José
Zeferino Pedroso*
É corrente
a confusão existente entre política agrícola e crédito
rural. O segundo é um instrumento de política agrícola
indispensável para os produtores em sua maioria descapitalizados,
mas não se constitui em solução para o problema da
remuneração dos produtores rurais. O produtor rural brasileiro
necessita de uma ampla e coerente política agrícola oficial
que lhe dê garantias de renda e retorno econômico.
Nos últimos
anos, o governo federal tem diminuído a participação
nos financiamentos de custeio das safras brasileiras com recursos do Tesouro
Nacional, fazendo com que os produtores sejam compelidos a buscar aportes
financeiros no mercado, pagando juros e outros encargos incompatíveis
com a atividade agropecuária. O governo financia apenas 25% a 30%;
o restante, os produtores buscam no mercado. É vital destinar maior
volume de recursos para o programa de crédito rural. A inadimplência
que assola a agricultura resulta da falta de renda para honrar compromissos
com os agentes financiadores.
Parte dos problemas
que herdamos resulta dessa política agrícola fundamentada
na política de crédito rural e não na política
de renda. Essa situação é agravada pelo total descumprimento
da legislação dos preços mínimos ao produtor.
A excessiva valorização do real em relação
ao dólar e outras moedas, prejudicou economicamente o setor primário,
achatando os preços internos.
O Brasil tem,
hoje, uma moeda forte e uma agricultura fraca e pouco competitiva, situação
que afeta preços internos e a renda agrícola. É insuportável
a carga de tributos sobre a produção e comercialização
agrícola. O Pis/Pasep/Cofins e outros tributos indiretos sobre
insumos, comercialização e logística de transporte
são incompatíveis com o tratamento dispensado aos produtores
concorrentes em seus respectivos países.
O custo do
crédito agrícola é elevado em relação
ao retorno econômico que a agricultura apresenta. Com o elevado
grau de endividamento do agricultor perante os agentes públicos
e privados, os encargos da dívida e novos financiamentos anulam
vantagens competitivas.
As crescentes
exigências das normas ambientais e sanitárias, por outro
lado, demandam pagamento de taxas, investimentos e imobilização
de ativos e representam custos que o produtor não consegue repassar
ao produto comercializado. O reduzido investimento nos Serviços
de Defesa Agropecuária compromete mercados importantes para os
produtos primários brasileiros.
Entre as medidas
que se fazem necessárias, nesse momento, podemos destacar a desvalorização
cambial para equilibrar a situação econômica da agricultura
brasileira; a garantia da aplicação da política de
preço mínimo imperativa para que os preços pagos
ao produtor sejam, nas situações mais desfavoráveis,
iguais ao preço mínimo; a redução da carga
tributária, eliminando tributos diretos e indiretos; e maiores
investimentos na melhoria da infra-estrutura de logística para
o escoamento das safras. Na mesma linha, o setor reivindica a simplificação
na importação de insumos genéricos, maior oferta
de recursos equalizados de crédito rural, implantação
efetiva do seguro rural e renda com alocação de recursos
suficientes para a subvenção do prêmio e criação
do Fundo de Catástrofe e, ainda, a recuperação das
rodovias federais.
Para dinamizar
o agronegócio recomenda-se implantar o drawback agropecuário
para todos os produtos destinados à exportação, mesmo
para produtores pessoas físicas que realizam operações
com tradings e cooperativas, mediante a importação de fertilizantes,
agroquímicos, máquinas e implementos utilizados na produção
agropecuária; estimular o emprego da avançada biotecnologia
agrícola, pesqueira e pecuária, aumentar o volume de recursos
de EGF para melhorar o capital de giro dos produtores e a retenção
dos estoques, refletindo na melhoria dos preços. E, finalmente,
renegociar as dívidas dos produtores rurais, incluindo as já
alongadas, reduzindo os encargos financeiros.
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