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A
Era Kofun ganhou esse nome em virtude das grandes tumbas antigas
do final da Era Yayoi. Elas estão em Quioto, Nara, Osaka,
Okayama, Shimane, Fukuoka, etc. Como mencionado no capítulo
anterior, sabe-se que a rainha Himiko governou a nação
Yamatai mantendo intenso intercâmbio com a China. A Era
Kofun inicia-se depois desse episódio.
A cultura das grandes tumbas
Inicialmente
destinadas a imperadores e a chefes de clã como símbolo
de seu poder, mais tarde os nobres do Império Yamato (grande
império que, no século IV, conquistou quase todo
o arquipélago e que será tratado com mais detalhes
no próximo capítulo) também construíram
suas tumbas. Por isso, há, no arquipélago, mais
de 4 mil delas. Primeiro, foram construídas em colinas;
depois, em terrenos planos, cercadas por valetas.
As
tumbas tinham vários formatos, como o redondo, o mais comum;
o quadrado; o retangular na frente e redondo atrás, como
uma fechadura (a urna era enterrada na parte redonda); o retangular
na frente e quadrado na ponta; e o de base quadrada e um pequeno
monte redondo por cima.
Acessórios
funerários eram enterrados nas tumbas, como espadas de
ferro, armaduras, lanças, espelhos, diversas peças
de terracota reproduzindo soldados, animais e casas com grande
precisão. Em seu interior, também foram encontrados
adornos de metais ou contas de pedra, além de desenhos
de figuras humanas ou geométricas.
Hoje,
não há nenhuma tumba que não tenha sofrido
atos de vandalismo. Suspeita-se do roubo de acessórios
funerários e da destruição de algumas urnas.
Pelo progresso, muitas tumbas estão sendo destruídas,
mas as da família imperial são invioláveis.
Normalmente, sua abertura não é permitida nem para
fins científicos.
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A cultura transmitida pelos migrantes (torai-jin)
A chave
para a construção das gigantescas tumbas reside
nos migrantes (torai-jin) que chegaram ao arquipélago japonês
pela península coreana. Acolhidos quando a península
coreana estava em guerra, os migrantes, que receberam cargos de
elite na corte de Yamato, transmitiram a tecnologia da construção
de tumbas e também de grandes templos, além de técnicas
de forjadura, de sericultura, de tecelagem, de cerâmica
e outras.
Esse
movimento migratório data desde a época da mudança
da Era Jomon para Yayoi, quando muitos migrantes chegaram ao Japão.
Atualmente, a teoria predominante da origem do povo japonês
é de que ele surgiu da miscigenação do homem
Jomon com os migrantes.
A corte de Yamato
Poderosos
clãs construíam tumbas já por volta do século
V, principalmente os clãs da região de Yamato. O
governo era liderado pelo imperador e dividia as funções
administrativas, instituindo o sistema de uji (grupo de pessoas
da mesma linhagem) e de kabane (hierarquia dos clãs regionais
que serviam à corte). Os clãs regionais forneciam
produtos da terra à corte. Os grupos de uji cultuavam os
seus deuses, tinham suas propriedades, controlavam o seu povo
e serviam à corte.
Na
hierarquia, existia o equivalente à pária (camada
mais baixa do sistema de castas da Índia). Eram os nuhi,
da corte e dos templos, homens e mulheres escravos vendidos livremente.
No
final do século IV, a corte de Yamato expandiu seu território
até a região de Kara (sul da península coreana),
alcançando poder militar suficiente para guerrear contra
nações coreanas como Kokuri e Shiragi, aliando-se
a Kudara.
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Tumba Daisen: a maior do mundo
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Tumba
Daisen
A tumba
Daisen, do imperador Nintoku, em Osaka, é a maior do mundo,
com 475 metros. Supondo que 6.800 mil pessoas tenham trabalhado
na construção do túmulo, mobilizando 2 mil
pessoas por dia, a obra levaria quinze anos para ser concluída.
O montante gasto é calculado em 79.600 bilhões de
ienes. Mesmo com a atual tecnologia, seriam necessárias
29 mil pessoas, dois anos e seis meses, com o custo total de 2
bilhões de ienes.
Torai-jin
O imperador
Akihito, durante pronunciamento de abertura da Copa do Mundo de
Futebol JapãoCoréia, em 2002, disse que a
mãe do imperador Kanmu (737-806) era torai-jin (migrante).
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