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Arquivo Edição 271 - 18 a 24 de agosto de 2004 - Especial - Portal NippoBrasil
 
Bonsai, a natureza em miniatura
Você já viu um bonsai? Acha que seria capaz de reconhecer um exemplar verdadeiro? Se você não conhece nada a respeito dessa verdadeira arte de se cultivar uma planta, acompanhe este especial.

CUIDADO - O trato do bonsai necessita de muita dedicação e gosto pelas plantas
 

POPULARIZAÇÃO - A azaléia é uma das plantas
encontradas no Brasil mais utilizadas para o cultivo do bonsai

(Texto: Erika Horigoshi/NB |
Fotos: Ricardo Hara | Arquivo)

Traduzido ao pé da letra, bonsai significa “árvore em bandeja”, uma planta resultante da criação humana, uma verdadeira obra de arte muitas vezes herdada por gerações. Popularmente interpretado como uma espécie de árvore, o bonsai é, na verdade, um trabalho meticuloso de miniaturização que busca o resultado ideal de harmonia e equilíbrio.

O verdadeiro bonsai é uma árvore ou um arbusto em miniatura, e não uma muda plantada em vaso raro. Há muitos estilos de bonsai, imitados de circunstâncias naturais de vegetações encontradas às margens de cachoeiras, árvores imponentes em vales, em solos erosivos, etc. “Hoje em dia, o estilo mais popular de bonsai é o Moyo-Gi, a árvore com movimento no tronco, por ser a forma mais comum de as árvores apresentarem-se na natureza”, explica o presidente da Sociedade Brasileira de Bonsai, André Romay.

Estima-se que a primeira menção conhecida de um bonsai seja uma pintura de 800 anos descoberta em um antigo templo na China. Com os chineses, os japoneses aprenderam a cultivar o bonsai e desenvolveram novos estilos de árvores. A árvore de bonsai é criada de tal forma que não cresce, mas adquire uma aparência realmente antiga. Dessa forma, no início, não se cultiva um bonsai, e sim uma planta que, com os devidos cuidados, vai se tornar um bonsai. “São os pré-bonsai, ou seja, plantas que ainda não foram refinadas, com definição de formas ou estilizadas, mas que já passaram por pelo menos uma poda de raiz”, afirma Romay. É preciso ter consciência de que a naturalidade buscada nessa forma de cultivo só é alcançada quando respeitada a aptidão da planta aspirante a bonsai.

Há várias formas de se cultivar um bonsai: com sementes, coletando árvores da própria natureza com a intenção de transformá-las em um bonsai, num viveiro de plantas, pelo enxerto de uma pequena parte do tronco no vaso, etc. Mas o fator essencial para cuidar bem de uma miniatura dessas é ser dedicado e observador. “A pessoa precisa gostar do bonsai, e não simplesmente vê-lo como mais um ornamento para a casa”, explica a cultivadora Yoshie Yagioshimura, de 68 anos. “Já vendi uma porção de mudinhas com 2 ou 3 anos que logo morreram, porque as pessoas as trancavam em casa e não lhes davam os devidos cuidados.”

Hoje, existem muitos tipos de bonsai. Utilizando vários recursos e aumentando os cuidados com essa pequena planta tão sensível, o homem conseguiu imitar árvores e arbustos de vários gêneros e situações naturais. Atualmente, os bonsai são classificados pelo porte: há o mini, ou “mane”, com até 15 cm de altura; o pequeno, que mede entre 15 cm e 30 cm; o médio, com altura variando entre 30 cm e 60 cm; e o grande, com mais de 60 cm. A classificação de estilos é feita pela observação do tronco e das raízes do bonsai (veja box).

No Brasil, condições climáticas e vegetação com características diferentes da encontrada no Japão incentivou o desenvolvimento do bonsai utilizando vegetação brasileira. Por aqui, é possível encontrar azaléias, romãs e outras plantas cuidadosamente desenvolvidas com os traços orientais do bonsai. É a rica mistura da arte com traços nacionais. “A conseqüência natural da popularização dessa arte também conscientizou os praticantes da possibilidade de se fazer bonsai com plantas nativas”, observa André Romay.

Entretanto, o que todo apreciador e proprietário de bonsai precisa saber é como lidar com essa delicada miniatura. Os cuidados são inúmeros, porque, na verdade, o bonsai é uma planta sensível e, depois de adquirida, precisa continuar recebendo os cuidados aos quais está acostumada. “Em geral, os bonsai precisam de um período diário ao ar livre, em torno de 5 a 6 horas. A rega dever ser feita com cuidado, em dias alternados. É preciso colocar vitaminas na terra a cada dois meses. As folhas devem receber vitaminas a cada 4 ou 5 meses. E ainda é necessário ficar de olho nas pragas”, ensina Yoshie.

A maior divulgação de informações de qualidade sobre o bonsai e os profissionais credibilizados do ramo são fatores preponderantes para a popularização dessa arte. “A maior oferta de cursos e a disponibilização de material incentivam a prática do bonsai como um hobby cada vez mais comum”, diz André Romay.

Os preços os quais são comercializados os bonsai não são os mais econômicos no mercado floral. Por ser um investimento a médio e longo prazos, os bonsai não são muito baratos. As mudas, geralmente, são vendidas já com 2 ou 3 anos de idade e não costumam custar menos do que R$ 5 ou R$ 6. “A que mais vendo é a tuia [árvore ornamental nativa do leste da Ásia e do norte da América] compacta, que custa R$ 6”, diz o criador José Carlos da Cruz, comerciante de bonsai no bairro da Liberdade, em São Paulo.

 
Os estilos
Existem, atualmente, diversos tipos de bonsai, classificados
pela observação minuciosa de seu tronco e suas raízes.


O estilo Sokan apresenta dois troncos
partindo de um mesmo ponto


• Troncos compostos •
Neste grupo, estão os bonsai frutos da associação de duas ou mais árvores com a combinação de troncos e árvores. O Sokan tem dois troncos nascidos de um mesmo ponto, sendo que um predomina sobre o outro. O tronco menor projeta-se para fora, “fugindo” da sombra do maior. O estilo Soju também tem dois troncos, porém, com raízes independentes. O Kabudachi tem um tronco múltiplo, com cinco ou mais ramificações e aparência bem vistosa. O Ikadabuki é marcado por um extenso enraizamento do tronco no solo, que transformam antigos galhos em novos troncos. O Youse-Ue são grupos de árvores plantadas num mesmo vaso, cultivadas sempre em número ímpar, com o aspecto de um pequeno bosque.

• Kengai •
Os estilos agrupados aqui possuem em comum um tronco que se projeta para a parte de baixo da borda da bandeja. O estilo Kengai, que nomeia o grupo, é uma cascata que se projeta para baixo da bandeja, com sua parte externa passando o fundo da bandeja. O Han-Kengai, por sua vez, também tem uma tendência a projetar-se para baixo, só que de forma mais discreta.


• Tachi-Gi •
Este grupo reúne estilos de bonsai que possuem um único tronco e reto. O Chokkan tem o tronco vertical e galhos em várias direções, representando o auge do equilíbrio. O Moyo-Gi é o estilo mais popular de bonsai, seu tronco, mesmo sendo ereto, possui ondas que criam movimentos em várias direções. O curioso estilo Shakan tem o tronco reto, porém fora de seu eixo, ou seja, inclinado. A busca de equilíbrio em um Shakan se dá pela oposição dos galhos em sentido oposto ao tronco. Já o Fukinagashi tem como resultado uma árvore exposta ao vento. Com o tronco inclinado, ela tem “marcas” no lado em que recebe o vento e sua copa não é volumosa. O Bunjin-Gi é um estilo bem elegante e que acolhe características de outros estilos em suas miniaturas. O Hokidachi tem o tronco reto e dividido em inúmeros galhos que formam uma única copa.



• Raízes •
Neste grupo, estão os bonsai cujos estilos são marcados pela exposição de suas raízes. O Ishitsuki é um estilo que acrescenta uma novidade à planta no vaso: a inclusão de pedra na decoração. Já o Neagari tem sua árvore com raízes fortes, numa luta constante contra a erosão.

 

 

O Ishitsuki é um estilo que inova com a inclusão de uma pedra na decoração da planta no vaso

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