(Por
Claudio Seto)
CRIAÇÃO
DA TERRA.
O MITO DE IZANAGUI E IZANAMI
A mitologia japonesa relata que a aparição
do gênero humano na terra se deu sob forma divina. No principio
tudo não passava de uma massa viscosa e indistinta no oceano.
Desse mar surgiu algo semelhante a um broto de junco e desabrochou.
Desse surgiu uma divindade. Simultaneamente duas outras criaturas
divinas, masculina e feminina, emergiram. Pouco se comenta sobre
o trio original, mas geraram deuses e deusas na terra celestial.
Após um período incontável de tempo, surgiu
o par de energia divina Izanagui e Izanami.
Certa
ocasião os deuses deram a Izanagui uma lança enfeitada
e confiaram-lhe a tarefa de criar o Japão. O casal desceu
de Takama no Hara (Planície Celeste) por uma Ponte Lançada
do Céu (Ama no Hashi Date)- geralmente associada ao arco-íris.
Pararam no meio dela para observar a terra viscosa lá em
baixo. Do alto da ponte, o jovem Izanagui mergulhou sua arma divina
dentro da viscosidade flutuante, agitando em forma de círculo
e ao retirar, deixou respingar da ponta gotas salgadas, que caíram
da lança e sobrepondo-se cristalizaram formando ilhas.
Vendo
as ilhas que acabaram de criar, Izanagui e Izanami atravessaram
o Ama no Hashi Date (Ponte Lançada do Céu), e desceram
para lá, onde fizeram um acordo entre si, eregindo o Augusto
Pilar Celeste na ilha de Ono Koro, para criar mais ilhas
e assim, deram origem ao arquipélago japonês. O capítulo
6 do Kojiki descreve várias ilhas dizendo: Assim
a terra de Iyo foi denominada Ehime. A primeira ilha que
o casal divino deu a luz foi Awaji, e, em seguida , a ilha de
Shikoku.
Izanagui
e Izanami se casaram e aprenderam a arte de fazer amor olhando
um par de garças (tsuru) em acasalamento. Estas aves brancas
são ainda relacionadas à união e mesmo o
deus Espantalho não pode assustá-las, já
que foram abençoadas na criação.
Entre
a descendência de Izanagi e Izanami estão marcos
geográficos, como deus das Cachoeiras, deus das Montanhas
(Ôyama Tsukimi no Kami), deus do Fogo (Watatsumi no Kami)
Espírito das Árvores, deus das Ervas, deus dos Ventos,
além do espíritos de todas as ilhas japonesas (Dai
Yashimagumi). O deus dos Ventos foi responsável pela criação
de muitas ilhas, pois era ele que dissipavam névoas densas
e revelava regiões desconhecidas pela primeira vez.
O primeiro
filho do casal foi abortado, supostamente por causa de uma ofensa
da parte de Izanami à cerimônia de casamento, e a
criatura semelhante a um peixe-geléia foi colocado no mar.
Todos os outros filhos sobreviveram.
ORIGEM
DA VIDA E MORTE NA TERRA
O último filho do casal a nascer após
uma sucessão de ilhas terem sido formadas e povoadas provocou
a morte da mãe. Era o deus do Fogo (Watatsumi no Kami).
Izanami adoeceu com febre ardente e acabou morrendo. Para apaziguar
seu espírito, os homens construíram um altar e ofereceram
flores (conforme os adeptos do shintô estaria aí
a origem do ikebana).
Izanami
morre e parte para Yomi, o mundo dos mortos. O deus Izanagui cheio
de desgosto, vai visitá-la. A deusa falecida não
quer que ninguém veja como perdeu a beleza, dando mostras
de vaidade feminina. Mas, apesar de suas súplicas, Izanagui
acende uma tocha e olha para ela e fica assustado com o estado
de decomposição de seu corpo e foge. Ofendida com
a reação de seu esposo, Izanami e outras criaturas
da terra dos mortos perseguem Izanagui, mas ele consegue escapar,
atirando para trás três objetos, que se transformam
em outras coisas. Ele então coloca uma grande pedra bloqueando
a passagem da caverna no local denominado Yomotsu Hirasaka.
Do
lado de dentro Izanami lançou aos gritos uma maldição:
-Oh! Meu adorado esposo, se você age assim, eu a cada
dia estrangularei mil habitante de seu país. Izanagi
então respondeu que faria nascer 1.500 pessoas diariamente.
Izanagui
manteve sua palavra depois de se submeter a um ritual de purificação
(Mizogui) para se livrar dos efeitos de sua descida ao Mundo dos
Mortos (Anoyomi). Enquanto purificava lavando-se, gerou várias
divindades. A mais importantes delas são: Amaterassu Omikami,
a Augusta Deusa Sol, que nasceu enquanto ele lavava o olho esquerdo;
Tsukiyomi no Mikoto, o deus Lua, na lavagem do olho direito; e
Takehaya Suzano-o no Mikoto, o deus Tempestade, enquanto ele lavava
o nariz. Estas divindades são as chamadas filhos
nobres, a quem ele escolheu para reinar, respectivamente,
sobre o Takama no Hara (Planície Celeste), sobre os reinos
da noite e sobre os oceanos.
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A
LENDA DE KUSHI NASHI, A GARDÊNIA
No Japão a Kushi Nashi (Gardênia) representa
o encanto feminino. A mitologia japonesa conta que a gardênia
era uma ninfa muito bonita que vivia nas proximidades da Cascata
dos Nove Dragões, que ficava além das Cinco Nuvens
Sagradas. Um belo dia, o viril deus Izanagui passando pela região
com sua enorme lança divina foi atraído pela cantiga
de um rouxinol. Ao se aproximar cautelosamente para não
espantar a ave, Izanagui ficou surpreso ao descobrir que se tratava
de uma linda ninfa imitando a ave.
A bela
imagem da ninfa despertou uma grande paixão no galante
deus Izanagui, que quis conquistá-la à força.
Assustada, assim que conseguiu escapar da divina investida, a
ninfa se escondeu na água e pediu socorro à deusa
Izanami (mulher de Izanagui), que imediatamente transformou a
ninfa numa gardênia, salvando-a dos arroubos de Izanagui.
Por
isso a gardênia é símbolo de castidade.
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