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As
primeiras obras de História do Japão (Kojiki e Nihon
Shoki), de Geografia (Fudoki), e a antologia de poemas (ManYôshu)
foram compiladas na Era Nara. Além delas, foram escritas
outras obras de menor importância pelos clãs regionais
ou a mando deles, já que o homem sempre teve o desejo de
deixar para a posteridade os seus feitos.
Kojiki
É
o livro de História do Japão considerado o mais
antigo. A obra foi concluída em 712, a mando da imperatriz
Genmei. Foi compilado por Ô-no-Yasumaro, com auxílio
de Hieda-no-Are. Trata-se de uma obra em três volumes. No
primeiro, são relatadas as peripécias dos deuses,
desde a criação do arquipélago japonês;
no segundo e terceiro volumes, as biografias dos imperadores,
desde o primeiro soberano do clã Yamato, o imperador Jinmu,
que subiu ao trono em 660 a.C., embora considerado pelos historiadores
como um personagem fictício para legitimar a linhagem divina
da família imperial, já que ele é considerado
descendente direto da deusa do sol Amaterasu Ômikami. A
obra termina com o governo da imperatriz Suiko (592~628).
No
Kojiki, são relatados episódios como o do capricho
da deusa do sol, Amaterasu Ômikami, que se escondeu na caverna
deixando o mundo mergulhado nas trevas; a aventura de Susanô-no-Mikoto,
que mata a gigantesca serpente de 8 cabeças usando sua
astúcia; e outras histórias.
Nihon
Shoki
Primeiro
livro oficial de História do Japão, foi concluído
em 720 e compilado pelo príncipe Toneri Shinnô, terceiro
filho do imperador Tenmu, e muitos outros. É uma obra de
30 volumes, que começou a ser compilada na época
do imperador Tenmu (673 ~ 686) e levou 39 anos para ser concluída.
Como há muitas citações de obras chinesas
e coreanas, acredita-se que houve a participação
de muitos kika-jin (intelectuais estrangeiros naturalizados) em
sua confecção. Assim como Kojiki, relata desde os
tempos dos deuses até a imperatriz Jitô (645~702),
esposa do imperador Tenmu, que ocupa o trono após a morte
do marido (690~697).

Fudoki
Em
maio de 713, a imperatriz Genmei ordena que sejam feitos relatórios
de cada região (fudoki) seguindo os cinco itens abaixo:
Colocar o nome nas comarcas formado por dois ideogramas auspiciosos;
Relatar todos os produtos (tudo que se colhe da natureza, excetuando-se
os produtos agrícolas e manufaturados), plantas, peixes,
aves e animais da comarca;
Detalhar as condições dos solos; se são
férteis ou não; terras produtivas e as que possam
se tornar produtivas;
Descrever montanhas, rios, campos e explicar a origem de seus
nomes;
Anotar as lendas contadas por anciãos.
Dessa
forma, devem ter sido entregues fudoki de mais de 60 regiões,
mas foram conservados até os dias de hoje apenas 5 fudoki,
a saber: de Izumo-no-Kuni, Hitachi-no-Kuni, Harima-no-Kuni, Bungo-no-Kuni
e Hizen-no-Kuni. Dentre eles, o único que existe ainda
hoje na íntegra é o Izumo-no-Kuni, fudoki concluído
em 733, no qual constam as descrições de Izumo-no-Kuni,
atual província de Shimane, e de seus templos xintoístas
e budistas, montanhas, rios, estradas e produtos da natureza.
Harima-no-Kuni
(atual província de Hyogo) fudoki, um dos primeiros a ficar
pronto, foi concluído por volta de 715, com registro de
muitas lendas populares num estilo bastante singelo. O fudoki
de Hitachi-no-Kuni (atual província de Ibaraki) deve ter
sido concluído entre 717 a 724, e os de Bungo-no-Kuni (atual
província de Oita) e de Hizen-no-Kuni (atuais províncias
de Saga e Nagasaki), por volta do ano 739.
ManYôshu
É
a antologia de poemas japoneses mais antiga, contendo mais de
4.500 poemas distribuídos em 20 volumes. Não se
sabe ao certo quem reuniu e compilou todos os poemas, mas supõe-se
que, no início da Era Nara, já houvesse um original
reunindo os diversos poemas, ao qual o nobre Ôtomo-no-Yakamochi
juntou a antologia de poemas da sua família, fez a revisão
geral e concluiu a obra por volta de 760.
Nos
últimos volumes, constam os poemas da autoria de Ôtomo-no-Yakamochi
escritos após 746. Além dele, a antologia reúne
poemas de imperadores, nobres, humildes camponeses, poetas da
corte e outros tantos poemas de autoria desconhecida.
Destacam-se,
por seu alto teor literário, os poemas de Nukata-no-Ôkimi,
amada do imperador Tenmu, Kakinomoto-no-Hitomaro, poeta da corte,
Yamanoue-no-Okura, filósofo de grande conhecimento que
fez parte de uma das missões a Tang (China), e muitos outros
poetas.
Os
poemas foram escritos em kanji (ideograma), porém, levando
em conta apenas as suas leituras, ou seja, utilizando-os apenas
como fonogramas (kana). Assim, esse tipo de recurso da escrita
recebeu a denominação de manyô-gana,
ou seja, fonogramas de manyô-shu. Das escritas cursivas
desses manyô-gana, criaram-se, mais tarde, os fonogramas
hiragana.
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