História,
Características Técnicas e Fundamentos
Conta-se que há quase quatro séculos e meio, Muso
Gonosuke, um guerreiro japonês adestrado na espada do estilo
Tenshin Katori Shinto Ryu, desafiou um outro espadachim para um
duelo, com a intenção de testar suas próprias
habilidades. Mas foi derrotado por seu oponente que estranhamente
preferia usar o bokuto, uma espada de madeira. Assim, a primeira
e única derrota de Gonosuke foi contra uma das lendas do
panteão marcial japonês, o santo da espada, Miyamoto
Musashi*.
Com
a intenção e a determinação de obter
uma revanche, Gonosuke se retirou do treino formal do kenjutsu
e passou a meditar sobre as causas de sua inferioridade diante
da técnica devastadora da escola Niten Ryu de Musashi.
Após noites e dias em claro, dúvidas e fracassos,
em um momento de devaneio, Gonosuke encontrou a resposta para
seu grande enigma. O problema não era sua inferioridade
técnica, corporal ou estratégica. Ainda que aprendesse
a técnica do oponente, se fortalecesse e criasse novas
táticas, iria fatalmente perder porque não estaria
atuando em seu próprio ambiente. Assim, a resposta ao seu
dilema era simples: precisaria de uma ferramenta diferente.
Esta
arma que idealizou supria as deficiências da espada em questões
de distância de combate e era mais eficiente e rápida
que as alabardas e bastões longos, sem o inconveniente
da lentidão dos movimentos longos e circulares. Essa arma,
na verdade um bastão de madeira pesada mas flexível,
com 1,28m de comprimento e um diâmetro de 2,6cm, passou
a ser chamada de Jo e foi com ela que Gonosuki solicitou novo
duelo. Musashi reconheceu o valor dessa arma recém criada,
cujas técnicas imitavam a espada, simulando o corte e a
perfuração com a batida e a estocada, além
de cobrir todo o perímetro de segurança de seu portador
com um único movimento de varredura igual ao executado
com a lança, a alabarda e o bastão longo. Provavelmente
esta inovação marcial também estimulou Musashi
a lutar com duas espadas no lugar de uma, simulando as duas extremidades
do Jo que atacavam com inumeras e velozes combinações
de golpes.
Notoriamente
uma arma simples, aparentemente discreta e inofensiva semelhante
ao cajado dos monjes, em pouco tempo o Jo devido ao seu menor
comprimento e fácil porte, possibilitou sua utilização
não apenas nas academias de artes marciais tradicionais,
mas também nos batalhões de choque e na polícia
metropolitana japonesa.
Dependendo
da habilidade técnica e maestria do praticante de Jojutsu,
é possível vencer o adversário sem precisar
matá-lo e derramar sangue.
Por
ser praticado em formas de kata, ou sequências de movimentos
pré-estabelecidos, sem o uso de protetores típicos
do kendô, não é raro ocorrer contusões
ou hematomas quando há a menor das distrações,
de um segundo que seja, por parte dos praticantes.
Existem
várias escolas que adotam a prática com o Jo em
seu currículo marcial, sendo o Shindo Muso Ryu, fundada
no século 17, considerada a precusora de outros estilos
ligados ao Jojutsu, a arte do Jo.
No
Japão dois grandes mestres que deixaram inegável
contribuição na expansão e perpetuação
do Jojutsu foram Shimizu sensei e Otofuji sensei.
*Miyamoto
Musashi é o autor de Go Rin No Sho, o livro dos Cinco Elementos,
e teve sua vida romanceada em um best-seller do escritor japonês
Eiji Yoshikawa, ambos traduzidos no Brasil e a venda nas melhores
livrarias.

O
Jojutsu no Brasil
No
Brasil os pioneiros na arte do Jo estão registrados como
sendo membros da família Kishikawa, representados pelos
mestres Jorge, Mika, Yoshiaki, Mitiko e Roberto, que associaram
o treinamento do Jo com outros estilos do kenjutsu antigo, inclusive
o Niten Ryu de Musashi, ao kendô moderno.
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