A Cattleya é uma das orquídeas mais comuns
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Não
há quem não fique de boca aberta ao ver uma linda
flor em sua frente. Ainda mais se ela for uma orquídea.
Apreciar e cultivar estas flores viraram rotina na vida de milhares
de orquidófilos - como são chamados os colecionadores
de orquídeas. Sua beleza fez com que a planta virasse objeto
de desejo e valor comercial, inclusive. Não é a
toa que os japoneses são tão apaixonados por esta
planta.
Há
inúmeras controvércias sobre a verdadeira origem
das orquídeas, mas há quem acredite que ela tenha
surgido na Ásia. Existem histórias que dizem
que estas plantas surgiram há mais ou menos quatro mil
anos lá no extremo oriente, na China ou no Japão,
conta um dos diretores da Associação Orquidófila
de São Paulo (AOSP), Denitiro Watanabe.
Mas
ele complementa que também há referências
à flor na obra Enquiry Into Plants (Pesquisas sobre Plantas),
escrita por Teofrasto, um discípulo do filósofo
Aristóteles, há cerca de 300 anos Antes de Cristo,
na Grécia. Isto talvez explique o porquê dos gêneros
e espécies de orquídeas receberem hoje nomes em
latim ou grego clássicos. Essa nomenclatura permite que
os orquidófilos do mundo todo possam conversar sobre a
planta sem causar confusão de espécies.
Os
gregos conheciam as orquídeas como orchis que,
por sua vez, significa testículo. O nome tem
lá suas razões. Eles atribuíam à orquídea
influência sobre a virilidade. Para os gregos, a planta
era semelhante ao testículo masculino e, por isso, acreditavam
que ela fazia bem à esta parte do corpo. No Japão,
o significado não é diferente. Lá, as orquídeas
também simbolizam a beleza feminina, o amor e a sabedoria.
A arte
sumiê, por exemplo, costuma associar a flor à simbologia
dos Quatro Nobres (o bambu, a ameixeira, a orquídea
e o crisântemo). Os mestres acreditavam que cada um desses
elementos possuia um significado diferente mas que, ao se juntarem
todos, aparecia um maravilhoso conjunto de orientações
que compõem a essência que um homem precisa ter para
ser uma pessoa boa e justa, tanto para si como para a sociedade.
A orquídea é considerada, portanto, a mãe
da pintura sumiê.
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Como
cultivar sua orquídea
Vasos: não devem ser grandes nem pequenos. É
importante que as plantas de regiões frias sejam plantadas
em vasos de barro com furos no fundo, para não reter
água. Já as demais, devem ser plantadas em vasos
de plástico que retêm água e umidade
Luz: é essencial. O ideal é manter as plantas
sob uma tela. Assim, elas receberão claridade suficiente
para realizar sua função vital, que é a
fotossíntese. Se as folhas estiverem com cor verde garrafa,
é sinal de que precisam de mais luz. Se estiverem com
uma cor amarelada, estão com excesso de luz.
Ventilação: as orquídeas normalmente
crescem em local bem ventilados
Rega: Se a planta estiver num vaso de xaxim em pó,
ela pode ser regada uma vez por semana. Se estiver plantada
em piaçaba ou casca de madeira, a rega deve ser diária
Pragas e doenças: Falta de arejamento e de iluminação
podem ocasionar o aparecimento de pulgões e cochonilhas
(parecem pó branco) que podem ser eliminados por catação
manual ou com uso de uma escova de dentes molhada com caldo
de fumo.
Plantar e replantar: só devem ser feitos quando a
planta estiver emitindo raízes novas, o que se percebe
pelas pontinhas verdes nas extremidades das raízes, não
importando a época do ano.
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Orquídea
como terapia
A Associação
Orquidófila de São Paulo - que reúne hoje
mais de 50 associados - surgiu em 1967, fundada por imigrantes
japoneses. Foi Futao Inoue o primeiro presidente da AOSP e quem
deu início às suas atividades. Até hoje a
AOSP segue sua tradição e é dirigida por
nikkeis. Lúcia Midori Morimoto é atualmente a presidente
da instituição. Cultivar orquídeas
é uma coisa gostosa, que relaxa, diz.
Existem
atualmente mais de 1.800 gêneros de orquídeas espalhados
pelo mundo. Cada gênero possui uma centena de espécies
e calcula-se que hoje existam cerca de 35 mil espécies
de todos os tamanhos, formas e cores, segundo Watanabe. Com
certeza devem existir mais, pois hoje com o hibridismo (cruzamento
de duas espécies) devem ter surgido outras que não
temos conhecimento, explica. Hoje existem registrados
cerca de 120 mil orquídeas híbridas, complementa.
Os
aficionados pelas flores garantem que o cultivo de orquídeas
funciona como uma terapia. Além de servir como uma distração,
elas dinamizam os diálogos na família e anemizam
o estresse diário. Os apaixonados chegam, inclusive, a
fazer das orquídeas um grande negócio e até
chegam a gastar uma boa grana com algumas mudas.
Só
para se ter uma idéia, há espécies que chegam
a custar até R$ 3 mil. No Japão, há espécies
que chegam a custar até US$ 30 mil. De acordo com Watanabe,
o custo de uma orquídea irá depender muito de suas
pétalas. Para ser considerada uma orquídea
cara, é preciso prestar atenção nas pétalas
das flores. As pétalas não podem estar dobradas.
Precisam ser todas lisas e com formato arredondado, sem espaçamento
entre uma pétala e outra, explica.
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Cultivo
fácil
A Sophronitis arizona é uma espécie nativa do Brasil
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Para
Lúcia, as orquídeas são plantas fáceis
de serem cultivadas. O cultivo das orquídeas irá
depender muito do habitat natural delas. Muitas só irão
para frente se estiverem num local que se aproxime bastante de
seu habitat natural, conta.
Ela
explica que há orquídeas que nascem na terra (terrestres)
- como a Oncindium phymatochilum e a Sophronitis arizona, uma
espécie nativa do Brasil -, nos troncos das árvores
(epífitas) - como a Renanthera coccinea - ou nas rochas
(rupículas) - como a Laelia flava. Algumas são originárias
de regiões frias que necessitam de menos água para
sobreviver - como é o caso das Miltônias e do Cymbidium
- e outras originárias de regiões mais quentes que
precisam ser regadas com mais freqüência - como as
Cattleyas. Aqui no Brasil, mais especificamente em São
Paulo, muitas orquídeas se adaptam às variações
climáticas, afirma Lúcia. Porém, estas
variações acabam modificando o período de
floração das plantas. Em alguns casos, a floração
chega a ser antecipada ou adiantada, dependendo da espécie,
diz.
De
acordo com a espécie, a floração pode variar
de 1 a 60 dias. Na média, uma orquídea chega a florir
uma vez ao ano, mas há diversos fatores que podem influenciar
no surgimento das flores, como o clima, a temperatura e a luminosidade.
Lúcia Morimoto diz ainda que a primeira flor que vem em
mente quando se fala em orquídeas é a Cattleya.
Porém, não é a mais procurada pelos orquidófilos.
Os colecionadores gostam mesmo é de flores diferentes,
que não sejam tão comuns, revela.
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