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Arquivo Edição 234 - 26 de novembro a 2 de dezembro de 2003 - Especial - Portal NippoBrasil

Orquídeas: Paixão dos japoneses

No Japão, megaexposições atraem centenas de pessoas para apreciar a beleza dessas flores. Aqui, os imigrantes fundaram até uma associação de colecionadores


A Cattleya é uma das orquídeas mais comuns

Não há quem não fique de boca aberta ao ver uma linda flor em sua frente. Ainda mais se ela for uma orquídea. Apreciar e cultivar estas flores viraram rotina na vida de milhares de orquidófilos - como são chamados os colecionadores de orquídeas. Sua beleza fez com que a planta virasse objeto de desejo e valor comercial, inclusive. Não é a toa que os japoneses são tão apaixonados por esta planta.

Há inúmeras controvércias sobre a verdadeira origem das orquídeas, mas há quem acredite que ela tenha surgido na Ásia. “Existem histórias que dizem que estas plantas surgiram há mais ou menos quatro mil anos lá no extremo oriente, na China ou no Japão”, conta um dos diretores da Associação Orquidófila de São Paulo (AOSP), Denitiro Watanabe.

Mas ele complementa que também há referências à flor na obra Enquiry Into Plants (Pesquisas sobre Plantas), escrita por Teofrasto, um discípulo do filósofo Aristóteles, há cerca de 300 anos Antes de Cristo, na Grécia. Isto talvez explique o porquê dos gêneros e espécies de orquídeas receberem hoje nomes em latim ou grego clássicos. Essa nomenclatura permite que os orquidófilos do mundo todo possam conversar sobre a planta sem causar confusão de espécies.

Os gregos conheciam as orquídeas como “orchis” que, por sua vez, significa “testículo”. O nome tem lá suas razões. Eles atribuíam à orquídea influência sobre a virilidade. Para os gregos, a planta era semelhante ao testículo masculino e, por isso, acreditavam que ela fazia bem à esta parte do corpo. No Japão, o significado não é diferente. Lá, as orquídeas também simbolizam a beleza feminina, o amor e a sabedoria.

A arte sumiê, por exemplo, costuma associar a flor à simbologia dos “Quatro Nobres” (o bambu, a ameixeira, a orquídea e o crisântemo). Os mestres acreditavam que cada um desses elementos possuia um significado diferente mas que, ao se juntarem todos, aparecia um maravilhoso conjunto de orientações que compõem a essência que um homem precisa ter para ser uma pessoa boa e justa, tanto para si como para a sociedade. A orquídea é considerada, portanto, a mãe da pintura sumiê.


A Mariotiana é híbrida, ou seja, surgiu do cruzamento de duas outras espécies

 

Como cultivar sua orquídea

• Vasos: não devem ser grandes nem pequenos. É importante que as plantas de regiões frias sejam plantadas em vasos de barro com furos no fundo, para não reter água. Já as demais, devem ser plantadas em vasos de plástico que retêm água e umidade

• Luz: é essencial. O ideal é manter as plantas sob uma tela. Assim, elas receberão claridade suficiente para realizar sua função vital, que é a fotossíntese. Se as folhas estiverem com cor verde garrafa, é sinal de que precisam de mais luz. Se estiverem com uma cor amarelada, estão com excesso de luz.

• Ventilação: as orquídeas normalmente crescem em local bem ventilados

• Rega: Se a planta estiver num vaso de xaxim em pó, ela pode ser regada uma vez por semana. Se estiver plantada em piaçaba ou casca de madeira, a rega deve ser diária

• Pragas e doenças: Falta de arejamento e de iluminação podem ocasionar o aparecimento de pulgões e cochonilhas (parecem pó branco) que podem ser eliminados por catação manual ou com uso de uma escova de dentes molhada com caldo de fumo.

• Plantar e replantar: só devem ser feitos quando a planta estiver emitindo raízes novas, o que se percebe pelas pontinhas verdes nas extremidades das raízes, não importando a época do ano.


As orquídeas nascem nas rochas, nos troncos das árvores ou na terra como esta Oncindium

 

Orquídea como terapia

A Associação Orquidófila de São Paulo - que reúne hoje mais de 50 associados - surgiu em 1967, fundada por imigrantes japoneses. Foi Futao Inoue o primeiro presidente da AOSP e quem deu início às suas atividades. Até hoje a AOSP segue sua tradição e é dirigida por nikkeis. Lúcia Midori Morimoto é atualmente a presidente da instituição. “Cultivar orquídeas é uma coisa gostosa, que relaxa”, diz.

Existem atualmente mais de 1.800 gêneros de orquídeas espalhados pelo mundo. Cada gênero possui uma centena de espécies e calcula-se que hoje existam cerca de 35 mil espécies de todos os tamanhos, formas e cores, segundo Watanabe. “Com certeza devem existir mais, pois hoje com o hibridismo (cruzamento de duas espécies) devem ter surgido outras que não temos conhecimento”, explica. “Hoje existem registrados cerca de 120 mil orquídeas híbridas”, complementa.

Os aficionados pelas flores garantem que o cultivo de orquídeas funciona como uma terapia. Além de servir como uma distração, elas dinamizam os diálogos na família e anemizam o estresse diário. Os apaixonados chegam, inclusive, a fazer das orquídeas um grande negócio e até chegam a gastar uma boa grana com algumas mudas.

Só para se ter uma idéia, há espécies que chegam a custar até R$ 3 mil. No Japão, há espécies que chegam a custar até US$ 30 mil. De acordo com Watanabe, o custo de uma orquídea irá depender muito de suas pétalas. “Para ser considerada uma orquídea cara, é preciso prestar atenção nas pétalas das flores. As pétalas não podem estar dobradas. Precisam ser todas lisas e com formato arredondado, sem espaçamento entre uma pétala e outra”, explica.

 

Cultivo fácil


A Sophronitis arizona é uma espécie nativa do Brasil

Para Lúcia, as orquídeas são plantas fáceis de serem cultivadas. “O cultivo das orquídeas irá depender muito do habitat natural delas. Muitas só irão para frente se estiverem num local que se aproxime bastante de seu habitat natural”, conta.

Ela explica que há orquídeas que nascem na terra (terrestres) - como a Oncindium phymatochilum e a Sophronitis arizona, uma espécie nativa do Brasil -, nos troncos das árvores (epífitas) - como a Renanthera coccinea - ou nas rochas (rupículas) - como a Laelia flava. Algumas são originárias de regiões frias que necessitam de menos água para sobreviver - como é o caso das Miltônias e do Cymbidium - e outras originárias de regiões mais quentes que precisam ser regadas com mais freqüência - como as Cattleyas. “Aqui no Brasil, mais especificamente em São Paulo, muitas orquídeas se adaptam às variações climáticas”, afirma Lúcia. Porém, estas variações acabam modificando o período de floração das plantas. “Em alguns casos, a floração chega a ser antecipada ou adiantada, dependendo da espécie”, diz.

De acordo com a espécie, a floração pode variar de 1 a 60 dias. Na média, uma orquídea chega a florir uma vez ao ano, mas há diversos fatores que podem influenciar no surgimento das flores, como o clima, a temperatura e a luminosidade. Lúcia Morimoto diz ainda que a primeira flor que vem em mente quando se fala em orquídeas é a Cattleya. Porém, não é a mais procurada pelos orquidófilos. “Os colecionadores gostam mesmo é de flores diferentes, que não sejam tão comuns”, revela.

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