Quinze de setembro
de 1955. Depois de quase dois meses de viagem, desembarcava no Porto de
Santos um grupo de 109 entusiasmados e jovens solteiros do Japão.
Não se tratou de um mero grupo de imigrantes. Eles vieram ao Brasil
integrando o movimento batizado na comunidade nipo-brasileira da época
como os jovens de Cotia, ou os Cotia-Seinen.
Esses 109 jovens,
entre 18 e 25 anos, foram capitaneados no Japão após um
trabalho de garimpo feito durante três meses em uma parceria do
Instituto Nacional de Imigração (INIC) e a Zeenkoku Nokyo
Chuokai (Associação Central Agrícola). O objetivo:
vir ao Brasil para trabalhar na agricultura. Alguns dos imigrantes filiados
da Cooperativa Agrícola de Cotia (CAC) tornaram-se responsáveis
pela empregabilidade de muitos desses jovens.
Nesse processo
histórico do Cotia Seinen, Kenkiti Shimomoto, então diretor-gerente
da CAC, teve um papel fundamental. Foi ele, por exemplo, que, na companhia
de Hiroshi Yamanaka, foi ao Japão selecionar os primeiros jovens
nipônicos interessados em trabalhar na agricultura brasileira. Para
trabalhar no País, aliás, a CAC criou para esses jovens
a Seção de Imigração dentro da própria
empresa.
Depois de desembarcar
no Porto de Santos, os jovens integrantes do Cotia-Seinen passavam por
um período de adaptação na Estação
Experimental do Moinho Velho da CAC. Na prática, era um treinamento
intensivo de, algo em torno, de dez dias. Lá estudavam a organização
de uma cooperativa, suas atividades, os costumes brasileiros e conhecimentos
gerais para iniciar uma nova vida. Passado esse período, eles eram
encaminhados às propriedades contratantes.
Em média,
os jovens do Cotia-Seinen ficavam por um período de quatro anos
na propriedade. No princípio, foram encaminhados para sítios
e fazendas nas proximidades de São Paulo. Com o número crescente
de novos alunos, o trabalho acabou expandindo-se para o Paraná,
Minas Gerais e Rio de Janeiro. Depois de quatro anos de contrato, os jovens
do Cotia-Seinen estavam liberados para se tornar produtores autônomos.
Muitos deles, inclusive, hoje, são homens de sucesso nesse setor.
Desde a criação
do projeto Cotia-Seinen, o objetivo dos seus organizadores era justamente
criar agricultores capazes de substituir os imigrantes japoneses da CAC
que desembarcaram no Brasil antes da guerra. Em tese, isso até
que funcionou.
A vinda de
imigrantes japoneses integrando o movimento dos Cotia-Seinen terminou
em 1968, com a vinda dos últimos 11 membros. O número total
foi de 2.058 jovens, mas entre eles havia casados e com famílias
já formadas. Por isso, efetivamente, o número de solteiros
foi de 2.296 pessoas.
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