O anúncio
da falência da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC), em junho
de 1994, foi um grande baque. Assim, quando foi anunciada a constituição
da Cooperativa Agrícola de Monte Carmelo (Copermonte), em Minas
Gerais, no dia 5 de julho de 1995, muitos produtores temiam pelo mesmo
fim. Por isso, apenas 22, de um total de 145 cooperados da CAC na época,
resolveram fazer parte do novo grupo ao custo de R$ 2 mil por cabeça.
Outros dois funcionários foram incluídos na lista, passando
o grupo a contar com 24 filiados.
Dos 24 cooperados
da Coopermonte, apenas cinco não eram nikkeis. Toshimitsu Kato
assumiu a presidência, tendo Creuzo Takahashi como vice. Atualmente,
é este último quem comanda a entidade, com Kato na vice-presidência.
O temor da época deu lugar ao sucesso nos dias de hoje. De 24
que caiu para 23 logo após a formalização ,
o número saltou para 175 cooperados ativos no levantamento mais
recente. Entre os funcionários, de 19, em 1995, houve um salto
para 42.
Os nikkeis,
dominantes no grupo pós-quebra da CAC, hoje são minoria.
São, como lembra Takahashi, apenas 26 cooperados. Muitos dos produtores
da época, com o baixo preço do café, o carro-chefe
na região, venderam seus terrenos. Alguns voltaram ao norte do
Paraná, de onde vieram, ou trocaram Minas Gerais pelo Japão
para integrar o movimento dekassegui.
O café,
desde a década de 70, é o produto dominante na região.
Mas médios e grandes produtores também começaram
com seringueira, soja e milho há pouco mais de cinco anos. Os pequenos
agricultores, além dos cafezais, passaram a se dedicar, com apoio
do Banco do Brasil, também à pimenta malagueta e ao piquinho
para complementar a renda. O pinhão-manso e a mamona devem entrar
em escala de cultivo nos próximos anos, para produção
de biodiesel em uma parceria com uma multinacional suíça.
Definitivamente,
os tempos de vacas magras são cenário do passado. No
princípio, tivemos muitas dificuldades de crédito, principalmente
pela desconfiança do mercado de insumos. Com o cumprimento das
obrigações em dia, conseguimos aumentar nosso movimento,
diz Creuzo Takahashi.
A diretoria
da Coopermonte, desde o princípio, tinha como meta crescer no mercado
com o máximo de benefício aos cooperados e a transparência
total nas negociações. Nos últimos três anos,
as mudanças tiveram como impacto mais visível as finanças.
Com mais vendas, mais dinheiro. O movimento passou de R$ 18 milhões
para R$ 40 milhões.
Para complementar
o sucesso, os melhores produtores de café, em qualidade e quantidade,
concorrem a prêmios. A partir deste ano, foi implantado o sistema
de comissões para as vendas e para o recebimento do produto. O
resultado é surpreendente. Aumentamos a venda de insumos em 75%
em relação ao ano passado e aumentamos o recebimento de
café em 56%, diz o presidente.
Para o futuro,
o objetivo da cooperativa é adquirir, em definitivo, alguns bens
da CAC estabelecidos em Monte Carmelo. O sonho, como em 1995, na constituição
da Copermonte, não é impossível. E o projeto ainda
pode virar realidade na gestão de Takahashi, ele próprio
gerente-regional da CAC nos bons tempos daquela que foi a maior cooperativa
da América Latina.
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