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Ao
conquistar a estabilidade com o sistema político de Ritsuryô,
a corte imperial mudou a capital para cidade de Heijô, a
oeste de Nara, dando início à Era Nara, em 710.
A cidade
de Heijô foi construída seguindo o modelo da capital
chinesa da época, Changan, com ruas simetricamente dispostas
como em um tabuleiro de xadrez. A cidade chegou a contar com mais
de 100 mil habitantes e, nas ruas principais, perfilavam-se as
mansões dos nobres, os templos budistas e também
as casas do povo. Criaram-se feiras controladas pela corte, intensificando
o comércio, que deu origem às primeiras moedas japonesas,
embora no interior os tecidos e o arroz ainda desempenhassem a
função de moedas.
A agricultura
também ganhou novo alento com a difusão de ferramentas
agrícolas e o progresso nas obras de irrigação.
Além disso, os minérios são explorados em
maior escala, tais como ouro da região de Mutsu (atualmente,
províncias de Fukushima, Miyagi, Iwate e Aomori) e cobre
da região de Suô (atualmente, província de
Yamaguchi), fatos que também contribuíram para o
início da cunhagem de moedas.
Com
o aumento do poder da corte Yamato, sua área de domínio
passou a abranger regiões mais longínquas. A corte
dominou desde o povo Emishi, ao norte do Japão, até
o povo Hayato, ao sul da ilha de Kyûshû.
Kentô-shi
(Missão a Tang)
Na
Era Nara, para absorver a cultura avançada da dinastia
Tang (China), foram enviadas várias missões.
Normalmente,
a missão partia numa frota de 4 navios e era composta por
100 a 250 pessoas, embora uma missão tenha chegado a ter
500 pessoas. Nem o perigo das ondas revoltas do Mar do Japão
ou do Mar da China desanimou essa delegação, composta
por estudiosos, monges e bolsistas, que tinha uma grande vontade
de aprender a cultura chinesa, nova e mais avançada. Assim,
as missões a Tang contribuíram muito para o desenvolvimento
político e cultural do Japão.
Ainda,
nessa época, o Japão manteve intensa relação
diplomática com Shiragui (Coréia) e Pohai, uma nação
que existiu ao norte da China entre 698 ~ 926.
As
mulheres no poder
A Era
Nara também é conhecida como era das imperatrizes,
já que houve muitas mulheres governantes que se destacaram
por sua sabedoria e sagacidade. Nos 74 anos da Era Nara, cerca
de 30 anos ficaram sob o governo das imperatrizes Genmei (707~715),
Genshô (715~724), filha da imperatriz Genmei, e Kôken
(749~758) que, mais tarde, assumiu novamente o poder sob o nome
de imperatriz Shôtoku (764~770).
A construção
da capital em Heijô (Nara), a cunhagem da moeda e a edição
das obras Koji-ki (história do Japão) e Fudo-ki
(geografia do Japão) ocorreram no mandato da imperatriz
Genmei. No governo de Genshô, foram concluídos o
Código de Direito Yôrô Ritsuryô (obra
com alterações parciais do Taihô Ritsuryô)
e o livro de história oficial do Japão, o Nihon
Shoki.
Os
25 anos de governo do imperador Shômu (724~749) não
podem ser contados sem mencionar sua esposa, a imperatriz Kômyo,
filha do poderoso clã Fujiwara-no-Fuhito. Conhecida por
sua alma caridosa, ela construiu instituições como
Seyaku-in, para medicar e ajudar os doentes, e Hiden-in para abrigar
os pobres, doentes e órfãos. Devota do budismo,
Kômyo contribuiu para a construção do templo
Tôdai-ji, conhecido pela imagem gigantesca do Buda.
A Era
Nara, a exemplo de outros tempos governados por mulheres, conheceu
a paz e o florescimento da cultura.
Cultura
Tenpyô
Recebe
este nome por ter florescido na era Tenpyô (729~749). Sob
forte influência chinesa, foram criadas muitas obras búdicas
e muitos templos foram construídos, entre eles, o famoso
templo Tôdai-ji, que ainda hoje possui um acervo fabuloso
de obras de arte, inclusive obras indus e persas que, passando
pelo caminho da seda (Silk Road), foram levadas a Tang (China),
e mais tarde, ao Japão.
O
perseverante monge Ganjin (688 ~ 763)
Para
fomentar o budismo, o Japão convidou Ganjin, monge chinês
conhecido por suas virtudes, para divulgar os preceitos do budismo.
Ele aceitou o convite e tentou chegar ao Japão, mas foi
náufrago por cinco vezes, sendo levado de volta às
praias de Tang, e ficou cego. Mesmo assim, ele não desistiu
de propagar o budismo e, na sexta tentativa, ele conseguiu chegar
ao Japão, em 753. Ganjin construiu, em Nara, o templo Tôshôdai-ji,
dedicando os últimos anos de sua vida à propagação
do verdadeiro budismo entre os japoneses.
O
sofrimento dos camponeses
Devido
à alta taxa de impostos, serviço militar obrigatório
e recrutamento para trabalhos diversos, os camponeses moravam
em casebres e levavam uma vida miserável, passando fome,
mal tendo com que se alimentar durante o ano todo. Para aliviar
a carga tributária, surgiram os falsificadores do registro
de família, ou mesmo aqueles que abandonaram o campo, fugindo
para outras terras.
Quando
os arrozais começaram a dar sinais de abandono, ou tornaram-se
insuficientes para a redistribuição, a corte consentiu
a posse privada dos terrenos desmatados para o plantio. Em 743,
com a lei de posse definitiva dos arrozais recém-explorados,
que permitiu a posse de terras, se transformadas em terreno produtivo
em três anos, nobres e templos começaram a aumentar
as suas propriedades rurais, fato que corroeu, aos poucos, o alicerce
do sistema político de Ritsuryô.
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Enquanto
isso, no mundo
711
O reino visigodo é derrotado e invadido pelos muçulmanos.
A cultura muçulmana (árabe) é levada ao ocidente.
732
Carlos Martelo, líder dos francos, derrota os muçulmanos.
751
Pepino, filho de Carlos Martelo, torna-se o primeiro governante
carolíngio dos francos.
Fomação do feudalismo no reino franco, que se
difundiu pelo norte da Itália, Espanha e Alemanha.
A dinastia Tang (618 ~ 907), o maior império do mundo,
é derrotada pelos árabes, perto do Rio Talas,
no Turquistão Ocidental.
755
Inicia-se o declínio da dinastia Tang, com o
fim do reinado de Ming-Huang e com a fracassada revolta de An
Kushan.
768
Carlos Magno, filho de Pepino, o Breve, e neto de Carlos
Martelo, torna-se rei dos francos, governando, inicialmente, em
parceria com o seu irmão Carlomano, morto em 771.
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