Sampû foi um rico comerciante de pescados em Edo, antigo nome
de Tóquio. Pertenceu ao círculo dos dez discípulos
mais próximos de Matsuo Bashô. Porém, deixou seu nome
na história não tanto pela qualidade de seus haicais, mas,
principalmente, por ser o doador da famosa cabana, situada em suas terras,
onde o mestre residiu por muitos anos.
Num certo dia, enquanto mastiga algum alimento com mais força,
Sampû descobre, com surpresa, um dente amolecido, que, posteriormente,
acaba por cair. Enquanto isso, o vento outonal, entrando pela porta aberta,
traz um leve calafrio ao corpo, fechando uma atmosfera de melancolia e
abatimento. Escrito aos 44 anos de idade, o haicai retrata bem a súbita
percepção da decadência física e a consciência
inexorável de que a velhice se aproxima. O kigo (termo de estação)
é aki no kaze (vento outonal).
|