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Arquivo NippoBrasil - Edição 060 - 06 a 12 de julho de 2000
 
A lenda de Tanabata, a princesa tecelã
 

Adaptação livre de Claudio Seto
(
Texto e desenhos: Claudio Seto)

Era uma vez, uma única vez na história, no tempo da formação do Universo. O soberano Celestial, (Tem no Ô) ainda estava atarefado em confeccionar estrelas e dependurá-las no firmamento, para brilhar durante a noite. Também as nuvens ainda estavam sendo tecidas e, esta tarefa cabia a bela filha do Soberano Celestial, a princesa Tanabata Tsume. Ela sabia como ninguém, fazer as mais tênues tramas de tecido e justamente por isso, era conhecida como Orihime, a Princesa Tecelã.

Dia após dia, ela trabalhava sem parar em seu tear. Dele saiam tecidos tão leves e diáfanos, tão finos, macios e maleáveis, que seu pai os pendurava no céu entre as estrelas, por vezes deixando-os cair em pregas até quase tocarem a Terra. Hoje damos a estes tecidos o nome de nuvem, névoa e cortina de nevoeiro, conforme a densidade.

Inteiramente absorvido pela tarefa de formar o céu, o Soberano Celestial orgulhava-se muito da habilidade da filha e a ajuda de Orihime era muito valiosa. Porém um dia, ele percebeu que a Princesa Tecelã estava pálida. E disse:

- Filha, tens trabalhado tanto que bem mereces um pouco de descanso. Hoje está dispensada de tecer, e pode folgar o dia inteiro. Aproveite para visitar o Amanogawa. Mas não se esqueça de voltar ao trabalho amanhã, pois ainda necessito de delicadas cortinas de nevoeiro para as manhãs de primavera, e porções de nuvens brancas para o verão.

Orihime sentiu-se muito feliz. Há muito tempo desejava caminhar descalça em Amanogawa – o rio Celeste, conhecido no sul da margem oposta (Brasil) como Via Láctea, e divertiu sem preocupar. Até então não sobrava tempo para tamanha descontração.

A Princesa Tecelã, vestiu seu mais belo kimono e correu dançando por entre as estrelas do Rio Celeste. No meio da Via Láctea avistou, no meio da correnteza estelar, um belo jovem com chapéu de caipira, banhando um boi.

-Quem é você ó bela donzela? Perguntou o jovem vaqueiro.
-Sou a estrela Shokujosei no Tanabata Tsume, filha de Ten no Ô, o Soberano Celestial, mas me chamam de Orihime, a Princesa Tecelã, respondeu ela. Também sou conhecida no Hemisfério Sul da Via Láctea com o nome de estrela Vegas.

-Meu nome estrelar é Altair, o vaqueiro, mas no Extremo Oriente da Via Láctea me chamam de Kengyu no Hikoboshi – se apresentou o pastor de gado.
Daquele encontro casual começou a brotar um sentimento de felicidade, nunca antes sentido por Orihime. Os jovens se divertiram muito, brincando de pega-pega, rindo e correndo no rio Celeste. Depois a convite do Vaqueiro, Orihime concordou em visitar a casa dele.

Hirokoboshi ajudou a princesa montar no boi, e conduziu-a através da Via Láctea em direção ao Hemisfério Sul, seu lar. Lá chegando, se divertiram muito dançando juntos no prato celeste. Tamanha era a felicidade da princesa que esqueceu completamente as recomendações do pai, e os dias se passaram.

Preocupado com a demora da filha, o Soberano Celestial ficou desesperado. Chamou uma garça e mandou fazer uma busca, encarregando-a de dizer a princesa que voltasse o mais depressa possível ao Palácio Celeste. A garça avistou a princesa dançando na margem oposta da Via Láctea, e deu-lhe o recado. Porém, Orihime, estava tão feliz e divertindo-se como nunca que não deu ouvidos ao pássaro mensageiro.

Cansado de esperar e muito zangado com a desobediência da filha, o Soberano Celeste foi buscá-la pessoalmente:
- Não destes ouvidos a minhas palavras! – disse o deus do Espaço Celeste – olha o céu! Ainda falta muito trabalho a ser feito, e ficas aí com namoricos, quando precisamos de nuvens, névoa e cortinas de nevoeiro. Portanto não poderei mais dispensá-la do trabalho. Tens que voltar ao palácio e continuar a tecer.

E o Soberano Celestial despejou grande volume de água estelar no Rio Celeste. Então a Via Láctea que era largo porém raso que se podia atravessar a pé, foi transformado em rio caudaloso, tantas eram as águas de estrelas que a divindade celeste havia despejado.

Como a princesa Tanabata (Orihime) e o vaqueiro Altair moravam em margens opostas do Rio Celeste, ou seja, em hemisférios opostos da Via Láctea, não havia meio de se encontrarem mesmo as escondidas. Portanto a princesa voltou melancolicamente junto ao tear no Palácio Celeste.

Porém sentia-se tão solitária, e com tanta saudade de Altair, que não conseguia mais tecer. Ficava apenas sentada e chorando incessantemente. Ela havia descoberto que era mais feliz no pobre casebre rural do caipira vaqueiro do que no suntuoso palácio de seu divino pai.

No Hemisfério Sul, a estrela do vaqueiro Altair, também morria de saudades e passava o dia todo tocando sua sanfona e cantando:

Olé, mulher rendeira.
Olé, mulher rendá.
Tu me ensina a fazer renda
Que eu te ensino a namorar.

O vento levava a canção até o Palácio Celeste, que aumentava a saudade da princesa. De tanto chorar as nuvens que restavam no céu, desmancharam em forma de lágrimas e despencaram na Terra em forma de chuva.

O Soberano Celeste ficou desesperado porque com o volume de chuva caindo a Terra, iniciaram-se as inundações na Terra enquanto que no céu as nuvens foram desaparecendo. Então ele procurou a filha e disse:

-Por favor, minha princesinha, pare de chorar. Necessitamos tanto de nuvens, névoas e cortinas de nevoeiro para manter o equilíbrio da natureza. Por outro lado, se você continuar chorando, vai causado um dilúvio universal, que não restará um só vivente na Terra para contar a história. Vamos fazer um acordo e acabar com essa greve. Você volta a tecer com diligência e eu te concedo um dia livre por ano para ver o vaqueiro celeste.

Tais palavras devolveram a alegria à princesa, e ela retornou com entusiasmo o trabalho. E desde então nunca mais parou de tecer.
Mesmo sabendo que no futuro a princesa poderia requerer mais dias de folga, o Soberano Celeste cumpriu fielmente sua promessa. Uma vez por ano, na semana dos imigrantes japoneses, ele envia mil garças (senba tsuru) para o Rio Celeste, que com suas asas, eles formam uma ponte sobre as águas estelares profundas.

Trajando um lindo kimono, Orihime atravessa a ponte das Mil Garças e corre alegremente para a margem oposta ao encontro do seu amor. Altair, o fiel pastor de gado, que a aguarda ansiosamente.

Ambos se sentem radiantes por poderem ficar juntos durante um dia e uma noite. Dizem que um dia estelar equivale a uma eternidade terrestre. Por isso o amor dos dois é infinito.

 
Adaptação livre de Claudio Seto
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