Arnaldo Jardim*
O setor agropecuário
volta a movimentar as cidades do interior, criando empregos e elevando
compras de máquinas e implementos agrícolas, pulverizando
prosperidade nos rincões deste País. A safra que está
sendo plantada será a maior da história, mesmo com a redução
da área plantada. Após três anos sofrendo com embargos
fitossanitários, a pecuária também se recupera e
avança.
Boa parte desse
sucesso deve ser creditada ao nosso "homem do campo", diante
de sua capacidade extraordinária de resistir às intempéries,
fiel a perseverança de tirar da terra a principal riqueza do País
e nela semear a esperança de tempos melhores. A recuperação
dos preços dos principais produtos da nossa pauta agrícola
reflete a demanda internacional aquecida e o avanço dos biocombustíveis.
A safra de
grãos deve atingir 140 milhões de toneladas no próximo
ano. Estimativas da Confederação da Agricultura e Pecuária
(CNA) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da
USP (Cepea) projetaram o PIB do agronegócio em R$ 564,4 bilhões,
resultado 4,5% superior a 2006.
Entretanto,
o momento não é de euforia, trata-se do momento ideal para
corrigir os erros do passado e sedimentar os passos para um futuro promissor.
Nesse contexto, o principal desafio está na formulação
de estratégia, incorporando questões como infra-estrutura
logística, câmbio valorizado, transgênicos e negociações
internacionais.
O 6º Congresso
Brasileiro de Agribusiness abraçou a idéia de combater a
dicotomia no campo, em que agricultura alimentar se contrapõe a
energética, bem como a familiar a empresarial. Como a agenda do
agronegócio é complexa e extensa, a questão de foco
é crucial e a soma de forças faz com que o reclame seja
uníssono.
Para um país
acostumado a conviver com promessas não cumpridas, a constatação
de que os R$ 53,3 bilhões destinados ao setor de infra-estrutura,
previstos no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento),
encontram-se paralisados, presos às amarras da burocracia, não
é uma novidade. O mesmo ocorre com a CIDE (Contribuição
de Intervenção de Domínio Econômico), criada
em 2001. Dos R$ 43,3 bilhões arrecadados até agora, apenas
R$ 17 bilhões foram investidos no setor de transportes e outros
R$ 9,6 bilhões encontram-se parados, inchando o superávit
primário do governo.
Apesar da retórica
de livre mercado, países desenvolvidos continuam a proteger e subsidiar
seus produtores, passando por cima de regras impostas pela própria
Organização Mundial do Comércio (OMC). Em 95, quando
foi assinado o primeiro acordo agrícola da OMC, os subsídios
eram estimados em US$ 305 bilhões. No período mais recente,
de 2003 a 2005, os países ricos investiram US$ 371 bilhões
por ano, ou seja, houve um aumento de 21,6%.
Todos esses
desafios reforçam a convicção de que o agronegócio
precisa se organizar para cobrar as iniciativas prometidas e exigir determinação
dos governantes para defender a "nossa galinha dos ovos de ouro".
O esforço de entidades do setor, como a Abag (Associação
Brasileira de Agribusiness), deve ser saudado e reforçado pela
atuação parlamentar, na qual me incluo, para que o atual
momento de retomada de fôlego possa se concretizar em um real Projeto
Nacional do Agronegócio.
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