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Manual de Adubação - Por Kunio Nagai

Insumos naturais

Coleta de inoculante
O inoculante pode ser coletado no próprio sitio, na mata, ou no bambuzal.

Preparo:
Em um cocho de bambu cortado ao meio, coloca-se arroz cozido sem sal, somente com água, de preferência do tipo cateto, ou japonês, que é mais glutinoso.
O cocho de bambu deve ser fechado com a parte superior do bambu, amarrado com arame, elástico ou barbante e colocado no bambuzal, ou na mata, no solo, em meio às folhas secas, caídas. Deve se protegê-lo com uma tela de arame, para evitar o ataque de eventuais animais e, nos dias seguintes, examinar se há presença de bolor branco ou rosa – bolor de cor negra deve ser eliminado. Em período muito seco, convém umedecer as folhas caídas onde será colocado o cocho.
Esse arroz, assim embolorado, é colocado em um balde de 20 litros, onde se acrescenta 2 kg de açúcar mascavo ou melaço ou caldo de cana (5 vezes), obtendo, assim, o inoculante pronto para ser usado, após ser coado para retirar o arroz residual.

Multiplicação do inoculante líquido
Uma vez obtido o inoculante, este poderá ser multiplicado duas a três vezes.

Ingredientes:
• 20 litros de água pura, sem cloro ou qualquer produto químico ou contaminante;
• 2 kg de açúcar mascavo ou melaço, ou 10 litros de caldo de cana;
• 0,5 litro do inoculante.
Coloque os ingredientes em um balde bem limpo e cubra com tela ou pano, para evitar insetos ou sujeiras.
Agite a solução duas a três vezes por dia.
Após três dias, o inoculante estará pronto e deverá apresentar odor de fermentação alcoólica, idêntico ao inoculante original.
Embale o inoculante em vasilhames bem limpos e secos, isentos de produtos químicos ou contaminantes, e armazene-o em local fresco ao abrigo da luz e calor.


Adubo líquido caseiro
(tenkei-jiru = suco abençoado)

De maneira geral, as plantas nativas ou cultivadas desenvolvem-se em harmonia com a natureza, portando, nas superfícies das folhas e nas rizosferas, microrganismos benéficos. Entretanto, em condições adversas, os microrganismos enfraquecem-se e reduzem em número, prejudicando o desenvolvimento normal das plantas. Nessas condições, os adubos líquidos aplicados, nas folhas ou nos solos, irão beneficiar e fortalecer aqueles microrganismos debilitados, fornecendo hormônios, enzimas, sais minerais, vitaminas e outros ingredientes nutritivos e estimulantes.

Preparo:
O adubo líquido caseiro pode ser preparado na própria fazenda, com ingredientes disponíveis na região.

Ingredientes:
Biomassa vegetal (broto novo de capim, folhas novas e tenras, broto de bambu, artemísia, tiririca, etc., enfim materiais de plantas de crescimento vigoroso; cerca de dois sacos (do tipo usado para cebola/batata) cheios com uma pedra no fundo para servir de peso;
• Tambor de 200 litros;
• Água pura;
• 5 kg de farelo de arroz;
• 2 kg de açúcar mascavo, ou melaço, ou caldo de cana (5 vezes mais);
• 1 l de inoculante.

Preparo:
Coloca-se uma travessa de madeira (bastão) sobre o tambor e penduram-se os dois sacos de náilon telado, cheios de biomassa triturada. Colocados todos os ingredientes, agite o líquido com uma pá de madeira duas vezes ao dia, para forçar a aeração e facilitar a fermentação.

Estado final do líquido
Apresenta-se transparente no início. Depois de 2 a 3 dias, completa a fermentação, o líquido assume a cor verde-amarelada e emana cheiro agradável de fermentação alcoólica.
Pode-se também adaptar uma bombinha de oxigenação de aquário, introduzindo o tubo no tambor. Nesse caso, acelera-se a fermentação e ela se completa em um ou dois dias.
O líquido resultante deve ser coado para a sua utilização, a fim de evitar o entupimento do pulverizador.

Aplicação
A calda verde amarelada, produto da fermentação, poderá ser utilizada com diluição de 5% a 10% (5 a 10 litros em 100 litros de água) para pulverização foliar, e 10 a 20 litros em 100 litros de água para aplicação em solo.


*É engenheiro agrônomo formado pela Esalq-USP e diretor do Departamento de Treinamento da Jatak
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