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A situação atual dos agricultores nikkeis no Brasil

Por Isidoro Yamanaka*

Ao ensejo das comemorações do centenário da imigração japonesa no Brasil, a sociedade brasileira reconheceu a grande contribuição dos imigrantes japoneses para o desenvolvimento do setor agrícola do país.

Atualmente os nikkeis que se dedicam à agricultura são poucos, e nitidamente identificados em dois segmentos: pequenos e grandes proprietários. Os primeiros tornaram-se sucessores de seus pais que conseguiram comprar terras e encaminhar seus filhos para educação superior. Os segundos dedicaram-se à produção em larga escala de cereais nos cerrados do centro oeste e nordeste do país.

A grande maioria dos pequenos agricultores nikkeis, principalmente no estado de São Paulo, se dedica à fruticultura em pequena e média escala, sem perspectivas promissoras que permitam acesso a agregação de valor de seus produtos, mas adotando tecnologias de alto grau. Entretanto, a renda que desfrutam de suas atividades não mais os satisfazem.

Por outro lado, no estado de São Paulo, existem proprietários de terras nikkeis que herdaram terras de seus pais e que não sabem o que fazer com elas. Nem conseguem vendê-las, por afeição, pois através delas os seus pais os educaram e os tornaram profissionais graduados dentro da sociedade brasileira.

Uma solução para este caso seria o plantio de eucalipto.

A lavoura que em São Paulo apresenta melhor rentabilidade atualmente é a de eucalipto para produção de celulose: maior que a renda proporcionada pelo plantio de soja ou engorda de bois.

As toras de eucalipto que são cortadas após seis anos de plantio, são entregues para as grandes empresas produtoras de celulose de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Essas empresas promovem intensamente o seu plantio através de dois mecanismos de parceria. No primeiro, os proprietários não precisam se preocupar com suas lavouras: recebem recursos antecipados, com que pagam aos empreiteiros os custos dos plantios, condução e cortes, e têm garantido um preço para o produto final. No outro, sem empreiteiras, os proprietários conduzem a administração de suas lavouras, também com recursos antecipados das empresas, que no final asseguram a compra dos produtos por preços pré-determinados.

Atualmente os parâmetros em execução são de R$ 4.500,00 de custo de plantio e condução, e receita bruta de R$ 15.000,00 por hectare, dependendo da sua produtividade, em área mínima de 10 hectares.

Trata-se de rentabilidade muito atraente e muito interessante tanto para nikkeis proprietários não agricultores, como para os proprietários fruticultores de todo o estado de São Paulo, que, segundo dados do Instituto de Economia Agrícola de São Paulo, são detentores, em média, de 52 hectares nos municípios paulistas.

Com o desaparecimento das cooperativas representativas nikkeis no Brasil, acha-se em discussão como encaminhar a solução para eles. Alguns defendem a constituição de cooperativas específicas e outros o encaminhamento através da liderança dos sindicatos patronais de agricultores, onde muitos nikkeis participam, principalmente, no cinturão verde da capital paulista.

Trata-se de um assunto relevante da coletividade nikkei que carece de instituições que possam coordenar iniciativas como essas.

Tomo a liberdade de solicitar a todos e aos amigos sugestões criativas sobre esta questão.




*Isidoro Yamanaka, engenheiro agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura " Luiz de Queiroz", da Universidade de São Paulo. Foi Assessor Especial do Ministro da Agricultura e da Fazenda em Brasília. Hoje é consultor da Episilon Consultoria Econômica. E-mail: Isidoroyamanaka@gmail.com
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