(Por Jorge
Kaoro Yamakami*)
No início
do século passado, o Brasil passou de exportador, quando era o
primeiro e único produtor e exportador de borracha natural, para
grande importador. Hoje, somos um país dependente com uma produção
de 100 mil toneladas e consumidor de 320 mil toneladas de borracha natural/ano.
Em 2020, o
consumo de borracha crescerá mais do que a capacidade de produção
de seringais do mundo. A demanda estimada seria em torno de 9,71 milhões
de toneladas, enquanto a produção estará ao redor
de 7,06 milhões de toneladas. De acordo com a FAO, no Brasil, a
demanda de 2000 até 2004 foi de 15%, de 227 mil toneladas para
260 mil toneladas, enquanto o consumo mundial nesse mesmo período
teve um aumento de 11%.
Os oito países
que importam 70% da borracha produzida no mundo são França,
Alemanha, Espanha, Rússia, EUA, Brasil, China e Japão. O
consumo tem aumentado na taxa de 21% ao ano, enquanto a taxa de implantação
no mundo cresce lentamente ao redor de 3,5%.
A borracha
sintética é extraída do petróleo, que tem
aumentado muito o preço e, com isso, eleva também o preço
da borracha natural. Para atender à demanda brasileira, são
necessários, aproximadamente, 254 mil hectares, com uma produtividade
média em torno de 1,2 toneladas por hectare. Um plantio normal
utiliza o espaçamento de 8 metros entre linhas e 2,50 metros entre
as plantas, totalizando 500 plantas por hectare.
Em Minas Gerais,
basicamente no Cerrado Mineiro, possuímos condições
altamente favoráveis à implantação de seringais,
pois o clima é propício, com um inverno seco, no qual a
doença Mal das Folhas tem o seu desenvolvimento paralisado, ao
contrário do que ocorre na região Norte do Brasil.
Para essa cultura,
os produtores já são tecnificados no cultivo de café
e com propriedades de médias a grandes propriedades, facilidade
da mão-de-obra devido à cafeicultura, terras planas para
a mecanização, solo profundo e pouco exigente em fertilidade.
O custo de implantação de um hectare de seringueira está
em torno de R$ 2,5 mil e o custo de manutenção até
o sexto ano estaria ao redor de R$ 2 mil anuais.
Após
o sexto ano, inicia-se a colheita do látex, que necessita fazer
uma avaliação quando pelo menos 200 plantas apresentarem
perímetro igual ou superior a 45 cm, à altura de 1,30 do
solo e sangra-se até 55 anos. Inicia-se, normalmente, com uma produção
de 300 kg, quando passa a estabilizar a produção máxima
aos 12 anos, quando colhemos ao redor de 3 mil kg por hectare, com o custo
de manutenção em torno de R$ 2,3 mil. A receita líquida,
no ano passado, na fazenda da Copermonte em 12 hectares foi de R$ 73.975
e o custo de produção, após 12 anos, foi de R$ 2.233,24
por hectare, com uma produção de 3049 kg e um preço
médio de venda durante o ano inteiro de R$ 2,90 por quilo de borracha
seca.
A mão-de-obra
do sangrador necessita ser toda especializada e cada homem sangra até
quatro hectares, com um salário médio de registro em carteira
de R$ 1 mil, somando-se a comissão de 5% de acordo com a produção
e a qualidade da sangria. A receita líquida para o produtor seria
ao redor de R$ 6.164,59 já descontada a comissão. Hoje,
para viabilizar a sua implantação, estamos tentando plantar
a seringueira na área de Reserva Legal, pois os plantios caracterizam-se
por:
a)
permitir plantio direto nas covas, sem revolvimento do solo, evitando
a redução do estoque de carbono do solo;
b) permitir
a manutenção da vegetação natural e também
a preservação da matéria orgânica entre as
linhas de plantio;
c) permitir
o consórcio com culturas anuais, semiperenes e perenes, reduzindo
o custo de produção;
d)
produzir durante dez meses reduzindo a mão-de-obra sazonal, propiciando
a geração de empregos e a fixação do homem
no campo;
e) dar
condições financeiras e diversificação para
o produtor rural que, hoje, só tem o café como fonte de
renda;
f) proporcionar
o estoque o carbono atmosférico em quantidades equivalentes ao
de uma floresta natural comprovada por Rahaman e Sivakumaram (1998)
que uma seringueira de 30 anos seqüestra 135 toneladas de carbono
por hectare ano.
O manejo da
seringueira no cerrado é mais fácil do que conduzir uma
lavoura de soja com 50 hectares, pois só necessita ensinar os sangradores
quando iniciar a sangria. Com todas essas vantagens, só resta fazer-nos
uma visita para o início de uma nova empreitada e, aí, é
só programar quanto se quer ganhar por mês e escalonar o
plantio.
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