O kigo deste haicai é samidare, a chuva de verão
que cai ininterruptamente durante o mês de junho (quinto mês
do calendário lunar) no Japão. Existem também os
termos baiu ou tsuyu, com significado parecido, mas que se referem mais
precisamente à época chuvosa, enquanto samidare identifica
a própria chuva.
De manhã à tarde, o céu é cinzento e sem
uma fresta de sol. À noite, apenas um negrume sem estrelas. A chuva
dura vários dias. Eis então que, durante uma breve trégua,
ao olhar os pinheiros do jardim, distingue-se um clarão. É
a lua que aparece entre os galhos, ainda envolta em nuvens, envergonhada,
parecendo uma intrusa.
O ponto forte desse haicai reside na expressão hisoka ni (em
segredo), uma antropoformização (atribuição
de características humanas) da lua, que descreve precisamente o
cenário noturno vivenciado por Ryôta.
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