(Fotos:
Reprodução/Divulgação)
As
armaduras japonesas deixaram de ser destinadas para defesa, protegendo
o corpo diante de um combate. Hoje em dia, elas são apreciadas
como verdadeiras relíquias de épocas que marcaram
a história do Japão.
Feitas
principalmente de ferro, mas também de uma série
de outros metais como ouro, prata e bronze, além de couro,
tecidos, cordões e laca, elas constituem verdadeiros objetos
de arte resultantes de uma soma de técnicas artesanais.
Segundo
alguns historiadores, não se sabe exatamente quando as
armaduras começaram a ser utilizadas no país. No
entanto, tudo indica que já estavam presentes nos séculos
IV e V, através de objetos de defesa feitos de ferro, empregados
no corpo e na cabeça.
Dois
tipos
Tankô (dir.) e Kiekô (esq.)
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Há
basicamente dois tipos de armaduras: o tankô e o keikô.
Destinados a proteger o dorso, os tankô são compostos
de pequenas placas de ferro caracterizadas pelo seu formato triangular
ou retangular. São feitas de maneira que se ajustem perfeitamente
ao corpo. Já a criação dos keikô foi
inspirada nas armaduras utilizadas pela cavalaria chinesa, parcialmente
confeccionadas de couro e de pequenas peças de ferro chamadas
de kozane.
Tankô
e reikô representam as formas de armaduras utilizadas durante
o Japão Antigo. Sabe-se, através de registros que
datam do ano de 756, que os tankô eram armaduras com acessórios
que permitiam proteger várias partes do corpo. Já
os keikô eram desprovidos destes acessórios.
O surgimento
dos tipos de armaduras considerados clássicos
datam da metade do período Heian (794-1185). Seu procedimento
de fabricação provém dos antigos keikô.
Em função de sua forma, essas armaduras são
classificadas em três tipos: ôyoroi (armaduras grandes),
utilizada pelos guerreiros de mais destaque, dômaru (envolvendo
todo o dorso), e haramaki (mais maleável, em peça
inteira e fechado nas costas) reservada aos homens de tropa.
Os
ôyoroi, também chamados de shikishô no yoroi,
são o exemplo mais representativo de armaduras tradicionais
japonesas. Em resumo, elas são constituídas principalmente
de protetor da cabeça (kabuto) e também e de grandes
ombreiras (ôsode). Sua função era proteger
o corpo de um cavaleiro e não atrapalhar seus movimentos.
Aristocracia
Já
no final do Período Heian, quando os militares obtiveram
mais notoriedade, o desenho das armaduras começou a refletir
o gosto da aristocracia. No final dessa época, os ôyoroi
ganharam formas suntuosas. Em algumas armaduras, as guarnições
metálicas douradas e prateadas têm um acabamento
refinado.
Já
as armaduras do Período Kamakura (1185-1333) são
também em sua forma, a continuação da época
precedente. Durante esse período em que se instala o regime
militar, as características de uma sociedade de guerra
são sobriedade e solidificação, que acabam
por se refletir também na fabricação das
armaduras e em seus desenhos. O fim do Período Kamakura
coincide com o surgimento do tipo ôyoroi, ricamente decorado,
e que era uma forma dos guerreiros mostrarem seu poder.
Os
ôyoroi continuam sendo utilizados pelos guerreiros de renome
durante 1336-1392 e no Período de Muromachi (1392-fim do
século 15). Mas, aos poucos, sob influência do exército
da Mongólia, os japoneses adotaram a tática de ataques
em grupo. Para isso, precisaram dispor de armaduras leves que
permitissem deslocamentos rápidos.
Armas
de fogo
Durante
o Período Muromachi, houve a necessidade de se fabricar
armaduras de concepção simples, dando origem a um
novo tipo de armadura chamada tôsei gusoku (ao pé
da letra, equipamento completo contemporâneo).
Nessas
circunstâncias, a introdução do fuzil no Japão
na metade do século 16 trouxe grandes mudanças tanto
na tática militar quanto no que diz respeito às
armaduras. A partir daí, a preocupação de
proteção foi reforçada com peças mais
sólidas e que cobriam mais o corpo. Toda uma série
de acessórios são então aperfeiçoados:
o hôate (protetor de queixo e parte do rosto, com corrente
na superfície), o kusari-kote (protetor de braços
com corrente na superfície), o tekô (para proteger
as mãos), o suenate (joelheiras) e haidate (para as coxas).
Durante
o Período Momoyama (1573-1603), idade do ouro na arte do
Japão, os tôsei-gusoku mostram novamente ornamentações
magníficas, com folhas de ouro e desenhos dourados em relevo
sobre laca refletindo o gosto desse período de esplendor.
A partir do período Edo (1603-1868), os tôsei-gussoku
continuaram a ser fabricados, mas deixaram de ser usados em combates.
Desde então começaram a ser vistos em importantes
cerimônias.
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