a irmã Alma Possessa, para que ela cuidasse do filho. Depois Hoori se casou com esta e tiveram quatro filhos, o último deles, chamado Waka Mikenu e depois de conquistar a região de Yamato passou a ser chamado de Kamu Yamato Iwarehiko no Sumera no Mikoto, que entrou para história como Jinmu Tenno, o primeiro imperador do Japão.

 

COMENTÁRIO
A história dos dois irmãos descendentes da deusa Amaterassu, encontra-se em Kojiki (Crônica de Assuntos Antigos), cujos dados foram reunidos no ano de 712 d.C e complilados em 720 d.C. . Muitos contos e lendas sobre a existência do palácio do dragão, no fundo do mar, foi inspirado nessa passagem do Kojiki, sendo a mais famosa, a lenda de Urashima Tarô, o pescador.

Esse volume do Kojiki também consolidou a associação do Dragão com o tama , por isso é comum ver nas ilustrações antigas, o dragão segurando uma bola de cristal ou pérola gigante. A palavra tama, significa alma ou espírito (como em Toyotama Hime = Princesa Alma Luxuriante) e é representado por uma jóia redonda, estando entre os três tesouros da Família Imperial, ao lado da espada sagrada e do espelho.

Existe uma grande confusão em torno dos nomes Hohodemi e Hoori, as vezes citados como Hoderi e Hoori, Yamano Sachi e Umi no Sachi ou Yama no Satihiko e Umi no Satihiko e por aí a fora. As várias interpretações do Kojiki apresentam de modo diferente, cuja traduções teriam sentido completamente diferentes como: Pequeno Menino da Montanha e Pequeno Menino do Mar, ou Fogo Apagado e Fogo Aceso. Igualmente, na história não fica bem claro qual era o mais velho ou se eram gêmeos.

 
Adaptação livre de Claudio Seto
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