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Arquivo NippoBrasil - Edição 055 - 1 a 7 de junho de 2000
 
O fantasma que assombrou o Japão
A vingança póstuma de Sugawara no Michizane – Parte I
 

(Por Claudio Seto)

O clã Fujiwara dominou politicamente o Japão por mais de dois séculos, sobrepondo ao poder imperial, graças a um sistema que consistia em casar uma das filhas do chefe do clã com o imperador e colocar os parentes mais próximos em postos-chave de administração. Quando um chegava a idade de ocupar o trono, o imperador renunciava e um Fujiwara era designado regente em nome de seu neto, ainda menor. Dos quinze imperadores japoneses entre 858 e 1068, sete eram menores e oito abdicaram. Fujiwara no Michinaga, por exemplo, foi sogro de quatro imperadores e avô de outros quatro.

A família exerceu e estendeu o seu poder em várias direções e provou ser mestre em todos os jogos políticos da corte. Isolando e afastando rivais, não se furtava de tecer intrigas com o objetivo de culpar terceiros.

Durante esse período, alguns imperadores que não eram filhos de mãe Fujiwara ou que por alguma razão não tinham um regente Fujiwara a controlá-los, tentaram readquirir a liderança imperial. Os soberanos Uda Tennô (867-931), Daigo Tennô (885-930) e Murakami Tennô (926-967), procuraram reinar sem regentes Fujiwara. Voltaram-se para outras famílias nobres rivais, ou ramos distantes da família Fujiwara, com o objetivo de resistirem ou de se oporem à influência Fujiwara.

Um dos processos adotados foi o de tentar promover cortesões talentosos, não pertencentes à família Fujiwara, a lugar de chefia dentro da corte. O primeiro e fatal exemplo disto foi o intelectual Sugawara no Michizane (843-903), um homem de Estado, poeta, professor e calígrafo. Embora admirado pela sua poesia e pela sua ação como estadista, e apadrinhado pelos imperadores Uda Tennô e Daigo Tennô, tentou refrear a preponderância dos Fujiwara e, por isso caiu em desgraça.

Michizane não foi adversário à altura das manipulações políticas dos Fujiwara. Foi manobrado por Fujiwara no Tokihira (871-909) e forçado ao exílio em Dazaifu, na ilha de Kyushu, onde a doença e a dor, cedo o levaram à morte. Falava-se que seu fantasma, em sinal de vingança, afligiu a cidade com incêndios, tempestades e pragas.

Sugawara no Michizane, funcionário de elite, poeta de talento, súdito obediente, ministro zeloso, acumulava todas as virtudes que a moral de Estado podia esperar de seus fiéis. Sua carreira foi brilhante - um pouco demais - a ponto de despertar o ciúme dos aristocráticos Fujiwara, que tinham riqueza e poder, mas não a sabedoria e cultura do pobre Michizan,e que chegou a fazer sombra ao clã, cujo domínio sobre o Império queria exclusividade.

Em 899, Michizane foi nomeado Udaijin, ministro da direita. De repente, em 901, aconteceu a desgraça: envolvido numa rede de intrigas foi acusado de tramar a queda de Sua Majestade Daigo Tennô. Só não foi executado porque os costumes do período Heian (794-1192) eram mais benignos que de outras épocas. Michizane foi relegado a ilha de Kyushu, envergando o título de governador supranumerário.

Para um dos mais altos personagens do Estado, a afronta era gravíssima. Michizane não sobreviveu mais do que alguns meses. Teve tempo de escrever várias elegias sobre seu infortúnio: muitas lágrimas, mas nenhuma palavra de rancor contra o imperador que o tinha exilado. Até pelo contrário, pelo que podemos ver no poema tanka por ele escrito durante o exílio, e publicado no Wakan Roei Shu, uma coletânea de poemas compilada por volta de 1013.

Esta noite, no ano passado
eu estava no castelo; agora desolado
componho sozinho poemas de outono.
Este traje de Sua Magestade está aqui comigo agora,
diariamente preparo oferendas de incenso.

Nesta mesma coletânea, um outro poema, descreve
quanto era vigiado:

Posso francamente ver
a cor das telhas na torre
do quartel general.
Posso dificilmente ouvir o replicar
do sino no Templo de Kannon.

Contam que seu consolo era escalar o monte Tempai para cumprir, com o rosto voltado na direção da capital, suas devoções de súdito imperial respeitoso. Exerceu a obediência até morrer bem depressa e sem barulho. Era o que queriam. Teve até a discrição de não se matar - definhou.

 
Veja na próxima edição, a vingança de Michizane após sua morte no exílio
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