Por Kunio Nagai*
Em dezembro
de 2006, com a colaboração do Instituto de Pesquisa Tecnológica
e Desenvolvimento Agrícola (IPTDA) da Jatak, foi realizada uma
reunião na Colônia Celso Ramos, no município de Frei
Rogério (SC), com os produtores da União Regional dos Produtores
de Fruta (Unifruta). No encontro, foram abordados os assuntos sobre os
problemas da agricultura, suas causas e soluções.
Os produtores
estavam enfrentando vários problemas, lutando contra pragas e doenças,
sem conseguir boas colheitas e acumulando sérios prejuízos.
Eles não faziam análises de solo e aplicavam os adubos concentrados
sem nenhum critério técnico, totalmente desequilibrados,
em quantidades exageradas.
Na lavoura
de alho, principal atividade, não se conseguia controlar as doenças
bacterianas, nematóides, com produtividade e qualidade baixas,
utilizando-se elevadas quantidades de adubo químico concentrado,
herbicidas e defensivos altamente tóxicos e caros. Na fruticultura,
enfrentavam sérios problemas de pragas e doenças, como a
escaldadura da ameixa, sem solução no sistema convencional,
além da baixa produtividade e qualidade dos frutos.
O primeiro
passo foi a análise de solo. Cerca de dez produtores coordenados
pela Unifruta decidiram retirar as amostras de solo e providenciaram as
análises químicas com macro e microelementos e enviaram-nas
para a Jatak. Com base nas análises, foram feitos os cálculos
e a recomendação de adubação organo-mineral
e encaminhados aos produtores, tendo sido realizada uma nova reunião
em abril de 2007. Na ocasião, fizemos os esclarecimentos técnicos
e uma demonstração prática do preparo do adubo orgânico
bokashi, inoculado com microrganismos benéficos.
A adubação
química foi reduzida, ajustada ao resultado da análise de
solo, que mostrava teores elevados de fósforo e potássio
(conseqüência da adubação exagerada e desequilibrada)
e baixos teores de enxofre, ferro e boro. Foram calculados os teores adequados
de macro e microelementos e preparadas pela própria firma que forneceu
os fertilizantes, facilitando sobremaneira a operação de
mistura dos elementos.
O preparo do
adubo orgânico bokashi foi realizado na propriedade de um dos associados,
o que facilitou muito aos demais produtores, além da diminuição
dos custos pela compra unificada dos ingredientes. O carvão foi
fornecido por uma indústria da região gratuitamente, por
ser resíduo, onerando somente com as despesas de frete. O produtor
Hirotaka Onaka montou um forno de carvão para produção
de carvão e extrato pirolenhoso e, com este, produziu o bioestimulante
com aminoácido de peixe.
O plantio do
alho foi realizado nos meses de julho e agosto e a colheita em novembro
e dezembro. O resultado em geral foi satisfatório, tendo ocorrido
uma conseqüência surpreendente na propriedade de Onaka, que,
no ano anterior, já havia utilizado o bokashi, carvão em
pó, mais a adubação química.
Outro fato
importante é que, com esse sistema de cultivo do alho, não
haverá necessidade de se fazer a rotação a cada três
anos, como vem sendo praticado, pois haverá melhoramento do solo
a cada ano, diminuindo a proliferação de pragas e doenças.
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