(Fotos:
Cristina Izumi Sagara)
O
ser humano é, por natureza, repleto de desejos. Em princípio,
o termo desejo pode causar uma conotação
ruim, entretanto, o que seria do ser humano se não tivesse
desejo de saciar a fome ou a sede? Simplesmente não sobreviveria,
morreria. O que seria da humanidade se não houvesse o desejo
de perpetuar a espécie? Hoje nós não existiríamos.
A questão
a ser refletida está simplesmente no grau do desejo...
Um desejo que se torna excessivo se transforma em ambição
e, conseqüentemente, esta ambição nos leva
a querer muito mais do que realmente necessitamos e inconscientemente
nos deixamos mergulhar em um mundo egocêntrico.
Do
ponto de vista do ensinamento zen, a existência de inúmeros
desejos é inevitável por fazer parte da própria
natureza humana. Entretanto, cabe-nos aprender a ponderar e a
evitar o excesso de quaisquer desejos. Estar zen é
estar vivendo em equilíbrio consigo e com todos os seres
da natureza.
Toda
e qualquer vida está em constante transformação.
Não existe sequer um milésimo de segundo igual a
outro. Assim como nossa vida é regida pela impermanência,
não sabemos o que nos aguarda num momento seguinte ao que
vivemos.
Independente
de nacionalidade, ideologia, crença religiosa, condição
financeira ou escolaridade, o fato é que tudo que tem vida
um dia certamente desfalecerá e esta é uma verdade
da qual não podemos fugir. Entretanto, apesar de sabermos
que um dia vamos morrer, ninguém sabe ao certo quando será
a sua hora e esta é a razão principal pela qual
devemos viver intensamente cada momento de nossas vidas como se
fosse o último.
Pequenas
boas ações valem mais que belas palavras...,
ao colocarmos em prática nossas ações, um
décimo delas que seja, certamente o efeito será
muito maior que apenas a expressão de palavras. A lógica
não move o ser humano, mas a capacidade que o ser humano
tem de se emocionar é que o faz mover seu coração.
Se refletirmos sobre palavra emoção/comoção,
em japonês (
- kandô), veremos que sua formação é
feita com a junção dos ideogramas
sentir e
mover-se.
A felicidade
buscada pelo ser humano na verdade não é uma condição
única, ou seja, um acessório ou uma bagagem que
carregamos no decorrer de nossas vidas e que a cada momento estará
preenchida com uma condição e uma carga diferente,
não é permanente e estará constantemente
passando por transformações.
Nossa
felicidade não deve ter como parâmetro a felicidade
alheia... o parâmetro está dentro de cada um de nós.
O importante é buscar a felicidade dentro de si mesmo;
a felicidade que se busca exteriormente não passa de um
mero acessório que, a qualquer momento, pode se quebrar
ou se perder.
Momentos
da vida em que...
...
contemos as lágrimas na tentativa de resistir à
tristeza.
...
suportamos o sofrimento sem nos queixar.
...
ouvimos em silêncio as críticas sem refutar com
pretextos.
...
contemos a raiva e, com firmeza, suportamos a humilhação.
São
em momentos como esses que nossa visão do mundo se
torna mais profunda e as raízes da Vida crescem, ganham
forças e tornam-se ainda mais profundas.
No
ensinamento zen, diz-se que mais vale ser um bom ouvinte
a um bom orador.... Todos nós sentimos a necessidade
de alguém para conversar e desabafar o que está
no íntimo de nossos corações e, nestes
momentos, termos ou não alguém que possa nos
ouvir faz uma enorme diferença em nossas vidas... Façamos
a diferença na vida de alguém.
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