(Por
Claudio Seto)
Quando
chegava a primavera os antigos sabiam que as plantas anunciavam
a presença da princesa Konohana
Certa
ocasião Amaterassu Omikami, a Augusta Deusa Sol, enviou
da Alta Planície Celeste (Takama no Hara) uma expedição
exploradora chefiado pelo deus-guerreiro Ameno Hoohi no Mikoto
para verificar como estava o país que mais tarde se chamaria
Japão. Na época, esse país era chamado de
Achi Hara no Mizuho no Kuni (País dos Campos de Juncos
e Espiga de Arroz) e era habitado por nativos.
A expedição
de Ameno Hoohi, retornou tempos depois e este contou o quanto
era lindo o país e que ele e seus guerreiros haviam enfrentado
e submetido à obediência os nativos que não
reconheciam a autoridade da deusa-Sol.
Amaterassu
resolveu então, mandar um herdeiro para reinar Mizuho no
Kuni. Encarregou seu filho Massaka Akatsu Katsu Hayabi Ameno Akishiho
no Kami (Divindade Espiga de Arroz Luxuriante do Céu) da
missão, mas este que adorava a Alta Planície Celeste
sugeriu que fosse seu filho Ninigui no Mikoto (Augusto Neto Celeste):
Então
ela dirigiu-se ao seu Augusto Neto e ordenou-lhe: Esta fértil
planície de juncos será a região onde os
meus descendentes serão senhores. E tu Ninigui, vai para
lá e governa-a. Vai e talvez a prosperidade favoreça
a tua dinastia, e faz com que, tal como o Céu e a Terra,
ela seja eterna (Nihon Shoki Crônica do Japão).
A expedição
que acompanhou Ninigui, o neto de Amaterassu, aportou no sul da
ilha de Kyushu e o Augusto Neto Celeste trouxe com ele as três
insígnias sagradas, símbolos de sua autoridade real
(hoje tesouro da família imperial): o espelho, a espada
sagrada e uma jóia (bola de cristal). Comandando os guerreiros
que faziam a guarda de segurança de Ninigui, veio Katami
Musubi, que dominou os habitantes do monte Takachihô, na
ilha de Kyushu, onde inicialmente se estabeleceram.
Consta
também que quando a expedição vinda de Takama
no Hara (Alta Planície Celeste) chegou em Mizuho, encontrou
um forte chefe nativo de nome Saruta Hiko, que seria um grande
obstáculo para conquista da região, pois ele tinha
um físico avantajado e era mais forte que um touro. Na
luta era invencível, porém foi seduzido pela beleza
da deusa Ameno Uzume no Mikoto, por quem se apaixonou perdidamente
e permitiu à comitiva de Ninigui, instalar-se no monte
Takachihô.
Nesta
época, na costa oeste da ilha Honshu (principal ilha do
arquipélago japonês), em Izumo, moravam os descendentes
de Suzano-o no Mikoto, o irmão rebelde de Amaterassu .
Kono
Hana Sakuya Hime
No
país de Mizuho (Japão), Minigui se apaixonou pôr
Konohana Sakuya Hime, a princesa Florescer ou deusa da Primavera,
bela donzela que com seus gestos mágicos fazia flores surgirem
nas árvores. Ela espalhava pétalas no rio e todo
vale ficava florido.
O pai
da princesa, Ôyama Tsumimi no Kami, o Grande Possessor da
Montanha, tinha também uma filha mais velha, Iwanaga Hime,
princesa Rochas Extensa.
Ao
Augusto Neto Celeste, foi oferecido a mão de uma das princesas
e Ninigui escolheu Konohana. O fato magoou profundamente Iwanaga,
pois era a mais velha das duas e por tradição deveria
ser a noiva. Porém, nem mesmo Ôyama tinha autoridade
para contestar a decisão do neto da Augusta Deusa Sol.
Então a princesa Iwanaga passou a viver uma longa tristeza,
tal qual as rochas beira-mar que vivem umedecidas de lágrimas,
pois ela também queria se casar com Ninigui.
Com
o coração partido, Iwanaga rogou uma praga, dizendo
que os descendentes da deusa-Sol, a partir dos filhos de Ninigui
e Konohana, floresceriam na vida e depois murchariam como acontece
com as flores depois da primavera (ou seja, que os membros da
família imperial teriam vida curta). Daí porque
o antigo escudo do exército imperial era um cerejeira florescendo,
simbolizando a glória da vida curta dedicada à obrigação.
Não só a cerejeira como outras plantas ganharam
representatividade simbólica a partir dessa época.
O bambu era um símbolo da sorte e representava tenacidade
e coragem. O bambu se curvaria ao vento mas não se quebraria.
Era uma planta que cresceria abundantemente no pais e seria admirada
por sua beleza e por seu simbolismo. Era usual tanto nos festivais
quanto nos enfeites usar variáveis formas como escudo.
Flores
são muito importante no heráldico do Japão.
E a flora, antes da fauna, que predomina nos escudos das famílias
antigas. Seus jardins mostram que os japoneses estão atentos
a beleza das zonas rurais. Montanhas, vales fundos, campos, quedas
dágua e pedras. Todas encontram seus locais nestes
sempre pequenos mas jardins de exatas proporções.
Eles têm paisagem em miniatura. A planta vive e a terra,
na qual cresce é peculiaridade japonesa como os misticismos
que crescem no país.
Para
compensar a praga lançada pela princesa Iwanaga, a princesa
Konohana resolveu viajar e fazer florir todos os lugares por onde
ela passasse, enchendo o mundo de flores. Então quando
os campos, vales e as montanhas ficavam repletas de flores os
antigos sabiam da presença da Konohana Sakuya Hime. E quando
as pessoas estavam tristes por falta da amor, invocavam em orações
a princesa Konohana para fazer florescer belas pétalas
em seu coração solitário.
Com
o casamento de Ninigui no Mikoto e Konohana Sakuya Hime, uma princesa
nativa, a dinastia da Augusta Deusa Sol ficou definitivamente
instalada em terras japonesas, pois o neto desse casal tornou-se
mais tarde, o primeiro imperador do Japão com o nome de
Jimmu Tennô.
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