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Arquivo Edição 243 - 4 a10 de fevereiro de 2004 - Especial - Portal NippoBrasil

Sonhar é preciso. Não importa qual seja o sonho...

Entrar para o livro dos recordes ou então para a Academia Brasileira de Letras parecem sonhos muito distantes? Não para esses nikkeis!

Arquivo NippoBrasil - Fotos: Divulgação

Qual seria sua reação se um escritor desconhecido dissesse que seu grande sonho é ingressar para a Academia Brasileira de Letras? Ou se um engenheiro mecânico expressasse sua intensa satisfação se entrasse para o Guiness Book – o livro dos recordes – como a pessoa que empina o maior pipa do mundo? Pois bem, esses sonhadores existem.

A reação, politicamente correta, deveria ser a mais normal possível, afinal, tais sonhos, embora exóticos, são tão legítimos como qualquer outro. Requerem trabalho, dedicação, força de vontade e, além disso, muita paciência com os engraçadinhos que cismam em fazer pilhéria com sonhos alheios.

O NB conversou com dois nikkeis, cujos sonhos – estranhos, sim, mas de qualquer forma sonhos – não se encaixam nos moldes tradicionais. Os exemplos dessas pessoas mostram a garra de quem busca a felicidade em realizações, e não deixam qualquer sombra de dúvida que sonhar é preciso, sim.

 

O maior “empinador” de pipa do mundo


Com essa pipa, de 480 m², KenYamazatu conquistou o recorde pan-americano

O engenheiro mecânico Ken Yamazatu sempre gostou de objetos voadores. Entretanto, os pipas – ou papagaios – são sua paixão especial. Durante 50 anos de pesquisa em papagaios, Ken estudou arquitetura, simetria, medidas, projetos, materiais, ângulo de vôo, formação de ventos, história, metereologia, e tantos outros assuntos que a maioria das pessoas nem relaciona com o simples ato de empinar pipa.

Mas para Ken, os papagaios estão longe de ser mera brincadeira. Por causa de seu esforço e dedicação, em 1993 ele foi registrado oficialmente pelo CREA (Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura) como o primeiro “engenheiro de papagaio”.

O sonho de entrar para o Guiness como o empinador do maior pipa do mundo não é o fim, mas um meio para atingir um grande objetivo em sua vida: “quero contribuir para melhorar o mundo através da educação”, afirma. Isso porque, entrando para o livro dos recordes, Ken acredita ser possível divulgar seu “Projeto Paradidático Multidisciplinar Utilizando Papagaios”. Trata-se de um método desenvolvido por ele, segundo o qual o pipa é utilizado como instrumento pedagógico que serve de eixo principal para integrar as mais diversas disciplinas como história, matemática, física e biologia, por exemplo. “Meu objetivo é tornar o estudo em algo prazeroso. Quero que os estudantes adquiram conhecimentos sem se dar conta de que estão aprendendo”, argumenta Ken.

Entretanto, para conseguir entrar para o Guiness, o engenheiro vai precisar suar a camisa. O recorde mundial pertence ao neozelandês Peter Lynn que, em 1997 empinou um pipa de 640 m². Para superar essa marca, Ken está preparando um papagaio de 700 m2 (o equivalente a uma garagem retangular com 118 carros populares). O “monstro voador”, feito basicamente de saco de lixo, durex, barbante e palito de dente, deve decolar somente no ano que vem. Para ser legitimado o recorde, é preciso que o pipa permaneça pelo menos dois minutos no ar.

Embora seu objetivo seja a divulgação de seu método pedagógico, Ken deixa escapar a satisfação pessoal de estar no Guiness. “Estar numa posição honrosa seria muito gratificante porque representaria o reconhecimento de tanto esforço”, diz o sonhador, sempre com o pé no chão e a cabeça lá no céu, imaginado seus papagaios voando...

 

Um desconhecido na ABL


Paulo Hirano tem 30 livros, de poemas a pensamentos

Até os 40 anos, Paulo Hirano não tinha diploma universitário. Trabalhava como sub-oficial no Exército e, nas horas vagas, refugiava-se nas letras. “Escrevia por uma necessidade muito grande de extravasar os pensamentos que chegavam à minha mente e tiravam minha paz. Quando escrevo, fico tranqüilo e livro-me das tempestades de idéias”, explica o escritor. Hoje, esse nikkei de 67 anos possui um extenso e diversificado acervo. São cerca de 30 obras, com livros que vão de poemas e contos a “pensamentos esparsos”, como ele mesmo define.

Se Hirano não é (re) conhecido pelos seus textos, o seu esforço merece especial atenção. Após deixar a escola na 3a série do ensino fundamental – depois de sucessivas reprovações – foi trabalhar no Exército. Aos 34 anos voltou a estudar e, aos 40, formava-se em Comunicação Social pela PUC-PR.

Hoje, como escritor, Hirano sonha em fazer companhia ao ídolo Carlos Heitor Cony na Academia Brasileira de Letras. “A minha intenção de me tornar membro da ABL aconteceu quando resolvi glorificar o meu Criador através da escrita. É o desejo de ser reconhecido como escritor”, filosofa Paulo. Para conseguir seu intento – ao todo foram três tentativas de ingresso – Hirano não poupa esforços. Antes, tentava persuadir os membros com agressividade e sentimentalismo (ele já chegou a mandar uma mensagem para a casa de cada membro da academia enumerando seus atributos). Mas hoje, “mais maduro”, apenas faz suas inscrições e espera o resultado.

Hirano já disputou as vagas que foram de Roberto Campos, Evandro Lins e Silva e Geraldo França de Lima. O nikkei, no entanto, perdeu os postos para Paulo Coelho, Ana Maria Machado e Moacyr Scliar, respectivamente. Desiludido com a qualidade da literatura brasileira, Hirano acredita que suas obras venham a melhorar esse cenário. Quanto ao fato de (ainda) não estar na ABL, o escritor, perseverante, dispara: “Creio que não fui eleito pelo simples fato de não ter chegado minha hora. Mas todo aquele que luta com fé e obstinação um dia chega lá”. Enquanto espera pacientemente sua grande hora como escritor, Hirano vai sonhando com algo ainda mais exótico: ser convidado pela Nasa para fazer parte de uma sonda especial para Marte. Bem, mas essa é outra história...

 

Guiness não era sonho, mas acabou acontecendo


Ryoki Inoue escreveu um livro inteiro em seis horas

Ele é médico, já foi professor no Hospital das Clínicas, mas gosta mesmo é de escrever. E muito. E muito rápido. Desde 1993, Ryoki Inoue está no Guiness Book como a pessoa que mais escreveu livros no mundo. Na época, eram 971 obras. Hoje, esse número saltou para 1070. O segredo de tamanha produtividade? “Inspiração no dia-a-dia. Sou muito atento e observador”, afirma Inoue.

Quando começou a escrever, em 1986, Ryoki produzia uma média de 60 livros por mês. “Eu tinha que manter esse ritmo porque precisava do dinheiro”, explica. Hoje, mais calmo, dá uma pausa de quatro meses entre uma obra e outra. Em 1996, contudo, Inoue bateu seu recorde pessoal. Após uma aposta com o jornalista Matt Moffet, do Wall Street Journal - que duvidou da velocidade do escritor -, Ryoki escreveu “Seqüestro Fast-food” em seis horas.

Segundo Ryoki, seus livros vendem, em média, 25 mil exemplares. Mas o nikkei já tem inclusive um best-seller: “E agora, presidente?”, seu livro número 1000, que teve uma vendagem de aproximadamente 130 mil unidades.

Para o escritor, estar no livro dos recordes é, sim, motivo de orgulho, mas nunca foi um objetivo. “É bom ver seu nome lá [no Guiness], mas seria melhor ainda se isso fosse traduzido em dinheiro”, desabafa.

 
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