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História
 
Blueberry japonesa para o Brasil

Oki tenta adaptar ao clima de São Paulo, considerando uma temperatura média de 22ºC

(Reportagem: Cinthia Yumi/NB)

O ano era de 2001, quando o japonês Shinichi Oki, 69, conheceu o blueberry, ou o mirtilo, uma planta com frutos miúdos e azulados. As mudas foram trazidas do Japão para o Brasil pelo agrônomo Goro Hashimoto, já falecido. Oki encantou-se com a planta, cujas frutas têm um sabor adocicado e sutil e as folhas ficam avermelhadas no período de hibernação.

Antes de se dedicar ao blueberry, Oki, que é natural de Hiroshima e chegou ao Brasil em 1961, tinha se dedicado ao cultivo de outras frutas, como pêssego e morango, na região de Atibaia, interior de São Paulo. Buscando informações sobre a nova fruta, em literatura japonesa e durante viagens que fez aos Estados Unidos, Canadá e Argentina, ele logo descobriu que a planta também tem sua versão brasileira.

Segundo um documento do Centro de Pesquisa de História Natural do Japão, no Brasil, existe o Gaylussacia brasilensis, em altitudes superiores a mil metros. “Foi aí que prestei mais atenção na fruta. Se existe a variação do blueberry originário do Brasil, com certeza, a planta japonesa irá se adaptar bem por aqui”, avalia.

O cultivo da fruta, no entanto, não é fácil, já que se trata de uma espécie de clima temperado. Originário dos Estados Unidos e amplamente cultivado naquele país, no Canadá e na Europa, o blueberry divide-se, basicamente em dois tipos: Rabbiteye e Highbush. As cultivares do primeiro grupo adaptam-se em regiões de pouco frio (cerca de 300 horas de frio por ano); e as do segundo, em regiões mais frias, que, geralmente, coincidem com as de maior altitude.

É o exemplar do primeiro grupo que Oki tenta adaptar ao clima de São Paulo, considerando uma temperatura média de 22º C. De maneira geral, a planta precisa de 300 a mil horas de temperatura abaixo dos 7,2º C, muita água e solo ácido. “Hoje, tenho cinco variedades, quatro do Japão. Meu objetivo é encontrar uma variedade que se adapte bem ao clima daqui e cujo fruto tenha um tamanho maior e seja mais doce. Isso ainda demora mais uns dois anos.”

Quando Oki conseguir essa combinação, começará a vender mudas para produtores. Por enquanto, já vende mudas que são cultivadas em um sítio em Minas Gerais, mas apenas para uso doméstico. “Os produtores são mais exigentes e querem ganhar dinheiro. Por isso, tenho que ter mudas de qualidade superior às já existentes e em quantidade suficiente para atender à demanda”, diz.

Por enquanto, ele tem disponível cerca de mil mudas para venda. Cada uma custa R$ 20 e tem cerca de 20 cm de altura. Com as vendas, pretende investir em mais pesquisa.

Oki acredita que a produção do blueberry seja promissora no Brasil. Segundo ele, os frutos podem ser colhidos a partir do terceiro ano de idade da planta e um pé produz entre 150 g a 400 g de frutos.

 
Cinco dicas para o cultivo

1- O blueberry deve ser plantado em musgo, em vaso não muito fundo.

2- A planta deve receber bastante sol e água. A rega deve ocorrer uma vez a cada dois dias.

3- O material orgânico é bem-vindo para reter a umidade. O material não deve ser misturado ao musgo e sim colocado sobre ele.

4- A adubação deve ser feita a cada dois meses com NPK (nitrogênio, fósforo e potássio) na proporção 4-14-8. Ponha-o sempre nas bordas do vaso, nunca próximo ao caule da planta.

5- Utilize um “inseticida natural” à base de vinagre e açúcar. Para cada 100 ml de vinagre, utilize 20 g de açúcar. Coloque a solução em garrafa com uma abertura para as moscas entrarem.

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