A Diabetes Mellitus é uma doença de origem multifatorial
que acomete 8% da população brasileira, caracterizada
pelo aumento do açúcar no sangue (glicemia) podendo
comprometer vários órgãos, ocasionando nefropatias,
vasculopatias, neuropatias e, no olho, formação
de catarata e de retinopatia diabética.
Existem
2 tipos de diabetes: Tipo I ou Juvenil (insulino dependente) e
seu aparecimento ocorre antes dos 30 anos de idade; e o Tipo II
ou Adulto (não insulino dependente), que é mais
freqüente e acomete pacientes maiores de 30 anos. Os sintomas
da diabetes são: muita fome e sede; necessidade de urinar
a toda hora; desânimo, fraqueza e cansaço físico;
infecções de pele freqüente; lesões
de difícil cicatrização; perda de peso em
pessoa jovem (tipo I); ganho de peso em idoso (tipo II); e alterações
da visão: num dia enxerga-se bem e no outro mal.
A retinopatia
diabética (conhecida como lesões oculares retinianas)
é decorrente da alteração na parede dos pequenos
vasos sangüíneos (conhecido como capilares) que nutrem
a retina. Com a evolução da diabete, os pequenos
vasos começam a enfraquecer e deixam vazar sangue, inundando
a retina adjacente. Quando obliterados os vasos não podem
levar sangue à retina e o corpo reage formando pequenos
novos vasos (neovascularização), que são
malformados e crescem desordenadamente, tendendo à contração
ou sangramento, produzindo hemorragias no vítreo (gel que
preenche o olho) e trações sobre a retina que pode
levar ao descolamento. O comprometimento ocular é questão
de tempo. Para o diabetes Tipo I cerca de 70% dos pacientes desenvolverão
alterações após 10 anos da diabetes e 90%
após 30 anos. Para o diabetes Tipo II, 10% apresentam alterações
na data do diagnóstico da diabetes (lembrar que nem sempre
o diagnóstico corresponde ao início da doença)
e em torno de 60% após 15 anos da diabete. A associação
da hipertensão arterial, nefropatia, gravidez, fumo e cirurgia
de catarata pode piorar o prognóstico.
A retinopatia
diabética pode ser classificada em: Não proliferativa,
podendo apresentar embaçamento visual ou ver manchas escuras
ou não ter nenhum sintoma visual, caracterizada pela presença
de microaneurismas, hemorragias e edema de retina além
de precipitados lipídicos; e Proliferativa, que pode apresentar
visão embaçada (no início pode não
ter sintoma), caracterizada por neovascularização
na papila (nervo óptico) e ou retina e podendo estar associado
com hemorragia vítrea e ou descolamento de retina tracional,
podendo chegar à cegueira (cerca de 2% dos diabéticos
acabam ficando cegos). O tratamento da retinopatia diabética
é realizado com laser e deve ser acompanhado com o controle
da glicemia. O objetivo do tratamento com laser é prevenir
a perda visual, e a melhor época para o tratamento ocorre
antes que o paciente sinta a redução da visão.
O tratamento
pode ser cirúrgico nas fases tardias da doença (quando
o laser não é mais eficaz no tratamento) através
da vitrectomia, quando há hemorragia persistente e recidivante
no vítreo ou quando há descolamento tracional da
retina central. Recomenda-se aos diabéticos acompanhamento
constante com oftalmologista em visitas no mínimo anuais
através do exame periódico de mapeamento de retina
(exame do fundo de olho) com dilatação pupilar,
mesmo que não apresente sintomas visuais. Se existirem
alterações compatíveis com retinopatia diabética,
com ou sem baixa visão, o exame oftalmológico deve
ser realizado em intervalos mais curtos e complementados com retinografia
e angiofluoresceinografia (retinografia com contraste) quando
necessário.
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