POPULARIZAÇÃO
- A azaléia é uma das plantas
encontradas no Brasil mais utilizadas para o cultivo do
bonsai
|
(Texto:
Erika Horigoshi/NB |
Fotos: Ricardo Hara | Arquivo)
Traduzido
ao pé da letra, bonsai significa árvore em
bandeja, uma planta resultante da criação
humana, uma verdadeira obra de arte muitas vezes herdada por gerações.
Popularmente interpretado como uma espécie de árvore,
o bonsai é, na verdade, um trabalho meticuloso de miniaturização
que busca o resultado ideal de harmonia e equilíbrio.
O verdadeiro
bonsai é uma árvore ou um arbusto em miniatura,
e não uma muda plantada em vaso raro. Há muitos
estilos de bonsai, imitados de circunstâncias naturais de
vegetações encontradas às margens de cachoeiras,
árvores imponentes em vales, em solos erosivos, etc. Hoje
em dia, o estilo mais popular de bonsai é o Moyo-Gi, a
árvore com movimento no tronco, por ser a forma mais comum
de as árvores apresentarem-se na natureza, explica
o presidente da Sociedade Brasileira de Bonsai, André Romay.
Estima-se
que a primeira menção conhecida de um bonsai seja
uma pintura de 800 anos descoberta em um antigo templo na China.
Com os chineses, os japoneses aprenderam a cultivar o bonsai e
desenvolveram novos estilos de árvores. A árvore
de bonsai é criada de tal forma que não cresce,
mas adquire uma aparência realmente antiga. Dessa forma,
no início, não se cultiva um bonsai, e sim uma planta
que, com os devidos cuidados, vai se tornar um bonsai. São
os pré-bonsai, ou seja, plantas que ainda não foram
refinadas, com definição de formas ou estilizadas,
mas que já passaram por pelo menos uma poda de raiz,
afirma Romay. É preciso ter consciência de que a
naturalidade buscada nessa forma de cultivo só é
alcançada quando respeitada a aptidão da planta
aspirante a bonsai.
Há
várias formas de se cultivar um bonsai: com sementes, coletando
árvores da própria natureza com a intenção
de transformá-las em um bonsai, num viveiro de plantas,
pelo enxerto de uma pequena parte do tronco no vaso, etc. Mas
o fator essencial para cuidar bem de uma miniatura dessas é
ser dedicado e observador. A pessoa precisa gostar do bonsai,
e não simplesmente vê-lo como mais um ornamento para
a casa, explica a cultivadora Yoshie Yagioshimura, de 68
anos. Já vendi uma porção de mudinhas
com 2 ou 3 anos que logo morreram, porque as pessoas as trancavam
em casa e não lhes davam os devidos cuidados.
Hoje,
existem muitos tipos de bonsai. Utilizando vários recursos
e aumentando os cuidados com essa pequena planta tão sensível,
o homem conseguiu imitar árvores e arbustos de vários
gêneros e situações naturais. Atualmente,
os bonsai são classificados pelo porte: há o mini,
ou mane, com até 15 cm de altura; o pequeno,
que mede entre 15 cm e 30 cm; o médio, com altura variando
entre 30 cm e 60 cm; e o grande, com mais de 60 cm. A classificação
de estilos é feita pela observação do tronco
e das raízes do bonsai (veja box).
No
Brasil, condições climáticas e vegetação
com características diferentes da encontrada no Japão
incentivou o desenvolvimento do bonsai utilizando vegetação
brasileira. Por aqui, é possível encontrar azaléias,
romãs e outras plantas cuidadosamente desenvolvidas com
os traços orientais do bonsai. É a rica mistura
da arte com traços nacionais. A conseqüência
natural da popularização dessa arte também
conscientizou os praticantes da possibilidade de se fazer bonsai
com plantas nativas, observa André Romay.
Entretanto,
o que todo apreciador e proprietário de bonsai precisa
saber é como lidar com essa delicada miniatura. Os cuidados
são inúmeros, porque, na verdade, o bonsai é
uma planta sensível e, depois de adquirida, precisa continuar
recebendo os cuidados aos quais está acostumada. Em
geral, os bonsai precisam de um período diário ao
ar livre, em torno de 5 a 6 horas. A rega dever ser feita com
cuidado, em dias alternados. É preciso colocar vitaminas
na terra a cada dois meses. As folhas devem receber vitaminas
a cada 4 ou 5 meses. E ainda é necessário ficar
de olho nas pragas, ensina Yoshie.
A maior
divulgação de informações de qualidade
sobre o bonsai e os profissionais credibilizados do ramo são
fatores preponderantes para a popularização dessa
arte. A maior oferta de cursos e a disponibilização
de material incentivam a prática do bonsai como um hobby
cada vez mais comum, diz André Romay.
Os
preços os quais são comercializados os bonsai não
são os mais econômicos no mercado floral. Por ser
um investimento a médio e longo prazos, os bonsai não
são muito baratos. As mudas, geralmente, são vendidas
já com 2 ou 3 anos de idade e não costumam custar
menos do que R$ 5 ou R$ 6. A que mais vendo é a tuia
[árvore ornamental nativa do leste da Ásia e do
norte da América] compacta, que custa R$ 6, diz o
criador José Carlos da Cruz, comerciante de bonsai no bairro
da Liberdade, em São Paulo.
|